sexta-feira, novembro 17, 2006

O Pescador do Bacalhau


A pesca do bacalhau sempre atraiu os homens das regiões costeiras, as migrações com destino aos mais importantes centros bacalhoeiros do país, como Lisboa, Ílhavo e Figueira da Foz eram maciças. Provinham de todas as regiões do país, do Minho ao Algarve.
As campanhas desenrolavam-se de Março a Outubro nas águas geladas do Canadá, os homens enfrentavam condições de extrema dureza. Os densos nevoeiros e as violentas tempestades povoavam os dias.
Os agasalhos que levavam de casa incluíam ceroulas, calcetas, camisolas de flanela, meias, luvas e carapuças de lã. Quando saiam para o mar para a pesca nos dory, vestiam os seus oleados, ou seja, calças largas, casacos e aventais, fabricados em pano cru embebido em óleo de linhaça.
Quando escalavam o bacalhau os pescadores usavam umas botas que cobriam os pés e as pernas até aos joelhos.
Na cabeça usavam o sueste, um chapéu de tecido grosseiro, normalmente pano-cru, impermeabilizado com azeite ou óleo de linhaça. Tem aba de forma irregular descendo a parte mais alongada sobre a nuca.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Traje de Mordoma e Noiva do Minho


No Minho, mordomas são as raparigas encarregadas de recolher fundos para a realização da romaria ao santo padroeiro da sua freguesia. Os trajes das mordomas, geralmente pretos ou azuis-escuros, serviria mais tarde como indumentária da noiva e ainda para com eles serem enterradas. Compunha-se de casaquinha cintada de aba curta muito enfeitada, com pinças na frente e nas costas, adelgaçando a figura. O cumprimento da manga termina acima do punho. A saia apresenta um cós plissado fixo que tem como função acentuar e ajustar a linha da cintura. A roda sai livre e abundante do cós, atingindo um perímetro três vezes superior à medida da cinta. A larga barra de veludo bordado de missangas com um desenho naturalista. O avental de veludo, também franzido, é bordado com missangas, representando no centro a coroa e armas reais ou o escudo português, completando o adorno com «silvas», possui um folho pregueado de seda preta e galão de seda da mesma cor, com aplicação de missangas. Calçavam meias rendadas brancas e chinelas de tela pretas lisas ou bordadas a branco. Na cabeça, um lenço de seda fina de cor viva (como na Meadela) ou de um véu de tule branco (em Santa Marta de Portuzelo). Na mão transportavam vela votiva, enfeitada, que acendiam na procissão, ou palmito feito com folhas de palma. Quando o calor apertava a mordoma substituía a casaca por um colete de trespasse e dizia-se então que "ía em mangas", usando neste caso, camisa de linho muito trabalhada nos ombros e algibeira largamente decorada. Se a família tinha largas posses, a mordoma fazia o seu fato azul para demonstrar que não aproveitava para o casamento.
Esta mulher de saber e de haveres completa a sua imagem com múltiplos adornos de ouro, ostentando com orgulho a sua capacidade económica.
Para casar, a mulher ia sempre de preto, utilizando o seu traje de mordoma ou outro quando possuía posses para tal. Ao traje de mordoma acrescentava um lenço de fina cambraia, cruzado à frente, ou um véu de renda ou de tule bordado a branco, de pontas caídas. Na mão para segurar o ramo usa um lenço de "amor" bordado com motivos florais, vegetalistas e quadras ou frases amorosas, a ponto cruz, ponto cheio, cordão, pé-de-flor, etc.
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Pauliteiros de Miranda


Estamos perante um traje muito peculiar, pois não existe indumentária semelhante em todo o território nacional. Usa camisa de tafetá de algodão branco, decote redondo com cós e gola em bico, aperta com botões de madrepérola. A manga é comprida com punho com casa para botões. Saia rodada de algodão branco, com folhos e rendas. Usa ainda um saiote interior vermelho. O conjunto compõe-se ainda de quatro lenços de seda lavrados de tons policromados protegendo o ventre, os rins e os flancos como se fossem os substitutos de uma túnica fendida.
O colete negro de decote em bico, com cós alto e bandas, aperta com botões de massa preta, bolsos metidos com cós e extremidade decorada com fitas. As costas de tecido de lã, recortado, com encaixe de tecido de algodão, decorados de fitas de seda de diversas cores, formando laços de pontas caídas. Na cabeça traz um chapéu de feltro preto adornado com fitas de seda, flores e penas.
As meias são de tricotadas em lã e os sapatos ou botas, são em carneira de cor natural. Pelas costas trajam um lenço “minhoto” policromado com franjas.
Esta indumentária é sempre acompanhada por dois paus (palotes) que servem no jogo e na dança de carácter guerreira.
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quinta-feira, novembro 02, 2006

As Salineiras do Algarve


O Algarve possui condições naturais óptimas para a produção de sal. Esta actividade tem raízes longínquas e ainda hoje possui grande importância para a economia da região.
Actualmente a produção de sal é quase totalmente mecanizada, no entanto, não podemos esquecer aqueles que trabalhavam arduamente nas salinas.
As salineiras que nos meses de Verão transportavam à cabeça o sal que os homens juntavam nos corredores das salinas.
O carrego do sal à cabeça, em grandes alcofas de esparto, era feito quase sempre em condições penosas de trabalho intensivo.
O sol intenso do Verão, o sal que corroe a pele e ainda os níveis intensos de claridade que caracterizam as salinas, contribuíram para a indumentária característica da salineira.
Do sal que queimava a pele as mulheres defendiam-se usando um lenço em forma rebuço que lhes libertava apenas o olhar, por vezes utilizavam um velho chapéu para aumentar a protecção da cabeça. Embora andassem descalças, protegiam as pernas com perneiras de lã ou tecido espesso. As saias eram forçosamente atadas acima do joelho por um cordel para facilitar a subida dos íngremes declives das salinas. Nas mãos usavam velhas peúgas de lã que faziam as vezes das luvas que não tinham.
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