segunda-feira, abril 29, 2013

Costumes do Minho: Mulher de Castro Laboreiro e o Jangadeiro

Publicou a revista Ilustração Portugueza, na cada da sua edição de 17 de março de 1913, duas interessantes fotografias que mostra os trajes da mulher do Soajo e do jangadeiro de Anha ou seja, aquele que conduzia a jangada do sargaço na travessia do rio Lima, envergando a tradicional branqueta do sargaceiro. O texto que acompanha as fotos possui também algumas particularidades curiosas que refletem bem a distância que então separava o jornalista habituado ao meio burguês e citadino em relação à profundeza da vida rural que de mais interessante apenas proporcionava os motivos pitorescos com que ilustrava as páginas dos jornais. Transcreve-se o artigo respeitando-se a grafia original.

Costumes Portugueses


Mulher de Castro Laboreiro
Em luta constante com a natureza, a quem arrancam após porfiadas canceiras as matérias primas que lhe fornecem o fato e o alimento, únicos produtos das rudimentares industrias que exercem: a pastorícia e a agricultura, os montanhezses de Castro Laboreiro são uma pobre gente desconfiada e semi-selvagem.

O vestuário das suas mulheres dá á primeira vista ideia lucida e sugestiva de toda a sua rudeza: capucha ou mantela, o corpete e a saia, é tudo feito de tecido grosseiro de fabrico local a que chamam burel ou picoto. Os tamancos toscos, espécie de sandálias, formadas por rudes madeiros ligados aos pés por correias fortes, chamados chancas ou alabardeiros, completam o vestuário das castrejas, em que as roupas brancas faltam por completo.

Na mesma província do Minho, á beira mar, o fato simples usado pelos jangadeiros d’Anha, emparceira admiravelmente com a rudeza semi-selvagem do vestuário das castrejas.


Jangadeiro d'Anha
É muito característico o tipo destes lavradores-marinheiros, que nas costas do norte, principalmente junto a Viana do Castelo, e, por todo o litoral desde Montedor até à costa do sul do Lima, no local denominado Anha, se aventuram ao mar, a fim de colher o sargaço, moliço ou limos, como lhe chamam, com que vão depois fertilizar as suas terras navegando sobre frageis jangadas, formadas por oito troncos de madeira muito leves ligadas a maneira de estrado, tendo lateralmente duas taboas dispostas em forma de borda falsa: os troncos das bordas são mais compridos, e, levantam em forma de rabo d’arado.
Vestem unicamente uma espécie de sobrecasaca de lã grossa e forte, o que chamam branqueta, presa com um cinto e abotoada na frente, uma carapuça vermelha ou um chapéo preto de grandes abas completam tão singular vestimenta.

A.Mesquita de Figueiredo



quinta-feira, abril 18, 2013

Espadeladas em Ponte de Lima




Imagens recolhidas por Michel Giacommetti
Fonte: Trajar do Povo em Portugal

quarta-feira, abril 10, 2013

O Fabrico de Chapéus em São João da Madeira


Os chapéus, muito em voga no século XIX e primeira metade do século XX deram origem à indústria de chapelaria, que se desenvolveu a sul do Porto. A indústria da chapelaria contribuiu para a evolução e progresso de S. João da Madeira, onde foi durante dezenas de anos o sector dominante. Em 16 de Maio de 1984, foi elevada a cidade.
Se até finais de oitocentos predominou a manufatura da chapelaria, entre meados de 1890 e 1914 desenvolveu-se a sua mecanização. Esta mecanização não foi aceite de forma pacífica. Chapeleiros e outros trabalhadores do ofício ofereceram -lhe resistência, o que deu origem a algumas agitações operárias, a quando da construção da Fábrica Nova. Temia-se o desemprego. Dizia-se na época:
"Naquelas malditas máquinas, metem-se os coelhos ainda vivos, de um lado, e saem chapéus já prontos do outro!” in O Coração da Fábrica. Viagem ao mundo de “Unhas Negras” de Luis Costa, edição da Câmara Municipal de S. João da Madeira, 1987, p. 37.
 A Empresa Industrial de Chapelaria ficou conhecida em São João da Madeira como a "Fábrica Nova", foi fundada em 1914 por António José Oliveira Júnior. Este, um ex-operário, foi pioneiro ao introduzir ano de 1891 em São João da Madeira o fabrico do chapéu de pelo (coelho e lebre). Nas diferentes fábricas espalhadas pelo país, apenas era produzido o chapéu de lã grosseiro.
 Fábrica Nova em funcionamento onde se pode ver a mecanização do sector.

Imagens: Aníbal Lemos in LEMOS, Aníbal, “Imagens do Fim e do Princípio”, Câmara Municipal de São João da Madeira, São João da Madeira, 2001.

 Inovadora ao nível das técnicas de fabrico e sempre atualizada perante as necessidades de mercado será também desta empresa a responsabilidade pela introdução do chapéu de lã merina (lã fina), o chamado "chapéu da moda", por ser em tudo diferente do antigo chapéu de lã grosseiro até então produzido. Sendo a única empresa do País a possuir as máquinas e técnicas do fabrico deste chapéu, a Empresa Industrial de Chapelaria manterá durante muitos anos o monopólio do fabrico e venda deste artigo.
A Empresa Industrial de Chapelaria ou "Fábrica Nova", encerrada no ano de 1995, deu emprego e formação a diferentes gerações de chapeleiros e artífices que lhe dedicaram uma vida inteira de trabalho. Foi uma das mais importantes unidades fabris de São João da Madeira, albergando atualmente o Museu da Chapelaria, que sem dúvida vale a pena visitar.
 


quarta-feira, abril 03, 2013

Dança dos Homens - Lousa


A "Dança dos Homens" (Dança das Genébres ou da Farrombana) é uma dança considerada a reminiscência de um primitivo rito de passagem e é dançada somente nas festas de Maio, da Nossa Senhora do Alto dos Céus - na Lousa.
É dançada por um grupo de 9 elementos, 6 homens e três rapazinhos. Um dos homens toca a genebres e outros cinco tocam bandurras, a viola beiroa.
O traje difere entre os homens. Os seis homens mais velhos vestem calças e casaco branco, na cabeça levam a 'capela' espécie de capacete revestido de flores de papel e fitas. Os rapazinhos mais novos vestem roupas brancas de mulher, usam cordões e brincos de ouro ficam no centro da dança a tocar trinchos. São chamados as "madamas" ou "damas". Atualmente, estes últimos são representados por raparigas.
O homem que toca as genebres, volta e meia acomete contra as "madamas" e a assistência. "A dança consiste numa série de marcações cerimoniosas, lentas, reguladas por sinais tocados na genebres."


Dança dos Homens - Viola Beiroa e Genébres

Dança dos Homens - Homens com "Capelas" e "madamas"


Genébras