terça-feira, dezembro 19, 2006

Tradições de Natal

Muito embora este blog tenho como objectivo a divulgação de trajes populares portugueses, parece-me poder abrir uma excepção para falar de algumas tradições natalícias muito enraizadas em Portugal, aproveitando para desejar a desejar a todos os visitantes um
Feliz e Santo Natal

Presépio

Na origem deste costume encontram-se as esculturas e quadros que enfeitam o templos para doutrinar fieis analfabetos e as representações teatrais semilitúrgicas que se representavam durante a missa de natal. Mas a tradição gerou-se no século XIII quando São Francisco de Assis quis celebrar o natal o mais realista possível, e com a permissão papal instalou um presépio de palha dentro de uma cova, pôs a imagem do menino Jesus um boi e um burro vivos perto dela. E nesse cenário celebrou-se em 1223 a missa de natal. O sucesso desta humilde representação do presépio foi tal que rapidamente se estendeu por toda a Itália. Logo se introduziu nas casas nobres europeias e de lá foi descendo até ás classes mais pobres. Na Espanha, a tradição chegou pela mão do monarca Carlos III, que a importou de Nápoles no século XVIII. A sua popularidade nos lares espanhóis, portugueses e latino americanos estendeu-se ao longo do século XIX e a França não o fez até inícios do século XX.

Missa do galo

Assim se conhece a missa que se celebra na noite de natal. A sua denominação provêm de uma fábula que afirma que foi este animal o primeiro a presenciar o nascimento de Jesus, ficando encarregado de anunciá-lo ao mundo. Até ao começo de século XX era costume que á meia-noite fosse anunciado dentro do templo por um cante de galo, real ou simulado. Esta missa apareceu no século V e a partir da idade média transformou-se em celebração jubilosa longe do carácter solene com que hoje a conhecemos. Até princípios do século XX perdurou o costume de reservar aos pastores congregados ali o privilégio de serem os primeiros a adorar o menino Jesus. Durante a adoração, as mulheres depositavam doces caseiros, que logo trocavam por pão bento, ou seja pão de natal. Era também costume reservar um bocado deste pão como amuleto ao qual só se podia recorrer em caso de doença grave. Outra tradição que perdurou é a de estriar nessa noite uma peça de roupa com a qual se afastava o demónio. Em algumas regiões esta missa celebra-se durante as primeiras horas do dia.
Na maioria dos países é tradição que toda a família acuda a ela unida sendo o momento mais importante das festas natalícias.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Trajes do Ribatejo – Santarém

As danças e cantares ribatejanas da região do Bairro são particularmente enriquecidas de pormenores artísticos, repousadas, elegantes e harmoniosas. Os seus trajes são sóbrios como, aliás, é o próprio panorama da zona onde vivem.

Os trajes das mulheres são de cores variadas, mas com predominância para os tons discretos. As saias podem ser azuis, pretas, verdes e castanhas. Já as blusas são mais claras e os aventais (quando envergados) de cores mais vivas e lenços de cabeça pouco garridos.
Quanto ao traje do homem o mais importante é o de "Cerimónia" ou "Domingueiro", totalmente preto e constituído por calças de cós alto e polaina, com bolsos direitos, colete preto, camisa branca de peitilho e sapatos de salto de prateleira.

Durante a semana, eram usadas roupas de cortes mais simples e tecidos mais baratos.
Os homens envergavam roupas de cotim e camisa de riscado e as mulheres, saias, blusas e aventais de riscado, chita ou algodões fracos. Assim se ataviavam para as lides do campo, mas também como as roupas de caminho, aquando se deslocavam para o campo ou à vila de Santarém em alturas não festivas, como por exemplo, para arranjar trabalho ou à segunda-feira da parte da manhã, no mercado.

Em dias festivos, as mulheres envergam saias franzidas de barriga lisa que podem ser azuis, pretas, verdes e castanhas. Já as blusas de aba e de quartinhos são mais claras, aventais de cores mais vivas, enfeitados com rendas e lenços de cabeça pouco garridos. Diziam as raparigas do 1º quartel de 1900, "que eram as antigas que usavam as blusas por cima do avental", aparecendo assim a moda dos aventais espartilhados colocados por cima da blusa. Em alturas de mais gabarito, era retirado o avental. Por influência citadina vão sendo introduzidos novos tecidos e novas peças, como os armures e os trajos de casaca, assim, como os “Vestidos”, trajo de saia e casaca do mesmo tecido, normalmente em lã e envergado no início de 1900 nos nossos lugares pelas raparigas mais abastadas.
Os homens envergavam fato preto de jaqueta de alamares e calça de cós alto e polaina, com bolsos direitos, colete preto, camisa branca de peitilho e sapatos de prateleira. Normalmente usava-se barrete preto, o chapéu, era envergado por pessoas mais abastadas ou em alturas de maior cerimónia. Com o tempo os alamares da jaqueta caíram em desuso, sendo substituídos por botões de massa.

Em dia de casamento, o noivo vestia traje de cerimónia. Para assinalar de modo único esse dia, mostrava com vaidade, no peito, o lenço de compromisso bordado pela sua noiva. Em tudo o mais, o fato não detinha nenhuma particularidade excepto na flor que colocava ao peito. A noiva usava vestido de lã.
As cores mais vulgares para quem podia dar-se ao luxo de comprar um fato para o dia do seu casamento eram azul sulfato, o verde azeitona, a cor da flor do alecrim (…). Para a cerimónia, a rapariga cobria a cabeça com um lenço de seda fino ou com uma mantilha de renda. O seu peito era adornado com um cordão de ouro (o dote), flor de laranjeira e na mão um ramo de flores da época. É este o traje de cerimónia por excelência


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