segunda-feira, julho 27, 2009

Traje de Peregrino – Entre Douro e Minho

A imagem que público hoje, está referenciada como um traje de peregrino de Entre Douro e Minho. Não é a primeira vez que vejo imagens deste trajo, mesmo noutras publicações, no entanto nada sei sobre a sua história.
Se algum dos meus leitores me puder ajudar, seria bom e enriquecedor para todos.
Fica o pedido de ajuda.

terça-feira, julho 21, 2009

Trajes de Trabalho no Arroz – Ribatejo

É no reinado de D. Dinis que surgem as primeiras referências escritas sobre a cultura do arroz, este destinava-se somente à mesa dos ricos. Posteriormente no séc. VXIII foram dados incentivos á produção deste cereal principalmente nas regiões dos estuários dos principais rios de Portugal.
No ano de 1900, a cultura do arroz era, em Portugal, limitada às “terras alagadiças dos vales do Vouga, Mondego, Sado, Mira e Guadiana”. Meio século depois, com o incremento verificado, o seu cultivo é efectuado em múltiplos municípios.
A expansão da cultura do arroz teve lugar por volta de 1909, após se ter elaborado um conjunto de regras para a preparação dos terrenos e da gestão da água, proporcionando assim, o cultivo de diferentes variedades de arroz.
A monda fazia-se com água pelo joelho, às vezes mesmo por cima dele. Daí as mondadeiras andarem descalças e trazerem as saias puxadas bem acima. Passar todo o dia em meio metro de água já fazia parte do quotidiano. O que atemorizava as mondadeiras era quando havia olheirões, zonas do canteiro onde a terra era menos consistente e, ao pisá-la, o corpo se enterrava pelo lodo adentro, ficando-se às vezes com água até ao peito. E depois havia os bichos: as cobras inofensivas mas com fama de malfazejas no imaginário popular, as sanguessugas que se agarravam às pernas, e por isso se usavam os canos, os bazarucos (bichos pretos com turquês que ferravam nos pés) e as camisolas - essas brancas e espalmadas mas que também tinham turquês e não se ficavam atrás na arte de ferrar. Ainda agora, trinta anos passados sobre os tempos em que andavam nos canteiros, as mondadeiras se arrepiam ao falar deste exército de impiedosos inimigos que permanentemente lhes ameaçavam as pernas e os pés.
Iguais riscos corriam os homens que, finda a monda, tratavam de adubar, com amónio, metidos nos canteiros aos dois e aos três, à ilharga uns dos outros, descalços e de calça arregaçada até ao joelho.
Embora mondadeiras por designação, essas mulheres executavam praticamente todos os trabalhos da campanha do arroz, desde a preparação dos viveiros, no fim do Inverno, até à ceifa, pelo Outono dentro. No peito, a força da vida. Na voz, o cantar das mondadeiras.

Somos um alegre rancho
Das mondadeiras de arroz
Que vem espalhando alegria
Com alegria na voz.

(Teresa Cavazzini)

Lá vão elas
Pela estrada de alcatrão,
Atraentes moças belas,
Onde brilha a sedução.
Lá vão elas,
Como a sina lhes propôs,
As donzelas,
Para a monda do arroz.

(Custódio Mira)



Mas as mondadeiras estão vivas e falam com muita vida de um tempo, cada vez mais distante, que já não sabem bem se foi bom se mau. Porque era dura a vida e pesada a labuta. Porque abundava o trabalho e se contava sempre com a alegria e o conforto do rancho.


O trajo da mondadeira do arroz: Saia de roda, de ganga ou de riscado, blusa de chita, avental de pano; duas ou três saias de baixo, recortadas, juntas à de cima e pregadas com alfinetes à volta de cada perna; a atar tudo, o nastro, espécie de cinta para ficar bem alto o conjunto; lenço colorido com motivos florais e, por altura do calor, um chapéu de palha por cima; canos nas pernas, geralmente escuros; pés descalços e enegrecidos, os sapatos eram apenas utilizados no caminho de e para o campo; nos braços, manguitos, de cotim ou de restos de meias velhas.

Trajo do homem do campo: usava barrete ou chapéu consoante a estação do ano, no inverno barrete, no verão chapéu, nem todos seguiam esta linha pois alguns só usavam uma peça todo o ano; camisa de algodão escura para não se notar o pó e o sujo, por cima uma camisa de riscado; colete e calças de cotim; ceroula atada em baixo e calças por cima arregaçadas, quando o trabalho era mais agreste despia-se as calças e ficava-se só com as ceroulas; os tamancos serviam só para as deslocações para o trabalho e deste para casa, mas a maioria andava descalça todo o ano, à excepção quando iam à vila.
O homem do campo andava sempre com a roupa e aconchegos preparados para as adversidades do trabalho ou do tempo, o lenço de assoar grande e de cor vermelho, servia também para pôr em redor do pescoço para não entrar pó, ou tapar o nariz e a boca, quando andavam nas eiras; a manta lobeira (ou cobertor de papas) serviam para o homem se resguardar das intempéries, frio, chuva, etc.

Imagens: Rancho Folclórico "Os Camponeses da Raposa" - Almeirim

quinta-feira, julho 16, 2009

Grupo Folclorico Português Alma Lusa comemora 50 anos

O Grupo Folclorico Português Alma Lusa comemora 50 anos de existência, com uma grandiosa festa no Paraná - Brasil.
Não sendo habito fazer este tipo de anúncios, também não podia deixar de o fazer já que se trata de um grupo que tem dedicado à divulgação das nossas tradições junto da comunidade portuguesa no Brasil, mantendo uma ligação cultural entre os luso-descendentes e o seu pais de origem.
50 Anos é uma bonita idade, digna de ser assinalada e festejada.
Parabéns!

Traje de Vale d'Este – Baixo Minho



O Traje de Vale d'Este é assim designado por ter tido maior predominância no vale onde corre o rio Este, afluente do rio Ave, e entrou em desuso nos princípios do século XX.
A moça que pertencia esta região envaidecia-se com o seu chapéuzinho de copa rasa, que enfeitava com fitas de veludo e lantejoulas e, descobrindo o busto, mostrava o colete bordado a seu gosto.
O trajo era assim composto por um pequeno chapelinho de feltro, guarnecido de veludo, plumas, borlas e fios de cores garridas, com fita de veludo em pontas pendentes para a nuca; lenço de tule branco bordado em pontas soltas; camisa de linho, ricamente bordada e adornada com rendas; colete de rabos ajustado na frente com cordão, frente e costas bordadas a preto ao gosto da moça; a saia é ampla de baetilha preta, fartamente rodada e "aparelhada" a veludo, cetim e vidrilhos; usa um pequeno avental, às riscas verticais das mais variadas cores, guarnecido de barra de veludo preto, tecido nos teares da aldeia; algibeira bordada a lãs; lenço bordado; meias brancas, rendadas, de linho ou algodão; chinelos de verniz, pespontas a branco; brincos e farto oiro no peito.

Fonte: Rancho Folclórico de Santa Maria de Aveleda

domingo, julho 05, 2009

Descarregador de peixe – Setúbal - Estremadura

De passagem por Setúbal não podia perder o 33º Festival Nacional de Folclore organizado pelo Rancho de Praias do Sado, que decorreu ontem, dia 4. Um espectáculo maravilhoso, num auditório extraordinário e com um público entusiasta.

Confesso que gostei tanto do que vi e ouvi, que me apeteceu homenagear esse grupo e essa cidade falando de um dos seus trajes mais simbólicos – o Descarregador de Peixe.

Tentei encontrar uma descrição deste traje mas não consegui, pelo que a exposição seguinte resulta apenas da minha observação, se algum dos leitores pretender acrescentar algo agradeço.

O traje do descarregador de peixe é composto por umas calças curtas e um casaco de cotim, veste ainda uma camisa de riscado. Na cabeça usa o seu principal instrumento de trabalho e o objecto que marca a sua actividade, um chapéu metálico de forma circular, com aba larga e profunda, sobre o qual transporta as canastras de pescado. Para proteger a cabeça da rigidez do metal, utiliza um lenço que amarra na nuca.

Anda descalço, pois a actividade assim o obrigam.

Noutras regiões e em actividades idênticas, havia o costume do peixe que caísse nestes chapéus reverteria a favor do descarregador, daí o andar bamboleante que adoptavam, não sei se é esse o caso, mas gostava de conhecer mais.