quinta-feira, julho 31, 2014

Chapéus de Homem – Alentejo e Algarve

Em 1947 Jorge Dias é convidado para coordenar o sector de Etnografia do Centro de Estudos de Etnologia Peninsular (CEEP), chamando de imediato um conjunto de investigadores da sua confiança para com ele trabalhar nesse Centro – Margot Dias, Fernando Galhano, Ernesto Veiga de Oliveira e Benjamim Pereira. Estes investigadores estariam também na origem e desenvolvimento, alguns anos mais tarde, do projeto do Museu de Etnologia (atualmente Museu Nacional de Etnologia).

Do acervo que o Museu Nacional de Etnologia possui na categoria "Vestuário e Adereços", destacam-se alguns chapéus de homem das regiões do Alentejo e Algarve, recolhidos nos concelhos de Estremoz, Borba, Cuba, Serpa e Loulé.
 
Fig.1
Denominação: Chapéu de Homem (Fig.1)
Datação: XIX d.C. - XX d.C.
Matéria: Feltro (fibra animal); Gorgorão (algodão); Pergamoide; Tecido; Plástico; Papel
Dimensões (cm): altura: 9; largura: 31; diâmetro: 34;

Descrição: Chapéu em feltro de cor preta.
Apresenta uma copa de secção transversal oval, de formato cilíndrico.
A base da copa é adornada com uma fita de gorgorão de algodão de cor preta, cujas pontas se unem, lateralmente, através de três pequenos botões forrados a gorgorão de cor preta, dispostos na diagonal.
As abas são um pouco reviradas para cima.
A sua orla é debruada por uma fina fita de gorgorão.
Interiormente, a zona de passagem das abas para a copa apresenta uma aplicação de pergamoide de cor preta, com a seguinte inscrição a dourado: "ABREU / CUBA". Apresenta também uma etiqueta de cor branca, colada, escrita a esferográfica: "8 a n(?) x / e 7% / 9011".
A copa é forrada a tecido de cor branca.
No topo, o tecido é estampado com um logótipo de cor azul e vermelha que refere: "FÁBRICA DE CHAPÉUS / Globo / SS & DLda / S. JOÃO DA MADEIRA / ABREU / CUBA". Nesta zona, o tecido é plastificado.
Entre o tecido de cor branca e o pergamoide surge uma pequena etiqueta em papel de cor verde com o número "57".
Proveniência: Beja / Cuba

Fig.2

Denominação: Chapéu de Homem (Fig.2)
Datação: XIX d.C. - XX d.C.
Matéria: Feltro (fibra animal); Gorgorão (algodão); Pergamoide
Dimensões (cm): altura: 10; largura: 25; comprimento: 29;

Descrição: Chapéu em feltro de cor preta.
Apresenta uma copa cónica, de topo côncavo.
A passagem da copa para as abas é adornada por uma fita de gorgorão de cor preta que, lateralmente, forma uma laçada.
A orla das abas é também debruada por uma fina fita do mesmo material. Interiormente, a zona de passagem da copa para as abas apresenta uma aplicação, para dentro da copa, de uma fita de pergamoide de cor preta gravada com a seguinte inscrição: "JOAQUIM DA SILVA / FAZENDAS E CHAPÉUS / ALTE".
Proveniência: Recolha atribuída a José Cavaco Vieira, na freguesia de Alte, concelho de Loulé.

Fig.3

Denominação: Chapéu de Homem (Fig.3)
Datação: XIX d.C. - XX d.C.
Matéria: Feltro (fibra animal); Gorgorão (algodão); Pergamoide; Tecido; Plástico
Dimensões (cm): altura: 10; largura: 26; comprimento: 29;

Descrição: Chapéu em feltro de cor preta.
Apresenta uma copa cónica, de topo arredondado.
A passagem da copa para as abas é adornada por uma fita de gorgorão de cor preta que, lateralmente, forma uma laçada.
A orla das abas é ligeiramente revirada para fora. É também debruada por uma fina fita do mesmo material.
Interiormente, a zona de passagem da copa para as abas apresenta uma aplicação, para dentro da copa, de uma fita de pergamoide de cor castanha gravada com a seguinte inscrição: "FRANCISCO MANUEL RAMOS, Jor / SERPA". No lado oposto desta inscrição surge o nome "RITA" escrito a esferográfica.
O interior da copa é forrado a tecido de cor branca. No topo surge a seguinte inscrição: "COMERCIAL / FRANCISCO MANUEL RAMOS, Jor / SERPA", com um logótipo de uma figura feminina caminhando sobre um globo. Nesta zona o tecido é plastificado.
Proveniência: Beja / Serpa
 
Fig.4
Denominação: Chapéu de Homem (Fig.4)
Datação: XIX d.C. - XX d.C.
Matéria: Feltro (fibra animal); Gorgorão (algodão); Pergamoide
 Dimensões (cm): altura: 10; largura: 31; comprimento: 34;

Descrição: Chapéu em feltro de cor preta.
Apresenta uma copa cónica, de topo convexo. A passagem da copa para as abas é adornada por uma fita de gorgorão de cor preta que, lateralmente, forma uma laçada.
As abas são reviradas para cima. A sua orla é também debruada por uma fina fita do mesmo material.
Interiormente, a zona de passagem da copa para as abas apresenta vestígios de uma aplicação de uma fita de pergamoide de cor castanha.
Proveniência: Beja / Serpa


Fig.5
Denominação: Chapéu de Homem (Fig.5)
Datação: XIX d.C. - XX d.C.
Matéria: Feltro (fibra animal); Gorgorão (algodão); Pergamoide
Dimensões (cm): altura: 8; largura: 40; comprimento: 44;

Descrição: Chapéu em feltro de cor preta.
Apresenta uma copa cónica, de topo côncavo. A passagem da copa para as abas é adornada por uma fita de gorgorão de cor preta que, lateralmente, forma uma espécie de laçada.
As abas são reviradas para cima. A sua orla é também debruada por uma fina fita do mesmo material. Interiormente, a zona de passagem da copa para as abas apresenta a aplicação de uma fita de pergamoide de cor castanha.
Proveniência: Évora / Borba


Fig.6
Denominação: Chapéu de Homem (Fig.6)
Datação: XIX d.C. - XX d.C.
Matéria: Feltro (fibra animal); Gorgorão (algodão); Tecido (lã)
Dimensões (cm): altura: 20; diâmetro: 35;

Descrição: Chapéu em forma de calote, em feltro de cor preta.
A meio da altura apresenta a aplicação transversal de uma fita em gorgorão de algodão de cor preta que forma uma laçada lateralmente. Esta fita é também percorrida por uma fita mais fina, elástica, de cor preta. 
A orla do chapéu é também percorrida por uma fina aplicação de gorgorão. Interiormente, o chapéu tem aplicado duas fitas em tecido de lã de tom esverdeado, que caem livremente, e que atam o chapéu à volta do pescoço.
Proveniência: Estremoz / Orada
 
Fontes:
Museu Nacional de Etnologia
www.matriznet.imc-ip.pt
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sexta-feira, julho 25, 2014

Socos Femininos do Algarve


Estes socos fazem parte de um conjunto de objetos que o Museu Nacional de Etnologia possui no seu acervo da região do Algarve, recolhidos, de uma forma geral, a José Cavaco Vieira, na freguesia de Alte, concelho de Loulé.


Par de Socos com rasto em madeira, constituído por salto, enfranque e pata.
O salto é largo, assim como o enfranque, que apresenta uma descontinuidade com a pata.
A parte de cima dos socos é feita separadamente.
A base é de couro de cor castanha. Na zona da palmilha, o couro estende-se um pouco para os lados. É depois virado para fora e pregado, de espaço a espaço, ao rasto.
As gáspeas são em tecido de lã de cor cinzenta, fechado no calcanhar. Apresentam um quadriculado de cor branca, verde e azul. À frente, apresenta a aplicação de um retângulo de pele de animal, com pelo de cor castanha.
Datação: XIX d.C. - XX d.C.
Material: Tecido (lã); Fibras animais; Madeira; Couro; Metal (ferro)
Dimensões (cm): altura: 11; largura: 9; comprimento: 25;

Fontes:
Museu Nacional de Etnologia

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ROUPA DE BAIXO III – Meias


Por: José Joaquim Ferreira Marques

As meias já eram usadas pelos coptas como provam achados em túmulos.
Na Idade Média usavam-se meias feitas de pedaços de tecido.
Como as conhecemos hoje, aparecem em 1554 pela mão do inglês “William Rider” que teve a ideia de confecionar umas calças em malha de lã. Em 1589, um outro inglês “William Lee” inventa a máquina de tricotar e com ela surgem as meias tricotadas, que de inicio eram lisas e feitas em lã. Às meias de lã sucederam em 1685 as meias de fio de algodão, a que deram o nome de “meias de bárbaro”, de cor branca ou matizadas. Brancas, (fig.57) pretas, (fig.58) castanhas, (fig.59) recolhidas em Asseiceira – Tomar, cinzentas e até algumas às riscas  branco e vermelho, (fig.60) estas recolhidas em Chancelaria pelo Rancho Folclórico de Torres Novas, eram tricotadas em lã, algodão (executadas com cinco agulhas). Algumas arrendadas, conforme o seu uso, no trabalho ou nos domingos e dias de festa.


Fig 57
Fig 58



Fig 59


Fig 60





















No trabalho, usaram-se muito as meias de cordão de cor castanha, feitas em fio de algodão.
As mulheres também usavam no campo os canos (fig.61) recolhidos em Riachos pelo Rancho Folclórico “Os Camponeses” de Riachos. Estes como não tinham pé, serviam para proteger as pernas durante o trabalho.
Em 1940, aparecem as meias de nylon. Nos anos cinquenta, aparecem as meias sem costura em várias cores e espessuras. Em 1960, surgem as famosas colants.


Fig 61
As pessoas mais abastadas usavam meias em seda (fig.62).
O comprimento das meias foi sempre até acima do joelho (e não abaixo como por vezes se vê).


Fig 62

 
Fonte: Marques, José Joaquim Ferreira in "Roupa de Baixo/Conservação" Out.2009

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terça-feira, julho 22, 2014

COLETE DE RABOS - GUIMARÃES – MINHO


O Colete de rabos, profusamente guarnecido de bordados ao sabor da fantasia da possuidora é extremamente elegante: nas costas não tem mais de uns 10cm de largura, e pelas cavas, fundas, aparecem as ombreiras da camisa, com pregas bordadas a algodão vermelho. Este colete. Muito curto de cinta, termina por seis rabos, dois largos à frente, dois menos largos atrás e entre estes, outros dois estreitos, talvez de um centímetro.

Estas peças pertencentes ao Grupo Folclórico da Corredoura, fundado em 1956 na freguesia de S. Torcato, concelho de Guimarães. Sendo um dos mais antigos agrupamentos etnográficos é representativo de um tipicismo local, e teve desde os primeiros momentos a seu cargo um verdadeiro trabalho de pesquisa e recolha de costumes, tradições e peças de vestuário da sua região.

Colete de «rabos»


Datação: 1901 d.C. - 1925 d.C.
Matéria: Linho; algodão; latão Forro: linho
Técnica: Tafetá Forro: tafetá Bordado com os seguintes pontos: espinha; cheio; margarida; pena simples
Dimensões (cm): altura: 45; largura: 34;
Descrição: Colete de «rabos» em linho branco, bordado a fio de algodão de tom acastanhado com motivos florais e geométricos. Possui três pares de casas para cordão rematadas em latão.  O forro é em linho branco.

 

 
 
 
 
 
 
Colete de «rabos»
 
Datação: 1901 d.C. - 1925 d.C.
Matéria: Linho; algodão Forro: linho
Técnica: Tafetá Forro: tafetá Bordado com os seguintes pontos: espinha; cheio; canutilho; pé-de-galo; pé-de-flor; nozinho
Dimensões (cm): altura: 55; largura: 72;
Descrição: Colete de «rabos» em linho branco, bordado a fio de algodão vermelho com motivos florais, seis corações e padrões geométricos. Possui cinco pares de casas para cordão. O forro é em linho branco.


 
 
 
 

Colete de «rabos»
 
Datação: 1901 d.C. - 1925 d.C.
Matéria: Algodão; linho Forro: linho
Técnica: Tafetá Forro: Tafetá Bordado com os pontos: espinha; cheio; recorte; cruz; pé-de-flor; nozinho; ilhó de rolinho
Dimensões (cm): altura: 44; largura: 34;
Descrição: Colete de «rabos» em linho branco, bordado a fio de algodão vermelho, debruado com algodão branco e bordado a vermelho. Aperta na frente com quatro ilhós de cada lado, por onde passa um cordão. As costas são profusamente bordadas com pequenas flores, rosetas de maior dimensão, folhas e corações. O forro é em linho branco.
 


Colete de «rabos»
 
Datação: 1876 d.C. - 1900 d.C.
Matéria: Linho; algodão
Técnica: Tafetá Forro: tafetá Bordado a ponto lançado
Dimensões (cm): altura: 50; largura: 68,5;
Descrição: Colete de «rabos» em linho (?) branco lavrado com listras em tom cinza, alternando com listras verticais em tom branco. Bordado a fio de lã em tons de verde e vermelho com motivos florais. Debruado com uma fita de lã vermelha franzida. Possui três pares de ilhós por onde passa um cordão branco. O forro é em linho branco.
 


Fontes:
Museu de Alberto Sampaio - Guimarães
http://www.matriznet.dgpc.pt/
Grupo Folclórico da Corredoura


segunda-feira, julho 21, 2014

Calçado popular


Botas de Cano - Matosinhos
Datação: XIX d.C. - XX d.C.

Matéria: Madeira; Metal (ferro); Cabedal

Dimensões (cm): altura: 53; largura: 17; comprimento: 31;

Descrição: Botas (par) de cano alto e rasto em madeira; e gáspea, talão e pala de cabedal de cor acastanhada. O rasto apresenta vestígios de tingimento a cor vermelha. É constituído por salto, enfranque e pata. O salto é baixo e apresenta, a ladear os contornos exteriores formando espécie de ferradura, uma aplicação de tira de sola de cor preta, semeada com cardas de ferro justapostas às suas extremidades. O enfranque é curvilíneo, em continuação com a pata. Esta, apresenta três aplicações de sola: duas de lado e uma, à frente, com os contornos da biqueira. São todas semeadas com cardas de ferro, de formato circular. A unir o rasto à gáspea e ao talão, uma banda de sola de cor preta, pregada de espaço a espaço por pregos metálicos de cabeça pequena batida. Na zona da biqueira, apresenta, em vez desta banda, uma outra, de formato semicircular, que a cobre e à dianteira do rasto. A gáspea e o talão, embora simétricos, são de igual formato, apresentando uma boca que forma um lóbulo ao centro. A esta boca está costurado um cano do mesmo material, que estende até acima dos joelhos, formando uma pala - um grande lóbulo na parte dianteira. A costura é visível através de duas fileiras executadas a linha de cor branca, nos contornos superiores das gáspeas. O cano é feito de uma só peça de cabedal, sendo que é cosido, longitudinalmente, do lado interior da bota a linha de cor branca. Na extremidade superior de tal costura, e na do lado oposto a esta, espécie de presilha de cabedal. As presilhas do lado interior da bota, apresentam um anel feito em corda.


Sapatos Homem - Algarve
Datação: XIX d.C. - XX d.C.

Matéria: Sola; Calfe; Metal

Dimensões (cm): altura: 8; largura: 10; comprimento: 27,5;

Descrição: Sapatos (par) com rasto em sola. Este apresenta um salto baixo, constituído por duas camadas de sola pregadas e coladas. A parte superior dos sapatos é constituída por gáspeas, talão e biqueira. Todas estas peças são em calfe de vitela de cor preta. As gáspeas estendem-se sobre o peito do pé, formando, nesta zona, uma língua. O talão percorre a zona do calcanhar, diminuindo a sua altura, e formando duas orelhas que se sobrepõem à língua das gáspeas. Estas apresentam três furos, dados longitudinalmente, por onde passa um atacador de cor preta. A biqueira, do mesmo material, forma uma meia-lua de orla ponteada à máquina e furada em pequenos círculos, de espaço a espaço. O interior dos sapatos é forrado a couro, apresentando também, sobre o rasto, uma palmilha em couro de cor branca.
Proveniência: Faro / Loulé / Alte.



Botas - Baixo Alentejo
Datação: XIX d.C. - XX d.C.

Matéria: Couro; Borracha; Metal

Dimensões (cm): altura: 27; largura: 10; comprimento: 25;

Descrição: Botas (par) com rasto em couro, constituído por salto, enfranque e pata.

O salto é alto e afunilado. É forrado a borracha de cor preta, à qual estão aplicados vários pregos metálicos. O enfranque é esguio e a pata de bico ligeiramente levantado. Esta zona é completamente recoberta de pregos metálicos. Pregadas ao rasto surgem as gáspeas de couro. A elas, na orla interior, está aplicado, por dentro, um talão alto, formando um cano. Este é aberto longitudinalmente, à frente, ao centro. Apresenta, em cada aba quinze ilhós metálicas. Por entre as abas, surge uma língua de couro que está aplicada na extremidade inferior da abertura, por baixo do talão e das gáspeas.
Proveniência: Beja /Serpa

 
Botas da Pesca do Bacalhau
Datação: XX d.C.

Matéria: Cabedal e madeira

Dimensões (cm): altura: 58;

Descrição: Par de botas que cobrem o pé e parte da perna até aos joelhos.

Origem / Historial: Estas botas de bacalhoeiro pertenceram ao pescador Armando Bizarro Valverde, da Nazaré. Era o calçado que os pescadores usavam quando escalavam o bacalhau.
 
Proveniência: Nazaré.
 
 
 
 
Fontes:
Museu de Arte Popular.
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sexta-feira, julho 11, 2014

ROUPA DE BAIXO II – das “cuecas aos culotes”


Por: Marques, José Joaquim Ferreira

As chamadas “cuecas” supõe-se ser a peça de roupa mais antiga, datada da era dos homens das cavernas. Descrita por estudiosos como um pedaço de linho triangular com tiras nas pontas, eram amarradas ao redor dos quadris e laçado por entre as pernas, depois as tiras eram novamente amarradas aos quadris. As cuecas, como são conhecidas hoje descendem das bragas (fig.20) de origem gaulesa ou galolatina “bracae”. Foram usadas pelos Romanos, os campesinos usavam-nas de pele de cabra.
Fig. 20
Quanto ao seu uso em Portugal, Mattos Sequeira diz que já eram usadas pelos Lusitanos. Oliveira Martins, faz referência que o homem português, por baixo da camisa enfiou as primeiras cuecas, as bragas e o seu uso durou até ao século XV. No virar da Era passou a chamar-se fraldinha. No século XVI, os marinheiros passaram a usá-las muito largas. Mais tarde no século XIX, as bragas eram conhecidas por “manaias” e de uso entre os pescadores de Aveiro. Esta peça nunca foi usada pela mulher. A mulher do povo substituiu-as pela camisa de baixo que apertava entre pernas com um alfinete, dados recolhidos em Asseiceira - Tomar. As cuecas tal como as conhecemos hoje só aparecem em 1928.
A camisa de baixo (fig.21,22 e 23), outra  peça ligada à intimidade da mulher, já se usava na Idade Média e depois nos séculos XV e XVI, larga comprida, (até um pouco abaixo do joelho) de mangas largas compridas, de meia manga ou de alças. Confecionadas em tecidos leves: linho, algodão ou flanela ornamentadas com picou, (fig.24) rendas (fig.25,26 e 27) ou bordadas.



Fig. 21
Fig.22
Fig. 23


Fig. 24

Fig. 25

Fig. 26

Fig. 27
 
As anáguas, (fig.28) que atualmente parecem estar em uso nos Grupos/Ranchos Folclóricos, aparecem ao mesmo tempo que a creolina (fig.29), uma grande armação que dava aos vestidos uma forma arredondada. Algumas situações do dia-a-dia tornaram-se embaraçosas para as mulheres, em especial quando se sentavam, pois esta armação subia até quase ao “nariz”, deixando a descoberto toda a zona abaixo da cintura. Tornava-se urgente arranjar uma solução, surgiram então as anáguas e as perneiras.
Fig.28
 As anáguas, eram confecionadas em linho, algodão ou flanela e iam da cintura até um pouco abaixo do joelho. Na cintura eram presas com atilhos, nastro (fig.30), ou fitas (fig.31), mais tarde abotoadas com um botão e ornamentadas com picou (fig.32 e 33) e rendas (fig.34,35 e 36).

Fig.29

Fig. 30

Fig.31

Fig. 32
Fig. 33
Fig. 34
Fig. 35
Fig. 36

Os culotes (fig.37 e 38)) tiveram a sua origem em França, aparecem nos finais do século XVIII e nunca foram usados pelo povo. Só as pessoas da alta sociedade os usaram para se protegerem do frio. Confecionados em linho, algodão ou flanela vão da cintura até ao joelho, adornados com picou (fig.39) ou rendas (fig.40). Atam na cintura com atilho, nastro (fig.41) ou fitas (fig.42) e podem também abotoar com um botão. Junto ao joelho são apertados com nastro ou fita, esta pode ser aplicada num passa fita (fig.43). Hoje usados por muitos Ranchos/Grupos Folclóricos.
Fig. 37

Fig. 38

 
 
Fig. 40
Fig. 39
 



 
 
Fig. 42
Fig 41
Fig 43

Fonte: Marques, José Joaquim Ferreira in "Roupa de Baixo/Conservação" Out.2009