quinta-feira, dezembro 29, 2011

sexta-feira, dezembro 16, 2011

Socos Minhotos


Estes magníficos exemplares de socos domingueiros usados na região minhota são oriundos de Braga ou Barcelos e fabricados entre o final do sec.XIX e início do sec.XX.
Socos (par) com rasto em madeira e gáspeas de couro de crute envernizada a preto. O rasto é composto por salto, enfranque e pata. O salto, afunilado, é forrado no topo a borracha (?) de cor preta; o enfranque é em espinha; a pata é afunilada e levantada. As gáspeas, que cobrem a parte
anterior do pé, diminuem progressivamente de altura, terminando na zona da calcanheira. A orla superior da abertura das gáspeas é debruada com uma tira de oleado (?) de cor preta. Na parte da frente, junto a essa abertura, surge um laço em tecido de algodão de cor preta, preso, ao centro, com uma fivela metálica de tom dourado. A parte de cima do rasto é forrado a pergamóide de cor preta. Este é aberto em círculos, na zona da calcanheira, por entre os quais se
vê um forro interior a papel de cor vermelha.
Dimensões (cm): altura: 6; largura: 10; comprimento: 26;

Fonte: http://facebook.com/viv.vilaverde

domingo, dezembro 11, 2011

A Etnografia no Postal Ilustrado

Por: Carlos Gomes


Desde os tempos mais remotos, o Homem procurou sempre conhecer diferentes terras e culturas, partir à descoberta de outras civilizações e povos com outros usos e costumes, tendência que foi sempre acentuada com o desenvolvimento da actividade mercantil, nomeadamente as grandes rotas comerciais e o estabelecimento das feiras medievais. Contudo, o turismo encarado enquanto mercadoria só veio a surgir com o aparecimento da sociedade moderna determinado pelo processo de industrialização dos meios de produção e a criação de novos bens de consumo. O turismo, incluindo as actividades sociais com ele relacionadas, constituiu assim mais um produto que visou a princípio satisfazer os prazeres de uma sociedade burguesa que pretendia ao mesmo tempo a sua afirmação social.
Mais do que reunir conhecimentos, o turista burguês procurava afirmar o seu cosmopolitismo e evidenciava-se como um coleccionador de bizarrias, entre as quais figuravam costumes típicos que se apresentavam estranhos ao senso comum do habitante da cidade que ignorava a existência humana para além do que lhe era dado a observar através das lunetas, nas noites de ópera no Teatro S. Carlos. É neste contexto que os trajes típicos das diferentes regiões do país surgem como uma curiosidade que é copiada pelas famílias burguesas como disfarces carnavalescos e se multiplicam postais e outras ilustrações retratando tão bizarros costumes para gáudio de pessoas consideradas civilizadas.
O aparecimento do postal ilustrado encontra-se associado ao turismo moderno que teve o seu advento sobretudo a partir dos começos do século XX. A Revolução Industrial operada no século XIX permitiu uma evolução notável das vias de comunicação, nomeadamente nos meios de transporte ferroviário e fluvial. Com elas veio também a instalação de grandes hotéis, casinos e outras formas de entretimento para os viajantes, muitos deles estrategicamente situados no centro das capitais ou junto às estações de comboio.
A partir de então, os países e os continentes tornaram-se mais próximos, encurtando substancialmente o tempo demorado em viagens. Entretanto, surgiu o automóvel e, com ele, a possibilidade de deslocar-se mais facilmente e conhecer novas paisagens.
Beneficiando do progresso então verificado que veio introduzir novos hábitos na sociedade, as pessoas começaram a viajar, partindo à descoberta de novas terras e novas gentes, procurando por esse meio também enriquecer os seus conhecimentos em contacto com novas realidades. À semelhança do que antes se verificava com as estadias nas termas, viajar passou também a constituir uma forma de afirmação do estatuto social das classes mais abastadas.
Mas a industrialização não se reflectiu apenas no desenvolvimento dos transportes e vias de comunicação. Também as artes gráficas registaram um progresso notável com o desenvolvimento da zincogravura e, mais tarde, o aparecimento da impressão em offset. Este avanço dos processos de impressão possibilitou um incremento e uma melhoria na qualidade da imprensa que se reflectiu na produção de uma maior quantidade de jornais, no aparecimento das revistas ilustradas, publicações para viajantes e, como não podia deixar de suceder, na invenção do postal ilustrado.
Ao visitar um determinado local, o viajante tem a possibilidade de enviar à família ou aos amigos uma recordação do local por onde passou, realçando os aspectos locais que mais lhe apraz visitar e, simultaneamente, fazer-se notar na sociedade. Em consequência, o postal ilustrado tornou-se um excelente meio de promoção turística.
O postal ilustrado nunca pretendeu constituir-se como um registo histórico de um acontecimento ou sequer da imagem num determinado espaço temporal. De resto, os seus editores nunca adquiriram o hábito de inserirem a data de edição, até porque, destinando-se a serem vendidos, os mesmos por vezes permaneciam nos expositores por largos períodos de tempo até se esgotarem as edições. Porém, com o decorrer do tempo, as imagens que o postal reproduz vieram de certa forma a tornar-se um documento histórico na medida em que acabaram por registar uma realidade que existia ao momento em que as imagens foram captadas para serem reproduzidas no postal.
Não obstante o registo constante do postal ilustrado poder documentar um determinado momento histórico, ele não é inteiramente fiável porquanto o mesmo registo é propositadamente alterado pelo editor segundo critérios estritamente comerciais. Épocas houve que as cores quentes eram acentuadas e introduzidos elementos não constantes como nuvens e flores para preencher os espaços vazios e conferir um colorido mais atraente, da mesma forma que actualmente se procede a autênticas operações de limpeza com o recurso a programas informáticos de tratamento de imagem.
Não dispondo o postal ilustrado de data de edição, apenas é possível calculá-la aproximadamente através da imagem que reproduz ou ainda das técnicas utilizadas e dos grafismos empregues, como sucede com a utilização da fotografia, a impressão a preto, as diferenças de formatos e tonalidade das cores, a serrilha e outros elementos estéticos aplicados na sua produção. Todos esses aspectos encontram-se directamente relacionados com a evolução dos meios de produção gráfica e ainda dos gostos gráficos e modas utilizadas em cada época.
Apesar das mudanças ocorridas, os motivos etnográficos nunca deixaram de constituir motivo de figuração no postal ilustrado. O viajante é sempre atraído pelo colorido do traje tradicional ou pela informação de natureza etnográfica que nele está contido. Não raras as vezes, o elemento etnográfico é mais representativo do que qualquer outro em relação a uma determinada região ou país, como sucede nomeadamente com o traje à vianense. É indiscutível que este e o galo de Barcelos são mundialmente mais conhecidos do que muitos monumentos do nosso país!
Fonte: Folclore de Portugal

quarta-feira, dezembro 07, 2011

A Franja do Xaile


Nenhum xaile fica completo sem a sua franja.
A técnica de franjar é tão antiga como a da confecção do próprio xaile.
Em Coimbra esta arte subsiste nas mãos da Dna Maria Alcides Rodrigues, que desde tenra idade confere aos mais ricos xailes o pormenor que lhes traz movimento e vida.
Os tipos de franjas referidos de seguida foram alguns dos mencionados por esta mestra, que, de memória e dedos ágeis, reproduz, com centenas de pequenos nós, franjas dos mais diversos motivos, das mais simples à mais complexa.
As franjas podem ser executadas a partir do próprio tecido ou utilizando fios e fitas de outro tipo de material, nomeadamente, seda ou lã.

Tipos de Franjas

Franja guardanapo – este é a franja mais simples e a base de trabalho para muitas outras, resulta do desfiar da trama e da urdidura, retirando tantos fios como o tamanho da franja pretendido.




Franja de grade – a franja é executada com um conjunto de pequenos nós, atados em distâncias iguais, simulando um engradamento.
Esta é a base de todos os restantes tipos de franjas, pois o que varia é a dimensão ou o feitio das franjas.






Existem ainda outros tipos como “rabo de porco”, “pastilha”, “aranha”, “esses”, etc., numa infinidade só limitada pela imaginação da franjadeira.

sexta-feira, dezembro 02, 2011