Talvez inspirados nos véus antigos terão nascido os lenços usados pelas mulheres durante séculos. A história dos lenços da cabeça é assim uma história antiga e cheia de curiosidades.
Há quem afirme que os lenços, tal como os conhecemos hoje, remontam ao tempo de D. João VI. Quando o barco em que seguia a família real fugida para o Brasil sofreu uma praga de piolhos, a futura rainha, Carlota Joaquina, foi obrigada a rapar os cabelos. Como naquele tempo uma princesa careca era algo inconcebível, ela passou a usar lenços para cobrir a cabeça, causando até alguma estranheza nos súbditos ao desembarcar no Brasil, porém, logo o hábito pegou e as mulheres começaram a imitá-la. Certamente que poderá tratar-se de uma história, contudo, o lenço da cabeça foi uma peça extremamente importante e fundamental da indumentária da mulher.
Sendo assim, sejam em que circunstâncias forem, as componentes de qualquer grupo ou rancho folclórico, jamais deverão abdicar do uso do lenço, seja nos trajes mais ricos, ou nos mais pobres e simples.
Lenços chineses
Os lenços chineses foram dos mais populares da região. Os agrupamentos de folclore devem apostar neste género de lenço e banir aqueles que não se identificam com as nossas gentes.
Certamente que a variedade de cores e desenhos outrora à venda, há largas décadas que desapareceram, porém, presentemente, existem algumas imitações no mercado especializado que poderão ajudar a remediar a falta de originais.
Lenços de merino
Os lenços de merino de lã, conjuntamente com os lenços chineses, foram largamente preferidos pelas mulheres do povo para se alindarem e botar figura em festas e romarias. As cores e os bordados eram ao gosto da pessoa que os utilizava.
Presentemente já não existe este tipo de tecido, contudo, a vaiela lisa (algo aparentada com o merino) poderá substituí-lo de modo a minorar a falta do tecido original.
Lenços de tapete
Os lenços de tapete fizeram as delicias das senhoras de Ente Douro e Minho, essencialmente em dias de cerimónia. De tecido adamascado e fundo escuro, pincelados com fartas ramagens de tonalidades variadas, eram os preferidos pelas raparigas no dia do seu noivado, já que lhes conferiam aquele ar sóbrio e recatado que a sociedade impunha às noivas da época. Há muitas dezenas de anos que deixaram de aparecer no mercado, mesmo assim, alguns tecidos adamascados vão sendo usados em sua substituição.
Lenços de seda
Ainda mais antigos que os lenços de tapete são os lenços de seda. Havia-os de todas as cores. Foram caindo em desuso e gradualmente substituídos pelos de tapete, embora coabitassem durante dezenas de anos. Eram os preferidos para botar figura em dias de maior pompa e circunstância.
Foram desaparecendo do mercado muito antes da década de 50 do século XX, mesmo assim, muitas senhoras que os possuíam não se desfizeram deles, preferiram guardá-los no fundo das suas arcas para mais tarde recordar.
Lenços franjados
Os lenços das grandes feiras de gado, de lançar flores sobre os noivos à saída da igreja e das grandes festas populares eram, sem dúvida, os lenços franjados, denominados em algumas terras por lenços de frocos e em outras por lenços de merino e maiatos. Certamente que não se usaram em todas as terras, mas na sua grande maioria sim. A tonalidade vermelha predominou, contudo, terras havia que preferiam outras cores como, o amarelo, o azul, o verde...
Lenços de trabalho
No seu quotidiano, as senhoras usavam lenços em tecido de baixa qualidade (quase sempre em algodão estampado) por serem mais baratos e mais adequados à função que desempenhavam. Certamente que os lenços de domingar ou outros, quando estavam gastos, poderiam ser usados no trabalho, contudo, para o dia a dia, haviam lenços apropriados. Mesmo estes lenços, quando novos, não raro, eram usados aos domingos e em outras situações que exigiam um maior cuidado na forma de vestir.
Fonte: Conselho Técnico de Entre Douro e Minho