As manifestações exteriores de devoção ao Espírito Santo de maior expressão, são as «Visitas Pascais» ou vulgarmente denominadas «Visitas do Espírito Santo», que chegaram até aos nossos dias. Elas realizam-se entre o II Domingo da Páscoa e a solenidade da Ascensão. Entre os seus objectivos, está uma recolha de fundos para a Festa do Espírito Santo, para o «Bodo» ou a «Copa», para ajuda aos mais carenciados, ou para a fábrica da igreja, uma visita e bênção às famílias, levando até elas a presença da Páscoa.
Para o povo madeirense em geral, esta visita constitui uma verdadeira «Festa», pois reúne-se toda a família, para receber «O Espírito Santo», que vem abençoar a casa, a família. Os familiares mais chegados vêm de longe, convidam amigos e vizinhos, e todos podem participar da «Festa»: refeição melhorada, bolos, doces, bebidas licorosas, etc. Respira-se, normalmente, um espírito de fé, pois a visita é recebida com muito respeito e muita dignidade, e as ofertas costumam ser substanciais.
A Visita Pascal é, normalmente, presidida pelo Pároco, acompanhado por pessoas, homens ou mulheres, vestidos com opas vermelhas. Uma leva a Bandeira e outra o pendão com as Insígnias do Espírito Santo, que são beijadas pelos visitados, e ainda outra leva a bandeja ou «coroa» onde são depositadas as ofertas. Por vezes também ainda vai o ceptro, reminiscências das primeiras iniciativas que aproveitavam a Festa do Pentecostes, para demonstrar que o Espírito Santo é, de facto, o «Pai dos Pobres». Normalmente também vão duas «saloias», trajando de vermelho ou o traje típico regional, todas enfeitadas de ouro, as quais vão cantando os versos tradicionais do Espírito Santo. Podem ir ainda um ou dois tocadores de instrumentos regionais, sobretudo «Braguinha» e «Machete”, os quais podem ou não ser remunerados.
Nesta casa vai entrar
Mandado do Pai Eterno
Pra família abençoar.
Vinde Pai dos pobrezinhos
Esta família abençoai
A grandes e pequeninos
Vossas graças derramai.
As saloias trajavam e trajam, ainda hoje, vestido branco de linho, com botões de ouro no colarinho, manga curta franzida e saia também franzida.
Habitualmente o vestido é ornamentado com colares de ouro e folhas de alegra-campo verde. Sobre o cabelo trançado coloca-se uma carapuça enfeitada com colares e prendas de ouro.
Para completar o conjunto, bota chã e rica capa vermelha ornada de flores (perpétua amarela) e muitas prendas de ouro.
Artigos relacionados:
Trajes da Ilha da Madeira, Barrete de Orelhas, Carapuça, Técnica dos Bordados da Ilha da Madeira e História do Bordado da Ilha da Madeira
Sem comentários:
Enviar um comentário