CORRENTES
DE RELÓGIO
Pode
parecer um pouco a despropósito incluir estas peças nesta série sobre o Ouro
Popular Português. Não o é de facto, pois era quase generalizado nos homens o
desejo de adquirir um relógio de ouro ou prata, à medida da sua condição económica
e social.
Tal
como agora o homem estica o braço, colocando na direção dos olhares o seu
relógio de pulso, assim antigamente se procedia ao passear com uma ou ambas as
mãos nos bolsos para mostrar a corrente de relógio. Ao tirar o relógio, tudo
era acompanhado por gestos muitas vezes estudados ao espelho. Serviam muitas
das vezes para mostrar à sua pretendente o seu “status”.
Os
relógios de bolso foram os primeiros relógios utilizados. O primeiro,
denominado pela forma, tamanho e procedência, de Ovo de Nuremberga foi
fabricado por Peter Henlein, por volta de 1504.
Eram
muito raros e tidos como verdadeiras joias, pois poucos tinham um. Os relógios
de bolso eram símbolo da alta aristocracia.
No
entanto, nos finais do sec. XIX e início do sec.XX estes já se encontravam
amplamente difundidos, embora não fosse acessível a todas as classes sociais.
No
dia-a-dia do homem do povo o sol servia-lhe de orientação, ajustado muitas
vezes pelo repicar do campanário, no entanto, possuir um relógio de bolso era
uma ambição e símbolo de prestígio social.
Normalmente,
além do relógio e se havia dinheiro para tal, comprava-se uma corrente de
prata, raramente de ouro, mas quando tal não era possível, o engenho fazia o
resto. Existiam correntes de crina de cavalo, madeira, ou utilizavam uma
pequena bolsa colorida (com ou sem berloques) feita em crochet de linha fina
pelas mãos prendadas das mulheres da casa.
De
seguida ficam alguns exemplos de correntes de relógio, destacando as duas
primeiras, provenientes das Casa Real Portuguesa e pertencentes à coleção do Palácio
Nacional da Ajuda, pela sua simplicidade, pois uma é de couro e a outra de
metal pintado.
Correia para suspensão de
relógio em couro preto entrançado. Na extremidade superior apresenta um
travessão no mesmo material rematado por dois pequenos bolbos nas pontas (um
omisso) e uma chave de relógio suspensa. Na extremidade inferior é rematada por
um mosquetão.
Datação: Século XIX (2.ª
met.); Coleção do Palácio Nacional da Ajuda - transferência da Casa Real.
Corrente de elos ovais
para suspensão de relógio em metal pintado. Na extremidade superior apresenta
um travessão e na inferior um mosquetão.
Datação: Século XIX (2.ª
met.); Coleção do Palácio Nacional da Ajuda - transferência da Casa Real
Corrente
de relógio em prata, composta de dois elementos, suspensos de um travessão
cilíndrico liso. Na corrente de menor dimensão, apresenta enfiada, uma moeda
cunhada em prata, apresentando as seguintes inscrições: No verso "50
REIS", ao centro da coroa de louros; no reverso, no campo, coroa real
sobre a data "1889" envolta por três estrelas e a inscrição:
"LUDUVICUS.I.PORT. ET ALG : REX.:" Na extremidade da corrente de
maior dimensão, simplesmente um fecho de mola, móvel, (que serviria para
pendurar o relógio).
Autor: Vicente Gonçalves
Pereira (Gondomar); Datação: 1935-1940
Pertence
à coleção do Museu de Arte Popular e supõe-se ter feito parte da Exposição do
Mundo Português.
Outros exemplos de correntes de relógio.
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