quarta-feira, outubro 06, 2010

O Barbeiro

Na sequência de duas imagens que encontrei no Arquivo Municipal de Lisboa, que retratam a profissão de barbeiro em dois contextos sociais diferentes resolvi aqui deixar o presente artigo em homenagem a essa profissão quase extinta.

O exercício do ofício de Barbeiro remonta à Antiguidade. Nesta época o Barbeiro era, simultaneamente, médico, cirurgião, dentista, cabeleireiro, quer de homens quer de mulheres, e amolador. Eram actividades que garantiam a independência económica e a consideração social de quem as exercia.
A Idade Média foi o período em que o ofício conheceu, por um lado, o apogeu e, por outro, o início de um conturbado período. A partir de finais do século XIII, Médicos e Barbeiros travaram uma luta no que respeita às actividades exercidas, ficando o Barbeiro impedido de receitar e de operar até ao século XVI, época em que lhe foi permitido, novamente, exercê-las.
O ofício de Barbeiro entra em franca decadência no século XVIII com a perda de serviços subsidiários, tais como os de médico, de dentista, de sangrador, de trabalho em cabeleiras, de amolador, de calista e de manicura. O Barbeiro ficou apenas com as barbas e os cortes de cabelo.
Para agravar a crise surgiu a gilete, cuja propaganda ajudou a implantar no mercado; a abertura de estabelecimentos, nomeadamente espanhóis, com outras condições e preços competitivos e a Grande Guerra, que generalizou o seu uso.
Perante a situação, o barbeiro tentou sobreviver vendendo no seu estabelecimento produtos diversos, tais como tabacos, perfumes, cutelarias, vinhos engarrafados, papelaria, loções, sabonetes, pentes, pastas e escovas de dentes.
Nos finais da década de sessenta do século XX a situação agravou-se com o aparecimento do Curso “Corte Francês”. Este curso foi criado com a “intenção de fazer uma reciclagem de barbeiros para cabeleireiros de homens”. Este curso implicava a utilização de novas técnicas, como a utilização da navalha no cabelo e do penteado com escova e secador. Muitos barbeiros passam a Cabeleireiros de Homens.
Foi neste contexto que o Ofício de Barbeiro viu diminuir o número de efectivos e actualmente, nos moldes tradicionais, tende a desaparecer.