quinta-feira, agosto 26, 2010

Traje do Forcado

A mais antiga referência à realização de corridas de toiros é do reinado de D. Duarte I, e terão sido realizadas em Évora nos anos de 1431 e 1432. Contudo os monarcas portugueses eram grandes aficionados da Festa Brava, com destaque para D.João IV (1604-1656), D. Pedro II (1648-1706), D. João V (1689-1750) e D. Miguel I (1802-1866).
No reinado de Maria II, em 1836, por decreto régio, passou a ser proibida a morte dos toiros na praça, que era praticada pelos cavaleiros utilizando os rojões (como ainda hoje se pratica em Espanha). Assim, para remate da lide, os monteiros passaram a pegar os toiros.
Os monteiros ou alabardeiros, eram moços que tinham deixado as alabardas – para não ferirem o toiro – estas foram substituídas pelos forcados dos mosquetes e, assim defendiam na arena o acesso à escadaria real, sendo comandados por um cabo. Era, portanto, uma força militarizada.
Consta que em 1656 existiu um grupo constituído após uma selecção feita por alabardeiros da Guarda Real de D. Afonso VI e que pegavam os toiros de caras e de cernelha.Os monteiros e alabardeiros que pegavam toiros, passaram a ser chamados “moços de forcado” e 1837 terá sido o ano do aparecimento formal e regular dos grupos de forcados nas arenas portuguesas.
Foi no Ribatejo e no Alentejo que se constituíram os primeiros grupos de forcados, tendo ficado célebre o Grupo de Riachos que esteve presente nas inaugurações das praças de toiros de Évora e de Lisboa (Campo Pequeno).

El Forcado. Litografia publicada em La Lidia, em 7 de Novembro de 1887

No Alentejo existiram diversos grupos de forcados, sendo conhecido como dos mais antigos um de Évora, constituido em 1915. Também em 1915 foi fundado o Grupo de Forcados Amadores de Santarém, que ainda hoje existe e que teve sempre continuidade ao longo dos anos, sendo actualmente o mais antigo do país.Nos grupos de forcados não se perderam completamente algumas das características militarizadas dos anteriores monteiros ou alabardeiros. Assim, o chefe ou comandante do grupo continua a ter a denominação de “cabo”, ao traje continua a chamar-se “farda” e a “antiguidade dos forcados continua a ser respeitada.


Nas cortesias os forcados dão a direita ao cabo, formam por antiguidade e o último elemento à esquerda é o forcado mais novo.
Contudo, a nomeação de novo cabo, não terá a ver com a antiguidade, mas com o reconhecimento do Grupo pelas qualidades de um dos elementos e aceite pela maioria.O cabo deverá ser o garante dos valores e tradições do forcado amador e, dentro e fora da praça, o responsável por todas as atitudes e comportamento do seu Grupo.
À jaqueta e ao barrete, o forcado tem uma estima especial. São peças da farda de valor e grande estimação.


A jaqueta representa o Grupo de que faz parte e deverá ser entregue ao cabo quando o forcado deixa de pegar.
O barrete é a peça de vestuário mais querida do forcado e é guardado como relíquia e passa para um filho ou neto quando um destes pegar toiros.
Assim o forcado farda-se com jaqueta de ramagens, cujo padrão distingue o grupo, cinta vermelha, camisa branca imaculada e atilhos vermelhos nos punhos, gravata vermelha ou preta (em caso de luto), barrete verde cor da folhagem gola vermelha garrida, calção justinho da cor do trigo os botões prateados, meia branca de renda tal como o campino, sapato de prateleira e atacador amarelo, suspensórios castanhos (podem ser pretos ou vermelhos).

Fontes:
Grupo de Forcados Amadores da Chamusca
O TRAJE REGIONAL PORTUGUÊS E O FOLCLORE de Madalena Braz Teixeira

terça-feira, agosto 24, 2010

“OS XAILES BORDADOS E AS FESTAS POPULARES”

Em Nisa, no Museu do Bordado e do Barro, está patente até 21 de Setembro a exposição “OS XAILES BORDADOS E AS FESTAS POPULARES”.
Com esta mostra pretende-se dar a conhecer os de xailes bordados usados pelas nisenses nas festas dos Santos Populares - Santo António, S. João e São Pedro.
Em tempos recuados, destacavam-se as festas em honra de S. João, ainda hoje relembradas pelos mais velhos como uma noite de folia que durava até de madrugada. Nas festas populares, o xaile bordado a cores variadas e garridas era peça fundamental na indumentária das raparigas, o objectivo era que cada uma delas se destacasse pela sua beleza e encontrasse o seu “príncipe encantado”. Os xailes típicos de Nisa são brancos ou pretos, embora, pudéssemos encontrar xailes azuis, cor-de-rosa, ou vermelhos. São bordados a ponto de cadeia com desenhos que têm uma temática que nos reporta para a flora local, com cores garridas. Em Alpalhão o xaile é bordado à máquina, de cor branca com flores variadas e de cores fortes ou vermelho bordado a branco e amarelo. Em Montalvão surge o xaile de pêlo de cabra, com características muito distintas, tanto pela matéria de que é feito, como pela técnica utilizada na sua concepção. Também em Montalvão, encontramos o xaile de lã bordado a cores várias, mas onde predominam o rosa e o verde.
A exposição no Núcleo Central do Museu do Bordado e do Barro, localizado no Largo das Portas de Montalvão, pode ser visitada de terça-feira a domingo das 10h00 às 12h30 e das 14h30 às 18h00, sendo que a entrada é gratuita.
Já agora, vale a pena visitar o Museu do Bordado e do Barro, não só por esta exposição, mas também pela colecção patente ao público.

Artigo Relacionado: O Carnaval de Alpalhão - Nisa