A Carapuça é um barrete de forma cónica usado na Madeira nos séculos XVIII e XIX, influenciado pelo gorro medieval e carapuços portugueses. De um barrete que cobria toda a cabeça, evoluiu para uma forma extremamente elegante, quase de adorno.
Barrow que esteve na Madeira em 1790 diz que as mulheres "traziam um capacete na cabeça", não mais, que o antecedente da carapuça. Confirma-o a indispensável iconografia: "Antiga carapuça", W. Combe, 1821; "Dress of the Country People of Madeira", N.C. Pita, 1802. Esta, a carapuça, é identificada também por Diogo de Tovar e Albuquerque em 1807: "os homens (...) vestem sempre uma carapuça de pano, unida à cabeça com duas pequenas orelhas".
Este tipo de chapéu, chamemos-lhe assim, aparece nos finais do séc. XVIII e até 1782 nenhuma informação concreta existe a seu respeito. Admite-se que antes da carapuça se usava "um barrete de lã encarnado ou azul". Segundo alguns etnógrafos é filiada no toucado grego, no gorro medieval, na proveniência semita, em motivos arabescos e orientalizantes e no uso de algumas populações portuguesas.A carapuça aparece delineada em alguns desenhos datados de 1820. Na descrição destas aparece sempre, em pormenor, um "barrete do tipo carapuço de boca larga", no homem, e, na mulher, também "um barrete ... bastante mais largo que os que chegaram até nós ..." Para já não referir, e apenas nestas estampas, o aspecto policromo e a natureza da restante indumentária. Todavia não nos passa despercebido nos "Country Musicians", no músico que está ao centro e toca violino o uso de um "chapéu de aba redonda e larga, copa cilíndrica, não muito alta", em contraste com as carapuças dos vilões laterais.
Este barrete madeirense, que foi capacete para Barrow, aparece, segundo se julga em Rubens e é carapuça durante o século passado, evolui a meados daquele para "atavio" e Cabral do Nascimento crisma-o de uma forma extremamente elegante, assim: - é "pura janotice como a rosa no cabelo das andaluzas".
A carapuça cai em desuso desde 1870 sucedendo-lhe o lenço e a mantilha na mulher e no homem o "barrete de orelhas", o "boné de pala" trazido das Américas pelos emigrantes, e os "barretes de lã preta"e consequentes variantes em algumas freguesias da Madeira: ninho, rodado, solideu...
Na freguesia de Santana em 1895 o Cónego Vaz assistiu "ao funeral das duas últimas carapuças" e na vizinha S. Jorge que contrasta sempre em alegria com a primeira não conheceu carapuças mas os "trabalhadores" "usavam barrete de lã" e os "lavradores" "boné de fazenda escura e pala de verniz". Destes se recrutavam "os homens bons para a edilidade do concelho”.
Fonte: Laurindo de Góis, José, ANTIGOS BARRETES MADEIRENSES in "Da Indumentária e Indústrias Madeirenses", Revista Atlântico, Vol.6, p. 85-91.
2 comentários:
Boa Tarde,
Muitos Parabéns pela continuidade deste blogue, pela quantidade de pessoas que já o visitaram, pela qualidade e diversidade de trajes aqui apresentados.
Duas questões: Existe algum link para eu fazer pesquisa no próprio blogue?
Já aqui apresentas-te algo sobre trajes utilizados no Carnaval?
Adorei a noite de ontem....
Cumprimentos,
Bjs e abraços.
Parabéns pelo pelo trabalho que tem realizado, neste espaço.
Peço no entanto que coloque por favor os links de onde retirou a informação. Neste caso da Carapuça, mesmo tendo a fonte, houve selecção do texto e introdução de imagens.
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