No Minho, mordomas são as raparigas encarregadas de recolher fundos para a realização da romaria ao santo padroeiro da sua freguesia. Os trajes das mordomas, geralmente pretos ou azuis-escuros, serviria mais tarde como indumentária da noiva e ainda para com eles serem enterradas. Compunha-se de casaquinha cintada de aba curta muito enfeitada, com pinças na frente e nas costas, adelgaçando a figura. O cumprimento da manga termina acima do punho. A saia apresenta um cós plissado fixo que tem como função acentuar e ajustar a linha da cintura. A roda sai livre e abundante do cós, atingindo um perímetro três vezes superior à medida da cinta. A larga barra de veludo bordado de missangas com um desenho naturalista. O avental de veludo, também franzido, é bordado com missangas, representando no centro a coroa e armas reais ou o escudo português, completando o adorno com «silvas», possui um folho pregueado de seda preta e galão de seda da mesma cor, com aplicação de missangas. Calçavam meias rendadas brancas e chinelas de tela pretas lisas ou bordadas a branco. Na cabeça, um lenço de seda fina de cor viva (como na Meadela) ou de um véu de tule branco (em Santa Marta de Portuzelo). Na mão transportavam vela votiva, enfeitada, que acendiam na procissão, ou palmito feito com folhas de palma. Quando o calor apertava a mordoma substituía a casaca por um colete de trespasse e dizia-se então que "ía em mangas", usando neste caso, camisa de linho muito trabalhada nos ombros e algibeira largamente decorada. Se a família tinha largas posses, a mordoma fazia o seu fato azul para demonstrar que não aproveitava para o casamento.
Esta mulher de saber e de haveres completa a sua imagem com múltiplos adornos de ouro, ostentando com orgulho a sua capacidade económica.
Para casar, a mulher ia sempre de preto, utilizando o seu traje de mordoma ou outro quando possuía posses para tal. Ao traje de mordoma acrescentava um lenço de fina cambraia, cruzado à frente, ou um véu de renda ou de tule bordado a branco, de pontas caídas. Na mão para segurar o ramo usa um lenço de "amor" bordado com motivos florais, vegetalistas e quadras ou frases amorosas, a ponto cruz, ponto cheio, cordão, pé-de-flor, etc.
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3 comentários:
Gostaria de elogiar este bonito trabalho e agradecer a dedicação em divulgar tão preciosas informações!
Parabéns!
Tuane
(Salvador/ Bahia/ Brasil)
Se a noiva dançar com uma pessoa com traje de trabalho, tem de retirar o véu?
Por principio a noiva não deve ter como par um homem com um traje de trabalho.
Nos casamentos, as pessoas utilizam os melhores trajes, pelo que um traje de trabalho não se enquadra.
Naturalmente, que em modas de roda, em que se cruzam ou dançam alguns passos essa situação não se põe e mesmo neste caso não se justifica tirar o véu.
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