quarta-feira, março 26, 2014

Chinelas Minhotas



Chinela Minhota Preta - Viana do Castelo

Datação: Séc XX (?)
Matéria: Couro preto, algodão, material sintético
Técnica: Curtimenta, polimento e bordado
Dimensões (cm): altura: salto 4; comprimento: 25;
Descrição: Chinela de lavradeira, para o pé esquerdo, sola ponteada, gaspea preta bordada a ponto lançado com flores policromas, galo, nozinhos boca arredondada, as orelhas morrem junto ao calcanhar. Forro de material sintético. Este tipo de chinela, era usado com os fatos de romaria e festa.

 
Chinela Minhota Vermelha - Viana do Castelo

Datação: Séc XX (?)
Matéria: Lã, couro, algodão vidro e metal
Técnica: Tafetá, curtimenta, bordado, missanga e estampagem de metal
Dimensões (cm): altura: salto 4,8; comprimento: 25;
Descrição: Chinela de lavradeira, para o pé direito, sola em bico, gaspea de tecido vermelho inteiramente bordada com motivos florais policromos, a ponto lançado, galo e bordado de fio laminado metálico dourado enrolado, missangas e lantejoulas prateadas. Salto revestido a tecido também vermelho bordado e com bordado aplicado. No interior, palmilha e forro de pele branca (pelica). Estes chinelos, usavam-se com o fato de romaria e festa. No lado interior, tem escrito o nº 19. O bordado é de muito boa qualidade.

 

Chinela Minhota – Guimarães
 
Datação: 1901 d.C. - 1950 d.C.
Matéria: Couro; lã
Dimensões (cm): largura: 9,8; comprimento: 22,5;
Descrição: chinela em couro preto de biqueira redonda, de sola e tacão em madeira. É pespontada à frente com fio de algodão de tons verde, vermelho e branco em motivos fitomórficos.
Origem / Historial: A peça pertence ao Grupo Folclórico da Corredoura fundado em 1956 na freguesia de S. Torcato, concelho de Guimarães. Sendo um dos mais antigos agrupamentos etnográficos é representativo de um tipicismo local, e teve desde os primeiros momentos a seu cargo um verdadeiro trabalho de pesquisa e recolha de costumes, tradições e peças de vestuário da sua região.

 

Chinela Minhota

Datação: XX d.C.
Matéria: Couro, madeira
Dimensões (cm): largura: 9,0; comprimento: 25,0;
Descrição: Par de chinelas femininas de couro preto, ornadas com bordado, de inspiração vegetalista, formando flores e folhagem, em tons de beje e vermelho. O interior é forrado com uma palmilha branca com orifícios decorativos. O tacão é em madeira.


 
Chinela Minhota - Viana do Castelo / Perre

Datação: XIX d.C. - XX d.C.
Matéria: Cabedal; Metal
Dimensões (cm): altura: 4,5; largura: 9; comprimento: 25;
Descrição: Chinelas (par) com rasto e gáspeas em cabedal. Apresentam uma biqueira aguçada e levemente levantada. O rasto é constituído por salto, enfranque e pata. O salto é baixo e afunilado. O enfranque é levemente espinhado, sendo que não apresenta descontinuidade com a pata. As gáspeas são de crute envernizada a cor preta. Cobrem a parte anterior do pé mas vão diminuindo progressivamente a sua altura, terminado um pouco antes da zona do salto. À frente, ao centro, junto à orla superior das gáspeas, surge uma pequena fivela metálica de tom dourado, ovóide. No interior das chinelas, a face superior do rasto é forrado com cabedal de cor branca.

 
 
Chinela Minhota - Viana do Castelo / Perre

Datação: XIX d.C. - XX d.C.
Matéria: Cabedal; Metal
Dimensões (cm): altura: 4,5; largura: 9; comprimento: 25;
Descrição: Chinelas (par) com rasto e gáspeas em cabedal. Apresentam uma biqueira aguçada e levemente levantada. O rasto é constituído por salto, enfranque e pata. O salto é baixo e afunilado. O enfranque é levemente espinhado, sendo que não apresenta descontinuidade com a pata. As gáspeas são de crute envernizada a cor preta. Cobrem a parte anterior do pé mas vão diminuindo progressivamente a sua altura, terminado um pouco antes da zona do salto. À frente, ao centro, junto à orla superior das gáspeas, surge uma pequena fivela metálica de tom dourado, ovóide. No interior das chinelas, a face superior do rasto é forrado com cabedal de cor branca.

 
Fonte: Trajar do Povo em Portugal

domingo, março 23, 2014

Traje de Saloia - a carapuça - finais sec.XVIII/início sec.XIX

Na região saloia, existiu uma peça da indumentária feminina cuja reminiscência só nos chega através de vários relatos e imagens pictóricas de viajantes portugueses e estrangeiros que debandaram estas bandas, a “carapuça”, pois, ao que tudo indica, não terá subsistido qualquer exemplar até aos nossos dias.

Guilherme Felgueiras descreve a saloia dos finais sec. XVIII/início sec. XIX da seguinte forma:
Entre 1790 e 1826 era ver a saloia pelas ruas de Lisboa vendendo queijos, ovos, galinhas e primores dos hortejos e pomares. Veste saia de seriguilha, pouco rodada e curta, de cor fulva (cor avermelhada/mogno) e barra escarlate, que sofraldava em refegos e arrepenhos para melhor se acomodar nos albardões dos pacientes jumentos que a conduzia até à cidade.

Cingida ao corpo, a modelar-lhe o busto e a soerguer-lhe os seios firmes, a vasquinha, de tons flamantes, púrpura ou alaranjado, com bandas de cetim azul-pavão, toda fechada até ao pescoço; mangas terminando a 2/3 do braço, botões nos punhos e peito.

De inverno usa mantéu de baetão verde, de rebuço e sem pregas, tendo como atavio o debrum carmesim. Calça botas de cano alto, de cabedal escuro, ou de coiro atanado, grosseiro e crespo.

Saloios na Estrada - Alfredo Roque Gameiro

Mas o mais bizarro deste trajo era a “carapuça”. Espécie de gorra alta, afunilada, ligeiramente recurva para diante e adornada na frente com tecido de cor garrida. Era calcada com um lenço branco, por sua vez sobreposto por um outro lenço de cabeça. A saloia aconchegava-o à cara, apertando-o a meio, dobrava-o na diagonal e atava-o graciosamente sob o queixo, em duas laçadas pendentes.


Fonte: Guilherme Felgueiras – Dois originais complementos do trajo saloio oitocentista (A “carapuça” da aldeã e a “cartola” do campesino) – Colóquio  sobre Folclore, Lisboa, 1978.

quarta-feira, março 19, 2014

Traje da Nazaré - Capa

A capa é o principal agasalho do trajo da mulher nazarena, utilizando-a em todos os momentos da vida. Não agasalha apenas o frio, mas também os sentimentos, dando-lhe umas vezes porte altivo e outras a sombra da tristeza.
 

 A capa é preta, de lã, e o seu corte é cuidado.

Calculado o tecido em relação às medidas da mulher, cortados e costurados os panos, obtém-se a amplitude necessária para recortar a capa de forma circular. Ampla, cortada em viés; cabeção (de veludo para as de festa), frentes guarnecidas com bandas voltadas para fora. Cabeção e bandas decoradas com fita de algodão. Por economia de tecido, as pequenas emendas de um e de outro lado da frente são cortadas das sobras do tecido e cosidas pelo avesso a ponto de luva

Normalmente a capa é usada pela cabeça sobre o lenço. Pelos ombros só no trajo de festa, quando a capa é de tecido fino.


Bibliografia: Abílio Leal de Mattos e Silva in “O Trajo da Nazaré”, Editorial Astónia, Lisboa, 1970.

quinta-feira, março 13, 2014

Traje da Nazaré - Chapéu


"Mulher na Praia" de Guilherme Filipe
Museu Dr. Joaquim Manso
O chapéu da nazarena é uma das peças de indumentária popular mais simbólicas e identificáveis.

Chapéu de nazarena
Museu Nacional do Traje
Feito de feltro preto e fita (gorgorão) de seda da mesma cor. O chapéu tem um a forma cilíndrica, aba revirada, decorada, com fita que remata no lado direito com pom-pom de fio de seda preta; ajusta com elástico; remata no interior com tira de pele de cor natural. Forro de tecido de cetim branco.

Para não se acentuar a depressão da copa, a nazarena coloca na cabeça por baixo do chapéu uma rodilha, para fazer altura.

Bibliografia: Abílio Leal de Mattos e Silva in “O Trajo da Nazaré”, Editorial Astónia, Lisboa, 1970.

sexta-feira, março 07, 2014

Divisão Regional da Carta Etnográfica de Portugal

A transposição para um mapa das fronteiras de um povo, nação ou cultura, sempre foi complicado e motivo das mais diversas discórdias e nem sempre com os melhores resultados.
Fazendo aqui um pequeno parêntesis ao propósito deste artigo, não podemos esquecer que os tratados assinados após conflitos entre grandes potências incluíam a divisão de territórios sem a menor preocupação com a identidade local, resultando décadas ou séculos mais tarde em guerras de libertação e regionais.
A divisão etnográfica do mapa de Portugal também não é uma matéria pacífica, já que não é possível estabelecer fronteiras específicas e estanques entre populações de duas áreas geográficas próximas, nem afirmar não existirem influências etnográficas entre essas regiões.

No entanto, esta divisão regional da carta etnográfica de Portugal é essencial para quem pretende estuda etnografia.

De destacar nesta matéria as propostas de divisão geográfica de Amorim Girão, Hermann Lautensach, Orlando Ribeiro e Jorge Dias.
A divisão regional que apresento é a proposta por Tomaz Ribas, que a considerou de carácter definitivo ou científico, mas como um instrumento de trabalho.
É esse o nosso objectivo, deixar aqui um instrumento de trabalho.


Fonte: Tomaz Ribas, in O Trajo Regional em Portugal, DIFEL/INATEL, 2004