Por:
Marques,
José Joaquim Ferreira
A importância do vestuário para a
“Humanidade” data do tempo da “Antiguidade”, representando um símbolo da sua
condição social.
Na civilização
Ocidental, por volta do século XIII, apareceram as primeiras manifestações da
moda. Os Reis e a Casa Real mostravam o seu poder e posição social através dos
tecidos e dos modelos das suas vestes. Nos séculos XVII e XVIII, era a nobreza
quem impunha as leis no que respeita à moda.
O
Povo nunca teve acesso à moda, o traje popular era simples como simples era o
Povo. O traje diferente de terra para terra, e de região para região, adquiriu
carácter conservando algumas formas típicas, de tempos mais remotos e das
civilizações que anteriormente à monarquia imperaram na Península.
A
indústria Têxtil e de confecção está directamente ligada a três inventos:
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A máquina de fiar, roca e fuso (fig.1).
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O tear (fig.2).
- A máquina de coser
(fig.3).
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Fig. 1 |
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Fig. 2 |
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Fig. 3 |
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Fig. 4 |
O vestuário, era confeccionado em
oficinas de alfaiates, modistas (mestras), costureiras e pelas mulheres que
sabiam “dar uns pontos”, (fig.4) reposição pelo Rancho Folclórico e Etnográfico
de Alviobeira – Tomar, que depois de um dia árduo de trabalho, ainda tinham
algum tempo para cuidar da sua roupa, da do marido e filhos.
O
espartilho peça individual de estrutura rígida, quando apareceu era
confeccionado por alfaiates, a partir de 1820 passou a ser produzido nas
fábricas. Descendente do corpete do século XV, foi das peças de roupa de baixo
que mais intimidade teve com a história da mulher.
Foi a partir do
século XIV, que nos homens e mulheres surgiu a preocupação em dar forma à
porção central do corpo, para isso usavam faixas apertadas em volta do corpo. Até
à Idade Média, as mulheres usavam corselets (fig.5) para sustentarem os seios.
Era uma espécie de colete justo por cima da camisa, atado por cordões pouco
apertados, que a mulher do povo amarrava à frente, ao contrário do corpete da
aristocracia, amarrado atrás e que exigia o auxílio de empregados.
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Fig. 5 |
Com o passar do
tempo esta peça deu origem ao espartilho (fig.6). Considerado uma peça íntima
da mulher, moldou o corpo feminino de acordo com a história de cada período.
Sendo um obstáculo ao trabalho, o espartilho foi considerado pela aristocracia
um sinal de superioridade. Sofreu muitas mudanças com o passar dos anos
chegando a ser abolido durante a Revolução Francesa. Atravessou quatro séculos
e sobreviveu a regimes políticos, mudanças de comportamento e culturas, guerras
e diferenças sociais.
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Fig. 6 |
A I Grande Guerra dita a morte ao espartilho que foi substituído por
cintas. Porém os seios precisavam de uma peça de roupa que os sustentasse, e
foi assim que a partir do fim do século XIX apareceu o soutien. Este acessório
apareceu pela primeira vez nos anúncios publicitários, apesar de não ter
conquistado todas as mulheres passou a ser uma peça fundamental. A longa
história do soutien começa com as romanas exibindo exíguos “bustiês”. Na Grécia
antiga, as mulheres de Atenas usavam o antepassado do soutien, panos de linho
que além de sustentarem e diminuírem os seios evitavam as provocações.
Sucedendo ao espartilho, adoptou vários nomes antes de ser baptizado
definitivamente como soutien: “beneficiador de busto”, “ampara seios”, “suporte
de seios” e muitos outros, para caracterizar uma peça que estava entre o
espartilho e o soutien.
Com o passar
do tempo, surge em Inglaterra em 1886 uma armação de arame (fig.7) e seda, com
o intuito de beneficiar os seios semelhante a um passador de chá.
Em 1889 em França pela mão de Hermine Cadolhe, é desenhado o primeiro
soutien, a que deu o nome de “soutien-gorge”, inventando não só a peça como também
o nome. Recortando a parte superior do espartilho Cadolhe libertou a mulher de
uma peça pesada e incómoda. Os melhoramentos nesta peça essencial da roupa de baixo nunca mais pararam.
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Fig. 7 |
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Em 1889, tendo
como finalidade manter os seios erectos, Fráuhein Christne Hardt de Dresden
inventou uma peça de roupa denominada “corpete de senhora” ou “ampara seios”.
As várias sucessões de criações desta peça de roupa leva-nos até 1914, quando
uma americana May Anne Philp Jacobs resolveu atar dois lenços de seda
ornamentando-os com fitinhas, estava criado o modelo que mais se aproximava do
“soutien actual”. Peça de pouco uso pelo povo, pois o povo não tinha acesso à
moda, foi
substituída por um simples corpete (fig.8), recolhido em Riachos pelo
Rancho Folclórico “Os Camponeses” de Riachos, (fig.9 e 10) que sustentava os
seios,
dava mais segurança à mulher no
dia de trabalho e de festa. Supõe-se que, esta peça é descendente dos corselets
usados na Idade Média, com a evolução deixaram de ser amarrados por cordões
(fig.11) para serem abotoados à frente com botões. Confeccionados nos tecidos: linho, algodão e flanela, geralmente ornamentados com entremeios (fig
.12,13 e 14), picou
(fig.15 e 16
)e rendas (fig.17,18 e 19), executadas pela própria pessoa que os usava.
Fonte: Marques, José Joaquim Ferreira in "Roupa de Baixo/Conservação" Out.2009
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