Como trajo de cerimónia por excelência, esta camisa acompanhou o seu proprietário ao longo da vida, apenas vestida em ocasiões especiais e tê-lo-ia acompanhado na mortalha, o que não ocorreu se por qualquer razão do acaso.
Esta camisa foi confeccionada em estopa de linho branco, bordado a ponto de Guimarães a branco e a ponto cruz com fio de algodão vermelho, formando legenda enquadrada por moldura de motivos florais e enrolamentos.
De corte tradicional, apresenta sobre a gola, ombros e todo o peitilho bordados a branco, cujos pontos ficaram conhecidos pelo nome de “crivo”, “nó”, “mercões”, “favos” e “canutilhos”. Sob o peitilho a legenda AMIZADE em ponto cruz.
A.L. de Carvalho, in Os Mestres de Guimarães, sobre a camisa de linho do lavrador de Guimarães escreve:
“…Quem lhe teceu o pano e costurou, a bordou, foram as obreiras rurais, que vivem paredes-meias com o lavrador.
O peito, o colarinho, as ombreiras, são bordadas a branco. Só a carcela é bordada a vermelho. Pontos: “mercões” e “favos”.
Esta camisa é o luxinho do lavrador, quando aparelhada com a jaqueta de alamares de prata, guarnecida a sutache e fita preta.
Tão rica – que nem a camisa da lavradeira lhe chega!”
Fonte: O Ponto de Cruz – a grande encruzilhada do imaginário – Museu de Arte Popular – 1998
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