“Parte do corpo que ninguém sabe o que é nem onde fica, mas de que muita gente sofre (!) e não falta sempre quem se apresse a curar o mal de espinhela caída. Quando alguém sofre do peito, ou está arruinado ou tem a espinhela caída, o que também é muito grave, tem de procurar logo quem lha endireite. Há sempre; a pessoa que se dispõe a operar coloca-se por detrás dele, ordenando-lhe que deixe cair os braços naturalmente. Depois pega-lhe nas mãos, levemente, elevando-lhe os braços à sua maior altura e tendo o cuidado de, quase impercetivelmente, fazer com que um dos polegares não chegue a atingir a altura do outro; e então, exclama muito satisfeita: _ Cá está! Eu bem dizia! E vai repetindo a operação, fingindo um grande esforço, até que os dois dedos se ugalham e então a espinhela está direita. Falta o receituário conveniente. Umas colheres de um remédio composto de toucinho alto, mel, pevides de abóbora, farinha de grão torrado, e algumas gemas de ovo. Deve-se tomar esta mistura durante dez dias, pelo menos, e não fazer o mínimo esforço. É claro que o doente, com um tratamento destes e com o competente descanso, sente melhoras apreciáveis. Sempre foi bom mandar endireitar a espinhela...”
F. Santos Serra Frazão,
Santarém, 1936, R. L. N.º 36, 1938
Durante a sua representação o Rancho Folclórico da Ribeira de Salavisa (Arganil) recria precisamente um momento da medicina tradicional portuguesa em que se procede à cura da Espinhela Caida de acordo com as tradições da Beira.
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