quinta-feira, julho 11, 2013

COMO DEVEMOS INTERPRETAR AS FOTOS DE ESTÚDIO

Brito Aranha em 1878 escreveu no “Universo Ilustrado”: “Todos sabem que o senhor Carlos Relvas é o primeiro fotógrafo amador em Portugal e um dos primeiros no estrangeiro, e que a sua galeria e o seu laboratório fotográfico excedem o que possa imaginar-se em luxo de ornamentações, em abundância de espécimenes resplandecentes e em profusão de máquinas e utensílios dos melhores autores”. Mais recentemente, Michael Gray, conservador do museu de fotografia Fox Talbot, disse ao Jornal Expresso em 1998: “É uma das mais importantes estruturas na Europa ligadas à fotografia. Não há nada de comparável que seja conhecido. Além disso, é um património não só de Portugal mas da Europa, e a Europa também se devia mobilizar para o proteger, bem como para tornar conhecido o trabalho de Relvas. Mas é um trabalho que devia começar por Portugal”. Apesar de tudo isto, Carlos Relvas e o seu trabalho, continuam praticamente desconhecidos quer em Portugal, quer no Mundo. O processo fotográfico atual, pouco varia do processo do início do século XX. Por isso se atribui ao século XIX a invenção da fotografia como a conhecemos hoje. No século XX assistiu-se à evolução das técnicas de controlo e ao aparecimento da fotografia a cores, cinema e todos os usos científicos utilizados hoje. - See more at: http://www.fotografia-dg.com/historia-da-fotografia/#sthash.Uibl3AxU.dpufOS
Nos retratos "CARTE DE VISITE" o posicionamento socioeconómico de uma determinada família pode ser aferido através do seu espólio fotográfico (estando este ainda intacto): a época em que os seus membros tiram os primeiros retratos; a época em que recebem as primeiras ofertas de retratos, por parte de parentes e amigos; os locais onde estes retratos são tirados; todos estes indícios podem ser preciosos para caracterizar a história de uma família. Do mesmo modo, a fotografia antiga permite um melhor conhecimento dos antepassados: a sua fisionomia, a sua estatura, postura e modo de vestir. É claro que muito do que era o retrato, sobretudo na segunda metade do século XIX, dependia da encenação criada pelos fotógrafos: a pose, o cenário de fundo, os adereços e, em alguns casos, também a indumentária. E toda esta parafernália ia alterando-se, seguindo a evolução da moda. Deste modo, o retrato antigo, geralmente em formato "carte de visite" (cartão de visita), tem importância para a História da Arte: ao nível das artes decorativas, do mobiliário e de vários outros aspetos. Tem ainda importância para a História da Técnica. Não podemos também negligenciar os timbres dos fotógrafos, muito interessantes para o estudo do papel timbrado e da História das Artes Gráficas, assim como as dedicatórias, que revelam autógrafos valiosos, cumplicidades entre quem oferece e quem recebe, permitindo igualmente datar, com certa precisão, muitos retratos.
Como poderão constatar a historia da fotografia em Portugal remonta ao séc. XIX, sendo considerada uma obra de arte pra época, as fotos antigamente não tinham o mesmo sentido dos dias de hoje, era tido como uma verdadeira relíquia e os que se dedicavam a essa arte, hora usavam como meio de subsistência, ora como projeto de estudo, as varias fotos que se observam eram tiradas normalmente em ambientes fechados, residências ou salas próprias, pois não havia exposição publica das mesmas salva em raras exposições, as pessoas fotografadas iam para as secções de fotografias como se de uma festa se tratasse, e raras vezes eram fotografadas em ambiente descontraído, com o passar dos anos começaram a tirar-se fotos de conjuntos livres, (festas, romarias, trabalho, etc…) nas primeiras fotos familiares ou individuais, tiradas em casa ou nos estúdios as pessoas descontraiam-se apresentando-se em seus melhores fatos e sem cerimonia uma vez que as mesmas eram para uso particular, principalmente as mulheres vaidosas como sempre, arrumavam-se com esmero com seus melhores fatos, joias (muitas vezes emprestadas), usando a fotografia como prova de bem viver, ora para impressionar futuros maridos ora pra mostrar opulência de vida, essas fotografias eram exposta em ambiente familiar por isso os aspetos da moral eram postos de lado, salvo raras exceções onde em fotos familiares vemos mulheres de lenço mesmo dentro de casa, eram em suas maiorias viúvas ou casadas com maridos emigrados, era comum também encontrar fotos de mulheres em trajes mais ou menos típicos, arranjados e preparados para a ocasião, esses trajes têm de ser estudados a luz da situação, não sendo em ambiente livre podiam ser pontualmente modificados afim de parecerem bem na fotografia, deixando assim de servirem como exemplo de vestir. Nas fotos publicas reparamos no objetivo dos fotógrafos em imortalizar fatos do dia-a-dia das pessoas, normalmente grupos ou pessoas em exercício de suas profissões aí sim podem usar as fotos como estudo de hábitos e costumes nelas veem que a maneira de vestir entre o povo pouco difere dependendo da época fotografada, mas em sua maioria o povo vestia-se de forma simples sem grandes adereços. Para se usar uma foto como exemplo temos antes de verificar o local e momento a que ela pretende prender em papel, nem sempre a fotografia pode ser usada como exemplo da maneira de vestir mas sim como exemplo de como se vestiam. Existem diversas pesquisas que podem elucidar dúvidas quanto a história da fotografia em Portugal, basta ter um pouco de paciência e boa vontade evitando assim erros de representação nos dias de hoje.
(JCRM)
Fonte: Traje do Povo em Portugal

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