terça-feira, janeiro 27, 2009

Camponesa - Montargil - Alentejo

A freguesia de Montargil situa-se numa zona de transição Alentejo/Ribatejo, mas o seu folclore reflecte ainda o facto de durante muitos anos, embora sazonalmente, aqui terem trabalhado pessoas vindas de outras terras, caso dos “tiradores de cortiça” do Algarve, e dos “ratinhos” vindos das Beiras em “tempo de ceifa”, É a aculturação, é o encontro de culturas, é o moldar de uma cultura muito específica.
É essencialmente uma “comunidade rural”, com a sua identidade não quer abdicar e maneira de ser, que o Rancho Folclórico de Montargil tenta preservar e divulgar.
O traje ou a “Copa”, era noutros tempos um factor que muito caracterizava quem o vestia, e o Rancho Folclórico de Montargil apresenta o mais fiel possível a “copa” que os seus antepassados usaram.
Vestia-se pobre em Montargil, o que não significa que em especial a mulher não vestisse “bonito “.O fato de “camponesa” era sempre igual, com uma ou outra pequena alteração em função da actividade que ia desempenhar, e a natural mudança de utensílio de trabalho.
Tanto quanto sabemos, este trajo de camponesa é característico unicamente desta região de transição entre o Alentejo e o Ribatejo, o que demonstra bem como localmente se criou uma cultura muito própria.
Era constituído pelas seguintes peças:
Blusa com abas e” mangos” (estes de meia velha ou do riscado da saia); Saia de riscado escuro, arregaçada e atada no cós.” Podendo no entanto usar uma saia mais curta, que não seria arregaçada”. Ceroulas de ganga atadas nos tornozelos com fitas de nastro; Chapéu sobre o lenço, e este, consoante o trabalho, atado atrás, em cima sobre o chapéu ou à frente; Meias escuras de cordão; Sapato de atanado e sola, sendo que, dependendo do trabalho executado, podiam andar descalças.
Refira-se ainda, que quando a caminho do trabalho, algumas camponesas levavam um curto avental que tiravam ao chegar lá. Era também nessa altura que, e se disso fosse caso a saia era arregaçada e presa no cós.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Trajos de Poiares – Alto Minho

Poiares é uma freguesia situada na margem direita do rio Neiva, dista cerca de quinze quilómetros da sede do concelho, Ponte de Lima.














O Rancho Folclórico e Etnográfico da Casa do Povo de Poiares é um digno representante do folclore do Alto Minho, pelo que apresentam assim os seus trajos:

Trajes das Mulheres

Em dias festivos o nosso povo sempre conservou uma nítida diferença entre os vestidos domingueiros ou a roupa que vem de Deus e a roupa do trabalho, própria para todos os dias.

As proprietárias mais abastadas, não lavradeiras vestiam saia de casmira, meio balão, pano escuro de boa qualidade, pouco ornamentados apenas com uma ou duas bastas. Era ainda a saia do casamento porque faltava o dinheiro para repetir a compra. O casaco denominado casibeque, também de boa fazenda, curto e enfeitado nos punhos e na orla do mesmo, na cabeça usavam um lenço de seda de cor honesta, cobria-lhes toda esta indumentária uma capa bastante farta, de pano azul ou cor pinhão, e que acompanhava a saia.

A classe das lavradeiras socialmente inferior mas muito numerosa usava saia tecidas em casa com estopa e lã e/ou lã e algodão e/ou lã e carduz. Algumas levavam bastas de cor azul, verde ou vermelho escuro. As barras eram de cor castanha, preta ou azul, traçado sobre o peito e atado nas costas usavam um lenço/xaile denominado lenço do pescoço. A blusa era de linho fino e muito branco e as mangas cobriam todo o braço até ao pulso, com pregas nos ombros e bordados nos punhos. Usavam contas e cordões de ouro e as mais abastadas usavam uma corrente de ouro do feitio de uma corda. As contas de ouro eram usadas por algumas nos dias de semana, das orelhas pendiam valiosos brincos de ouro denominados brincos à rainha.


Nos dias mais solenes calçavam chinelas de cabedal e meias de linho, sobre a saia colocavam um avental preto recamado de guarnições como vidrinhos e lantejoulas.

A classe pobre usava saia de chita, quase sempre do mesmo tipo, lenço da cabeça quase sempre de linho com ramos bordados nos cantos em pontos cheios e uma silva a fazer a barra do lenço.

As classes de lavradeiras e pobres quando iam à igreja levavam um lenço preto sobre os ombros e no tempo de preto (luto) levavam sobre a cabeça. Calçavam tamancos ou andavam a pé descalço, o avental era grande, simples e de pano barato. Usavam a saia com uma faixa.

Traje dos Homens

Os abastados, trajavam economicamente, porque um fato durava-lhes toda a vida, usavam um chapéu encascado, casaco de cinta, colete em gola, pano azul ou preto. Sapato raso ou bota alta no Inverno, para agasalho sobre os ombros um xaile marenta e de bom tecido ou uma capa casaca.

A classe média trajava um chapéu bastante desavado em felpo vulgarmente chamado por "chapéu braguês", quase sempre preto e grosseiro, o colete e o casaco eram quase sempre do mesmo pano, de fraca estopa, mesela, briche ou saragoça. Calçavam tamancos ou sapatos baixos, quase sempre sem meias, de Inverno usavam meias de lã, a camisa era de linho para os dias de festa, para os dias de trabalho era de estopa.

A terceira classe usava chapéu de felpo, grosseiro, de cor preta, camisa de estopa, casaco curto de briche ou saragoça. Calças de lã tecidas em casa e no Verão pano de estopa branco, as calças de alçapão, calçavam tamancos, chancas ou andavam descalços. No Inverno o traje era chancas, meias de lã, calças de lã, camisa de estopa, colete de lã com costas de cor diversa. No Verão o traje era todo de linho e calçavam socos.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Aguadeira – Mira – Beira-Litoral


A aguadeira tinha uma função muito importante, aplacar a sede a quem trabalhava no campo e é uma figura recorrente em muitas regiões do país. O seu trajo não era muito diferente das demais trabalhadoras rurais, muitas vezes era escolhida para a função por ser mais nova ou a mais velha, quem mandava escolhia.

Este trajo, pertencente ao grupo folclórico poço da cruz, é composto por saia e blusa de chita, um tecido barato, avental de popelina, 2 saiotes de popelina e 1 de flanela vermelho. Na cintura, transporta uma algibeira e uma cinta cor de vinho ou vermelha.

Na cabeça o lenço de cachené e o chapéu gandarez, que por ser de trabalho não de possuir pena, nem borboleta. Calça tamancos.

Para transporte da cântara de barro usa uma rodilha de trapos e para dar de beber uma caneca e prato de barro

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