segunda-feira, junho 04, 2007

Trajes de Gloria do Ribatejo

Encontrei recentemente o Rancho Folclórico “As Janeiras” de Glória do Ribatejo, que me fizeram o favor de descrever os seus singulares trajes do início do sec.xx.
Dna Rosário, começou por explicar-me que este não é um traje de festa, mas para ao domingo irem à praça procurar trabalho, servindo o mesmo à 2ª feira, quando se deslocavam para as herdades trabalhar.
Na impossibilidade de adquirirem tecidos mais vistosos as raparigas bordam e decoram as peças de vestuário conseguindo efeitos admiráveis. Este traje era confeccionado pelas mulheres para uso próprio, muitas vezes às escondidas, para que não houvesse outro igual, é um exemplo do engenho e da arte feminina.
Na cabeça usam um lenço de algodão arranjado de uma forma única, cruzado na nuca e atado no alto, onde se reúnem as pontas das costas, de forma a formar uma espécie de touca, sempre presos com alfinetes de cabeça preta.
A blusa, a que chamam casaco, é de manga comprida e confeccionada em gorgorina, sendo ricamente ornamentada com bordados, favos de mel e muitas preguinhas no peito (que necessitam de ser passajadas antes da lavagem, para que não se desmanchem). Aberto na frente, com abas, pode ter gola ou colarinho, conforme o gosto da mulher.
No peito, como sinal de compromisso, traziam a fotografia do namorado.
Na cintura, usam um cinto preto para adelgaçar a silhueta, a bolsa das moedas e um lenço bordado, para limpar as mãos do suar quando se dançava.
O avental era abundantemente bordado a ponto cruz, ou de tecido estampado. Quando usavam o dedal e a “melhadura” presa no avental, era sinal de que já tinham um compromisso com um patrão e que não poderiam aceitar outra oferta de trabalho.
A saia de cima era confeccionada em “chita aos olhos” ou em escocês e enfeitada a gosto. As saias de baixo (3) eram enfeitadas com bicos a condizer. O conjunto das saias e avental era apertado nas ancas por uma cinta, onde era bordado de forma visível o nome do namorado.
As mais abastadas usavam sapatos de carneira pretos (sem meias), enquanto que as demais traziam tamancos.
Como adorno, pendiam das orelhas, argolas “à moía”, chinesa ou brincos “à Coimbra”.
Como abafo punham sobre os ombros ou da cabeça, uma saia de castorinha.
Nos braços ou à cabeça, transportavam um saco, também ele feito e decorado a gosto, contendo a janta de 2ª feira, 1º dia de trabalho, já que os restantes mantimentos só chegavam às herdades mais tarde.



O traje do homem era também confeccionado pelas mulheres, era constituído por colete e calças pretas, barrete ou chapéu. Os homens que usavam chapéu, a quem chamavam “singualeiros”, eram detentores das suas próprias terras.
As camisas de riscado eram feita á mão e ornamentada a gosto.
Tal como a mulher, também o homem usava sinais exteriores do seu compromisso.
Desde logo, a bolsa do relógio, que usava no bolso do colete era feita pela namorada, bem como o “lenço dos amores” que usava preso à cinta. A cinta era preta, com bordado policromado a gosto, utilizando-se motivos naturais e florais.
Calçava sapatos de atanado pretos.

1 comentário:

Filipa disse...

Para que é que serve a cinta vermelha nas mulheres? Está bem?