segunda-feira, setembro 28, 2015

Trajes Femininos de ir á missa - Nordeste Transmontano


Traje de mulher abastada

Mantilha de Saragoça preta
Lenço de lã estampado com franjas
Camisa de linho
Colete/ Justilho de brocado de seda estampado
Faixa de Lã vermelha bordada em lã (dentro do colete) envolvendo o busto
Saiote de linho (enáguas)
Saiote de baeta verde com fitas de veludo
Saia de fora em saragoça preta com fitas de veludo
Avental (Mandil) de seda lavrada com aplicação de veludo roxo
Sapatos pretos
Argolas de ouro
Colar de contas filigranadas de ouro com cruz de ouro
 

Traje de mulher (com menos posses)

Lenço de lã estampada
Xaile de lã
Camisa de linho
Colete/Justilho de linho
Faixa de Lã vermelha (dentro do colete) envolvendo o busto
Saiote de linho (enáguas)
Saiote amarelo de baeta com bordados em lã
Saia de fora de burel verde sem ornamentos
Avental (Mandil) de burel castanho
Meias de lã
Botas de pele de borrego
Colar de contas de coral vermelho com cruz de prata

Fonte: Rui Magalhães

Outros artigos relacionados:
Trás-os-Montes - contextualização histórica ecultural; Caretos de Podence; Miranda do Douro; A Coroça; Trajo Feminino deMiranda do Douro; AS ALGIBEIRAS NO TRAJE POPULAR II; Capa de Honra de Mirandado Douro; Traje deFesta de Rio de Onor – Bragança;

segunda-feira, setembro 21, 2015

Traje da mulher de Almeirim – Ribatejo

O traje de festa da mulher de Almeirim era elegante, de cores vivas e atraentes, não havendo outro semelhante em toda a região ribatejana.
Rancho Folclórico da

A saia de cima, de castorina encarnada, era toda plissada, sendo ajustada na anca por meticulosos favos. As saias de baixo, de pano branco, eram rodadas e enfeitadas com folho e bordadas.

O casaco em chita, de modelo ao gosto da rapariga, arrematava atrás com “rabo de leque”, mais conhecido por “rabo de bacalhau”.

O avental era enfeitado com rendas ou caprichosamente bordado pelas mãos hábeis da rapariga, sendo atado por meio de um formoso laço.

Na cabeça, um vistoso lenço de merino ou de ramagens e aos ombros um cachené.

Calça meias brancas de carapuços, feitas à mão, e chinelas pretas.

Na anca, transporta uma algibeira rústica, onde guardava o lenço e outros objetos de uso pessoal.

Adornava-se naturalmente com ouro. Ricos brincos compridos ou argolas e ao pescoço um grande cordão, com uma peça (libra, medalhão, cruz, etc.).

sábado, setembro 12, 2015

Traje de Festa de Rio de Onor - Bragança


Homem:
Camisa de Linho (Camissa de Linho)
Colete (Jaleco) de Saragoça Preta. Nas costas tecido de estopa com picados em Saragoça.
Calção de alçapão (Pantalonas de alçapon) de Burel Castanho.
Meias de algodão
Botas com Sola de Madeira (Socos/Cholas)
Chapéu (Sombreiro) com fita de Seda

 

 
 
Mulher:
Lenço (Pano) de Lã estampada
Camisa de Linho (Camissa de Linho)
Colete de Brocado Preto (Justilho)
Faixa de Lã vermelha (dentro do colete) envolvendo o busto
Avental (Mandil) de burel com bordados em lã
Saia de Baieta de lã Roxa, com fitas de veludo
Saiote interior de lã vermelha
Algibeira de lã amarela com picado em tecido preto (faltriqueira)
Sapato Preto
Colar de contas de azeviche preto com cruz de prata
Complemento - Pandeireta para animar os bailes

Nota: Os nomes a negrito encontram-se em dialecto de Rio de Onor.

Fonte: Rui Magalhães
 
Outros artigos relacionados:

domingo, setembro 06, 2015

Trás-os-Montes - contextualização histórica e cultural


É com imensa satisfação que recebo a colaboração do Rui Magalhães e passo a publicar alguns dos seus textos sobre os trajes transmontanos.
Como o próprio me salientou, não se pode falar dos trajes transmontanos e das suas particularidades sem uma prévia introdução no tempo e no espaço que o mesmo fez o favor de produzir.

Obrigado Rui.
-----------------------------------------------

Por Rui Magalhães

Vou contextualizar historicamente e culturalmente a nossa zona, principalmente através de investigações sobre a área cultural da língua Ásturo-leonesa falada em Portugal, ou seja, o Mirandês (nos concelhos de Miranda, parte de Vimioso, e em aldeias de Mogadouro) e outras variedades do mesmo Asturo-leonês, como o Riodonorês e o Guadramilês, dialectos de Deilão e Petisqueira, faladas no concelho de Bragança, e muitas outras variedades de Português influenciadas pela língua Leonesa no Nordeste Transmontano.

Em Espanha, o Asturo-leonês é falado nas Astúrias e nas províncias de Leão e de Zamora.

Contextualizo com o factor língua Ásturo-leonesa, pelo simples motivo de que há muitos documentos sobre essa temática, contextualizando a cultura a ela inerente e as vicissitudes histórias da mesma área.

Muitos autores (nacionais e estrageiros), reconhecidos, nacional e internacionalmente, se debruçaram-se sobre o tema e ao mesmo tempo investigaram as origens históricas da nossa zona, tudo isto, consequentemente ajudará a entender a cultura local, que não podemos querer simplificar nem explicar com base noutras regiões que careçam do mesmo contexto histórico e cultural.

Breve História da Região

Em 297 d.C. dá-se a definitiva divisão administrativa da Península Ibérica.
A zona hoje ocupada pela antiga Terra de Miranda (muito maior que o actual concelho de Miranda, incluindo na época o concelho Miranda do Douro, grande parte do concelho de Bragança e concelhos de Vimioso e Mogadouro) no nordeste Transmontano, ficou a pertencer ao Conventus Iuridicus de Asturica Augusta (Astorga – Leão) e não ao de Bracara Augusta, como o resto de Trás-os-Montes.

Assim, a zona da antiga Terra de Miranda não pertenceu desde o início ao território posteriormente ocupado pelo Condado Portucalense, daí que por exemplo a língua aí falada não pertencesse ao sistema Galego-Português (a que pertence a língua Portuguesa) mas sim ao sistema Asturo-leonês (a que também pertence a língua Asturiana e os falares antigos da província de Zamora e Leão em Espanha).

Entre o séc. VII/VIII e XII a Terra de Miranda pertenceu à Diocese de Astorga (Leão/Espanha, mesmo fazendo parte de Portugal) e não à de Braga (como o resto do norte do país).

As Inquirições de Afonso III informam-nos de que a Terra de Miranda, entre os sécs. XII e XIV, foi recolonizada com gentes oriundas das terras de Leão em Espanha; recolonização essa, em que o papel primordial foi desempenhado pelos mosteiros cistercienses de Sta. Maria de Moreruela (Zamora/Espanha) e de S. Martinho de Castanheda (Zamora/Espanha), assim como pelo Mosteiro de Castro de Avelãs de Bragança (afiliado ao de S. M. de Castanheda), pela Ordem dos Templários de Alcanhices (Zamora/Espanha) e vários particulares.

Esta colonização, realizada numa região ainda hoje de baixa densidade populacional (39) e então decerto pouco menos de deserta, estendeu-se desde o princípio do século XIII até ao século XV, como admitiram o Abade de Baçal e Leite de Vasconcelos (40) – tempo mais que suficiente, se não para o estabelecimento, pelo menos para a fixação do dialecto leonês e cultura afim em terras já politicamente portuguesas.

Tudo isto ajudou a que a zona hoje ocupada pela antiga Terra de Miranda mantivesse, num período assaz importante para a história da língua Portuguesa, relações privilegiadas com as terras do antigo Reino de Leão e que a língua leonesa ocidental, idioma originário do Conventus de Asturica Augusta, se fosse reciclando em terras portuguesas, pelo menos, até ao séc. XIV.

Além da divisão dos reinos de Portugal e Leão em 1143 e do estabelecimento das fronteirasno tratado de Alcañices (1297), manteve-se uma unidade social e cultural entre as Terras de Miranda e as regiões espanholas de Aliste e Sayago (Zamora): um dialecto parente, as mesmas canções e melodias, a utilização de instrumentos parecidos e uma raiz comum dos costumes festivos, como, por exemplo, se mostra na  danza de palos (Matellán 1987: 43).

Uma outra questão que nos poderíamos colocar, é: «Como é que a língua leonesa se manteve até 1882, quando Leite de Vasconcelos a deu a conhecer e como conseguiu sobreviver até aos nossos dias?».

E porque teriam subsistido até hoje os dialectos leoneses e a particular etnografia e folclore desta região?

Por duas razões:

A primeira: O isolamento dessa região em relação ao resto do país, a que já Leite de Vasconcelos (Estudos 2, II) se referiu,

e a segunda, em parte consequência daquela: O singular contacto com as vizinhas terras do antigo reino de Leão, sobretudo terras de Aliste, Sanabria e Sayago - Zamora.

O isolamento desta zona com respeito ao resto do país e, pelo contrário, o contacto íntimo, quer fosse comercial, quer fosse social (casamentos) ou de convivência, fosse ela festiva ou laboral, sobretudo com os povos das regiões Zamoranas de Aliste, Sayago e Sanabria permitem explicar a sua conservação até aos nossos dias.

Do difícil acesso ao território mirandês por exemplo, fala-nos a narração quase heróica da viagem que Leite de Vasconcelos empreendeu do Porto a Deus Igrejas em 1883 e em que gastou cinco dias (58)!

O caminho-de-ferro só recentemente (1938) chegou a Duas Igrejas e restante zona Leste Transmontana (59).

Essa distância, junto com o facto de essa zona se encontrar numa zona até há pouco, esquecida, fez com que a língua Mirandesa e as manifestações folclóricas e etnográficas associadas ao espaço cultural específico ali ficassem como que de quarentena à espera de ser redescoberto por alguém como Leite de Vasconcelos.

De facto, até há cinquenta ou sessenta anos atrás chegar ao leste de Trás-os-Montes era bastante difícil graças aos maus acessos rodoviários.

Sobre as relações com o país vizinho falam-nos vários documentos publicados pelo Abade de Baçal (60) em que, desde D. João I a D. João III, se facilita o intercâmbio comercial entre esta região e os habitantes das terras de Aliste, Sayago e Sanabria.

Um deles porém (61) mostra-nos que essas relações não se limitavam ao comércio, mas que eram frequentes os casamentos e convívios diversos entre os dois lados da fronteira.

No final do século passado refere-se Leite de Vasconcelos (62) «às relações constantes com os espanhóis», que chegavam ao ponto de que alguns habitantes das aldeias raianas podiam, e podem na actualidade, falar com fluência o castelhano, além da sua própria língua (Mirandês ou outros dialectos Leoneses) e o português (trilingues).

Durante todos estes séculos o Português era, obviamente, conhecido mas usado apenas com os forasteiros: «os mirandeses fallam o mirandês entre si, empregando o português quando se dirigem a estranhos»

A primeira língua aprendida pelos falantes dessa região era o Mirandês ou as variedades do mesmo domínio linguístico Asturo-leonês (em aldeias do concelho de Bragança).

Diz-nos Leite de Vasconcelos: «A lingoa mirandesa é puramente doméstica, por assim dizer, a lingoa do lar, do campo e do amor: com um estranho o aldeão falla logo português. Como porém, em Duas-Igrejas todos sabiam ao que eu ia, fallavam mirandês comigo, e, quando eu por acaso lhes dirigia a palavra nesta ultima lingoa, elles riam-se muito, porque achavam o caso um pouco singular».

Penso que este enquadramento, facilita, para alguém que não é da zona ou que não tenha muitos conhecimentos sobre a mesma, contextualizar e entender o porque de haver uma cultura secular em que apesar da existência de fronteiras politicas, nunca teve fronteiras culturais, antes sim uma cultura em muitos aspectos comum nesta parte do distrito de Bragança e as zonas fronteiriça sobretudo da província de Zamora (Esta zona fronteiriça está culturalmente individualizada em relação ao resto da província de Zamora).

Notar também e que é importante, que apesar dessas vicissitudes, as pessoas sempre tiveram sentido de pertença à pátria, nunca se sentindo "Espanhois".

Além da província de Zamora (Castilha e Leão), que é a que abarca uma área maior de contacto/fronteira, estas particularidades ocorrem também em zonas fronteiriças com Galiza oriental, culturalmente um pouco diferente, sobretudo no concelho de Vinhais e aldeias no limite ocidental do concelho de Bragança, mas desta feita

Sabendo isto, entenderá que não se poderá dizer por exemplo que os trajes em Rio de Onor ou de qualquer outra aldeia, tem ou não influencia Espanhola, simplesmente eram os trajes da gente da terra, os trajes que conheciam e produziam com as próprias mãos, fruto das suas vivencias, tradições e cultura, aos quais tinham amor, e aos quais nós não podemos ter a pretensão de querer atribuir nacionalidades.

Penso que também ajudará a entender o facto de que uma grande parte do Romanceiro tradicional antigo, cantigas de festa, de trabalho e danças do leste transmontano, mesmo de áreas que não estão imediatamente na faixa fronteiriça, possam estar em língua castelhana pura, a par com muitos outras em Português e Mirandês, podem ser importações, mas são antiquíssimas, por isso, fazem parte há seculos da cultura popular do povo do nordeste transmontano, a gente aqui não se preocupava com as línguas.

Em Espanha os etnógrafos e associações estudiosas do tema, sobretudo das zonas de Aliste, Sanábria e Sayago (zonas concretas conservadoras e igualmente isoladas, em que os trajes regionais são conhecidos como sendo parecidos aos do leste transmontano), tem consciência que tem uma cultura em muitos aspectos comum com a nossa.

Não se tem que ter a obrigação de conhecer estas particularidades, nós aqui temos essa consciência que para se conhecer e entender alguns trajes, usos e costumes do nosso povo teremos que conhecer também a região fronteiriça vizinha, os nossos vizinhos do outro lado tem-na em relação a nós, transmontanos e Portugueses.

terça-feira, setembro 01, 2015

Romaria da Srª da Agonia, Viana do Castelo


Como não poderia deixar de ser, em período de férias era obrigatória a presença na maior romaria do Minho que tão bem celebra o seu traje regional.
Ficam algumas imagens dos muitos trajes que por lá desfilaram.