quarta-feira, março 18, 2009

O TRAJE TRADICIONAL EM MAFRA

O Museu Municipal Prof. Raúl de Almeida, em Mafra, acolhe a realização de uma exposição sobre o traje tradicional, reunindo mais de 100 peças de vestuário dos espólios de Ranchos Folclóricos do Concelho e do próprio museu. A abertura está marcada para 21 de Março, pelas 15h30.


Estreitando os laços de cooperação existentes entre a Autarquia e as comunidades locais, esta mostra, desenvolvida em colaboração com ranchos folclóricos do Concelho de Mafra, permite ao visitante encontrar peças de vestuário originais, bem como 35 réplicas outrora usadas nas comunidades rurais locais, na sua maioria relacionadas com os momentos lúdicos da vivência do povo, e que se reportam ao período compreendido entre a última metade do séc. XIX e o primeiro quartel do séc. XX.

A referida exposição reúne peças de vestuário provenientes dos espólios, na sua maioria, do Rancho Folclórico "Cantarinhas de Barro", Rancho Folclórico da Malveira, Grupo Folclórico "Os Saloios da Póvoa da Galega", Grupo de Danças e Cantares de Santo Estêvão das Galés, Rancho Folclórico de Monte Godel, Rancho Folclórico "As Morangueiras do Sobral da Abelheira", Rancho Folclórico de São Miguel do Milharado, Rancho Folclórico do Livramento, Rancho Folclórico e Etnográfico de Cabeço de Montachique, Grupo de Danças e Cantares de Vila de Canas, Rancho Folclórico "Os Hortelões da Ervideira" e Rancho Folclórico da Murgeira). Estas compreendem roupa exterior e de interior, lenços e xailes, chapéus e barretes, sacos e sacolas de retalhos, trajes domingueiros e de trabalho, representando um testemunho do quotidiano da população rural concelhia, influenciada pela proximidade de Lisboa, visto os rurais locais se deslocarem com frequência à capital, a fim de lá venderem os seus produtos.

quarta-feira, março 04, 2009

O calçado tradicional

O calçado artesanal faz parte das raízes do nosso país. O seu processo de execução é longo e complexo. O esforço, tempo e recursos empreendidos no seu fabrico justificam, inteiramente, o valor monetário que lhe é atribuído.
Transversal a classes etárias, sociais ou económicas, parece ser mais solicitado nas zonas rurais onde, amiúde, é utilizado na realização das tarefas agrícolas.
A produção de calçado tradicional tem conseguido fugir à tentativa de uniformização registada em quase todos os quadrantes da nossa sociedade. Esta actividade distingue-se sobretudo pelo facto dos seus artigos serem confeccionados, quase totalmente, à mão. As máquinas são pouco muito utilizadas e quando há necessidade de recorrer a elas é porque o processo de execução obriga a que assim seja. Outra das características do fabrico artesanal de calçado diz respeito às matérias-primas usadas. As peles, por exemplo, são curtidas de acordo com os métodos tradicionais, sem recorrer a produtos químicos. Como este tipo de artigos é efectuado manualmente, o tempo gasto na sua produção é muito superior em relação ao da manufactura em série. Este facto reflecte-se, como é óbvio, na diferença dos valores monetários atribuídos a ambos.
Produzidos um a um, a qualidade daqueles exemplares é facilmente observável em pequenos pormenores como remates e ponteados. No que diz respeito à rentabilidade, a sua vida útil é bastante mais longa do que a dos seus concorrentes. Aquilo que para os menos entendidos poderá parecer como uma desadequação em relação aos ícones ou tendências da moda, é na realidade o respeito pela tradição.
Os artesãos responsáveis pela execução deste género de calçado insistem em manter-se fiéis aos modelos tradicionais, preferindo não adulterar as características dos mesmos. A produção estandardizada acabou com a personalização dos números.
Contudo, nas oficinas de calçado tradicional ainda continua a ser prática comum o tirar das medidas ao cliente. Algumas destas casas chegam mesmo a guardar estas informações precavendo um eventual regresso daquele.
Ainda que existam registos desta actividade um pouco por todo o país, as regiões do Ribatejo e Alentejo ganharam, de alguns anos para cá, um lugar de destaque.
Técnicas de produção
Corte da pele: o início de uma peça de calçado é sempre precedido pelo tirar das medidas do cliente. As várias partes do botim são cortadas segundo um molde. Depois desta operação, dever-se-á conferir forma à floreta.
Este procedimento é realizado na vergadeira. Aquela ganha o formato pretendido graças ao calor libertado por esta máquina;
Ajuntadeira: operação que consiste em juntar as diferentes partes que constituem o botim para possam ser cosidas umas às outras. A sua união é efectuada com a ajuda da máquina de costura;
Pregar o botim à forma: já com o botim cosido, o artesão coloca uma forma no seu interior para ele possa ganhar a configuração pretendida. Depois começa a aplicar pequenos pregos de maneira a prender aqueles dois.
Estes são colocados em redor de todo o botim. Durante a operação, o artesão tem o cuidado de puxar bastante a pele, com a ajuda da turquês, para que esta fique bem justa à forma. Concluída a aplicação dos pregos, estes são endireitados. Em seguida, elimina-se o excesso de pele com uma faca de sapateiro;
Execução das viras: estas são elaboradas a partir de uma tira estreita de couro. Posteriormente, são desbastadas e amaciadas;
Palmilhar: operação que consiste em coser a palmilha, o forro, a vira e o próprio botim. Todos estes elementos são cosidos uns aos outros com a ajuda da sovela e do fio de nylon. Este último é passado por cera para deslizar melhor. À medida que o botim vai sendo palmilhado, o artesão vai retirando os pregos existentes com a turquês;
Bater a vira: depois de cosida, esta deve ser batida e endireitada com um martelo e uma picota. O artesão deve retirar o seu excesso com a faca de sapateiro;
Elaboração dos enxumentos: estes destinam-se a reforçar o botim. Elaborados a partir de couro um pouco mais grosso, são aplicados com cola nas duas extremidades daquele. Antes de serem colocados, devem ser desbastados com a ajuda da faca de sapateiro;
Pregar a sola ao botim: as duas partes são unidas entre si com a ajuda de alguns pregos. Deve proceder-se ao corte da parede lateral da sola, para que os pontos efectuados com a sovela fiquem alojados no seu interior. Terminado o ponteado, a ranhura é fechada e colada. À medida que vão sendo cosidas, o artesão vai removendo os pregos colocados anteriormente;
Acabamento: esta fase inclui a aplicação do salto no botim. Este é constituído por duas entrecapas e uma capa de borracha. Depois de concluído, aquele leva também ilhós, correias (ou atacadores) e sebo.

terça-feira, março 03, 2009

Barrete de Orelhas – Madeira

O barrete de orelhas era sobretudo utilizado pelos camponeses.
É feito com a lã das ovelhas criadas nas serras e concebido pelas mãos das mulheres, tricotado com 5 agulhas.
Adapta-se bem à cabeça e tem no alto uma pequena borla e nos lados dois apêndices que, ou se deixam cair sobre as orelhas, ou se levantam, prendendo-se às vezes num botão.
Este barrete, a que chamam de orelhas, já era usado em 1857 e parece ser uma criação madeirense.