O Círio de Nossa Senhora da
Vitória celebra-se anualmente na Quinta-Feira da Ascensão e envolve toda a
comunidade. Segundo a tradição ancestral, faz o percurso do Santuário de Nossa
Senhora da Nazaré em direção à Capela de Nossa Senhora da Vitória, em Paredes
(concelho de Alcobaça), evocando a pequena comunidade piscatória que aí residia
e que, no século XVI, pelo avanço das areias do mar, se refugiou na Pederneira
e Famalicão, atualmente pertencentes ao concelho da Nazaré.
Sendo o único que parte do
Santuário da Nazaré, este círio é organizado de juiz em juiz, para prestar o
reconhecimento pela proteção sagrada aos "homens do mar". O colorido
dos trajes, a imponência dos cavalos, o ritmo da música, a genuinidade das
loas, os acampamentos, os bailes e almoços no areal, transformam o Círio de
Nossa Senhora da Vitória num dos maiores espetáculos da cultura nazarena que,
através dos séculos, tem mobilizado as gentes locais para uma experiência
cumpridora de um rigoroso ritual, onde a devoção serve de pretexto para a festa
e o convívio popular.
As fotografias a preto e branco desta
festividade religiosa são da autoria de Álvaro Laborinho e reportam-se a 1914.
No terreiro do Sítio, e enquadrado pela fachada principal do Santuário de Nossa
Senhora da Nazaré em que se evidenciam as torres sineiras, encontra-se um
aglomerado de pessoas montadas em cavalos e burros ornamentados com mantas e
flores. Um dos homens segura uma bandeira. Destaca-se o rapaz em primeiro
plano, com um estandarte e usando traje de "anjo", capa e coroa
florida. A maioria dos romeiros usa chapéu ou boné.
Este guião foi realizado para o Círio de 1959, por Irene
Maurício, costureira com quem Lídio Maurício viria a casar. Ambos foram juízes
nesse ano.
Fonte: Museu Dr. Joaquim Manso