Desde a Antiguidade Clássica que se tornou corrente a utilização
de moedas, medalhas ou outra peças como ornamentos, quer em alfinetes como em
pingentes de colares ou cordões. Estes ornamentos, mais que o estatuto pessoal
do seu utilizador, possuíam uma simbologia própria, associada muitas vezes ao
divino ou à crença popular no além.
Muito embora existam ornamentos com representação iconográfica semelhante
em épocas anteriores, é a estética do sec.XVIII que influência a joalheria
popular do sec.XIX e início do sec.XX e que hoje parece renascer por influência
dos “opinion makers” da indústria da
moda (e ainda bem!).
É sobre esses ornamentos que vos vamos falar neste quarto artigo
desta série dedicada ao Ouro Popular Português.
CUSTÓDIAS
Assim
designadas por, na parte central, existir uma peça que sugere o expositor do
Santíssimo. São também chamadas relicários, “relicairos”, “lábias” e “brasileiras”.
As mais
populares são joias em filigrana, um pouco aberta e não muito apurada, embora existem
algumas, feitas em Gondomar, com filigrana mais fina.
Chamam-lhes “lábias”, pela semelhança com os lábios da parte superior.
“Brasileiras” porque, na altura em que os homens de Castelo de Neiva emigravam para o Brasil, quando vinham a Portugal visitar a mulher ou a namorada, tinham obrigatoriamente de comprar esta peça, mesmo que fossem imensos os sacrifícios feitos para esta aquisição, pois muitos dos que iam para estas paragens, vinham ainda mais pobres, mas esta era uma forma de demonstrar o contrário. A custódia era então orgulhosamente exibida, na missa dominical, e à saída, perante tal exibição, o povo diria “Olha a brasileira!” - daí a peça passar a ter essa designação.
Chamam-lhes “lábias”, pela semelhança com os lábios da parte superior.
“Brasileiras” porque, na altura em que os homens de Castelo de Neiva emigravam para o Brasil, quando vinham a Portugal visitar a mulher ou a namorada, tinham obrigatoriamente de comprar esta peça, mesmo que fossem imensos os sacrifícios feitos para esta aquisição, pois muitos dos que iam para estas paragens, vinham ainda mais pobres, mas esta era uma forma de demonstrar o contrário. A custódia era então orgulhosamente exibida, na missa dominical, e à saída, perante tal exibição, o povo diria “Olha a brasileira!” - daí a peça passar a ter essa designação.
São
moedas autênticas embelezadas com espalhafatosas cercaduras chamadas “encastoamentos”,
nas quais se inserem umas presilhas com a finalidade de segurar a moeda sem lhe
causar danos que altere o seu valor numismático. As moedas mais utilizadas eram
as libras de cavalinho e cara de mulher (Rainha Vitória) - pois as caras de
homem (Jorge V) não eram muito do agrado da mulher minhota - moedas de cinco e
dez mil reis.
MEMÓRIAS
As
memórias tinham quase sempre uma função saudosa. Eram transformadas em cofre,
onde se encerrava uma madeixa de cabelo, fragmento de vestuário, pequena frase
ou simples letra, breve oração, fotografia, bem como outras relíquias que
constituem terna recordação de quem já não é deste mundo.
CRUZES
As
cruzes são os símbolos iconográficos que atravessaram os séculos do
cristianismo, não só como símbolos de Fé, mas também como identificação incontestável
da religião do seu detentor, o que em determinadas épocas foi muito importante.
Surgem
assim vários modelos de cruzes, do mais simples ao mais elaborado, respondendo
quer ao gosto quer à capacidade financeira do povo.
CRUZ
BARROCA
Eram
feitas através do processo de estampagem do metal com o recurso a moldes, sendo
oca, mas que dava a perceção de um objeto pesado e portanto valioso.
Como
não revelavam a imagem do Crucificado, também eram designadas por “cruz de ouro
mal obrado”.
CRUZ
DE MALTA OU ESTRELA
São cruzes feitas em
filigrana muito elaborada e guarnecidas com curiosos esmaltes.Trata-se do símbolo da Ordem dos Cavaleiros de Malta (Cavaleiros Hospitalários), que me Portugal teve grande implantação desde o sec.XIII.
CRUZ
DE RAIOS
Cruz
em canovão com avantajado resplendor, arredondado, aureolando quase totalmente
Jesus. Por via de regra, mostra muitas vezes a Senhora da Soledade aos pés do
Filho.
CORAÇÕES
Os
corações é outra das temáticas muito utilizadas na joalheria, surgindo com várias
técnicas e feitios.
CORAÇÕES
OPADOS (ocos e bojudos)
Fabricam-se
através da técnica da estampagem em chapa muito fina e são decorados com finos
fios de filigrana ou um granulado. Têm motivos de amor, florais ou religiosos.
Podem ser flamejantes ou chamados duplos, por terem como que um duplo coração
por cima do maior, mais não sendo que a estilização de chamas.
Eram
estes os mais usados pela mulher vianesa.
CORAÇÕES
DE FILIGRANA
Os
corações de filigrana que aparecem hoje muitas vezes ao peito da vianesa não
eram usados noutros tempos com tal frequência, por um lado, por causa da sua
grande mão-de-obra que os tornava mais caros, e por outro, os fabricantes na
tentativa de os tornarem mais acessíveis faziam-nos normalmente em prata
dourada, metal considerado menos nobre ao gosto do povo.
Convém
esclarecer, que ainda hoje a prata dourada é metal utilizado na maior parte dos
que atualmente se fabricam.
LAÇA
A Laça é uma joia de intervenção real, depois, popularizada.
Formada por duas peças. Foi atribuída a D. Maria Ana de Áustria, a célebre
“laça das esmeraldas”. É a primeira joia verdadeira do Minho, constituída por
uma laçada dupla e decoração de fios enrolados, podendo ter um diamante ao
centro. O seu nome provém da argola que tem por trás para ser usada com uma
fita de seda. Mais tarde, tomaram a forma que tem hoje – coração invertido.
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