Publico
hoje os dois últimos capítulos do trabalho da Prof.ª Dr.ª Daniela Araújo sobre
a Croça, fruto do seu extraordinário trabalho de recolha junto da população do
Montalegre, que esta divulgou no seu blog Uma Ovelha no Quintal.
A CROÇA V
A croça tem dez carreiras. Mas a estrutura da peça é complexa. A croça é
composta por duas partes que se unem na segunda e na sétima carreira: a capa,
isto é, a parte mais larga da croça que protege o tronco e as abanetas.
É na segunda carreira que as abanetas, uma espécie de colete comprido que
se prolonga quase até aos pés, têm o primeiro ponto de união com a capa.
Essa união é feita através de três tranças (veja-se imagem 25).
O segundo ponto de união ocorre na sétima carreira quando se considera o
conjunto da peça, porque quando se consideram apenas as abanetas, essa ligação
dá-se na quinta carreira.
Isto significa que, uma parte das abanetas, correspondentes às quatro
primeiras carreiras, é construída de forma independente do resto da croça. Depois,
tudo se interliga.
Estas quatro primeiras carreiras das abanetas são construídas com pontos
mais simples do que aqueles que são usados nas restantes carreiras. Daí resulta
que os dois lados dessas quatro carreiras são iguais, isto é, há pano de um lado
e de outro (confirme-se na imagem 26).
A sexta carreira (imagem 27) é uma mini-carreira. Vista de fora corresponde
ao rabo da croça.
Tenho andado a fazer esboços da croça, contando carreiras, percebendo como
é que o interior e o exterior da peça se articulam. Algumas dúvidas subsistem.
O Sr. Constantino já me prometeu que não começa a fazer as abanetas sem eu
estar presente, o que há-de acontecer lá para o início de janeiro.
E ainda lhe vou pedir
para experimentar fazer os dois tipos de pontos. E fazer-lhe muitas mais
perguntas.
Imagem 25 |
Imagem 26 |
Imagem 27 |
A
CROÇA VI
Ainda sobre as abanetas da croça. Três tranças que partem da segunda
carreira da croça (imagem 28). Como já referi anteriormente, a croça é composta por 10 carreiras. É
na quinta carreira das abanetas que estas são ligadas à peça. Mas é na sétima
carreira, considerando-se a peça no seu conjunto, que essa ligação ocorre.
Imagem 28 |
Essas três tranças que são o ponto de partida das duas abanetas, vão-se
prolongar a todo o comprimento das mesmas, mesmo depois das abanetas serem
integradas no conjunto da peça. À semelhança do que sucede com todas as outras
carreiras, também as carreiras das abanetas são sempre tecidas da esquerda para
a direita.
Imagem 29 |
Na Imagem 29, pode ver-se, em detalhe, a execução do primeiro ponto, da sétima carreira, de ligação de uma das abanetas ao conjunto da peça.
Imagem 30 |
Os pontos que são utilizados nas primeiras quatro carreiras das abanetas
são pontos simples. E nestas quatro carreiras também não há diferença entre o
exterior e o interior das carreiras, ou seja, é pano visto de um lado e
do outro. No final de cada carreira (nas quatro primeiras carreiras), a trança
horizontal volta um ponto para trás e depois é torcida verticalmente (imagem 30).
Essa trança é depois integrada nos pontos da carreira seguinte, diluindo-se a
torcedura nessa carreira. E em cada carreira repete-se o processo.
Imagem 31 |
Na imagem 31 pode observar-se a execução da casa para o botão das abanetas. As
abanetas possuem dois botões com as respetivas casas. Se contarmos com o botão
(e casa) da primeira carreira da peça, temos um total de três botões na croça.
Em
datas anteriores foram publicados os seguintes capítulos "A Croça I-Montalegre", "A Croça II", "A Croça III", "A Croça IV".
Fonte: UmaOvelha no Quintal
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