sexta-feira, julho 11, 2014

ROUPA DE BAIXO II – das “cuecas aos culotes”


Por: Marques, José Joaquim Ferreira

As chamadas “cuecas” supõe-se ser a peça de roupa mais antiga, datada da era dos homens das cavernas. Descrita por estudiosos como um pedaço de linho triangular com tiras nas pontas, eram amarradas ao redor dos quadris e laçado por entre as pernas, depois as tiras eram novamente amarradas aos quadris. As cuecas, como são conhecidas hoje descendem das bragas (fig.20) de origem gaulesa ou galolatina “bracae”. Foram usadas pelos Romanos, os campesinos usavam-nas de pele de cabra.
Fig. 20
Quanto ao seu uso em Portugal, Mattos Sequeira diz que já eram usadas pelos Lusitanos. Oliveira Martins, faz referência que o homem português, por baixo da camisa enfiou as primeiras cuecas, as bragas e o seu uso durou até ao século XV. No virar da Era passou a chamar-se fraldinha. No século XVI, os marinheiros passaram a usá-las muito largas. Mais tarde no século XIX, as bragas eram conhecidas por “manaias” e de uso entre os pescadores de Aveiro. Esta peça nunca foi usada pela mulher. A mulher do povo substituiu-as pela camisa de baixo que apertava entre pernas com um alfinete, dados recolhidos em Asseiceira - Tomar. As cuecas tal como as conhecemos hoje só aparecem em 1928.
A camisa de baixo (fig.21,22 e 23), outra  peça ligada à intimidade da mulher, já se usava na Idade Média e depois nos séculos XV e XVI, larga comprida, (até um pouco abaixo do joelho) de mangas largas compridas, de meia manga ou de alças. Confecionadas em tecidos leves: linho, algodão ou flanela ornamentadas com picou, (fig.24) rendas (fig.25,26 e 27) ou bordadas.



Fig. 21
Fig.22
Fig. 23


Fig. 24

Fig. 25

Fig. 26

Fig. 27
 
As anáguas, (fig.28) que atualmente parecem estar em uso nos Grupos/Ranchos Folclóricos, aparecem ao mesmo tempo que a creolina (fig.29), uma grande armação que dava aos vestidos uma forma arredondada. Algumas situações do dia-a-dia tornaram-se embaraçosas para as mulheres, em especial quando se sentavam, pois esta armação subia até quase ao “nariz”, deixando a descoberto toda a zona abaixo da cintura. Tornava-se urgente arranjar uma solução, surgiram então as anáguas e as perneiras.
Fig.28
 As anáguas, eram confecionadas em linho, algodão ou flanela e iam da cintura até um pouco abaixo do joelho. Na cintura eram presas com atilhos, nastro (fig.30), ou fitas (fig.31), mais tarde abotoadas com um botão e ornamentadas com picou (fig.32 e 33) e rendas (fig.34,35 e 36).

Fig.29

Fig. 30

Fig.31

Fig. 32
Fig. 33
Fig. 34
Fig. 35
Fig. 36

Os culotes (fig.37 e 38)) tiveram a sua origem em França, aparecem nos finais do século XVIII e nunca foram usados pelo povo. Só as pessoas da alta sociedade os usaram para se protegerem do frio. Confecionados em linho, algodão ou flanela vão da cintura até ao joelho, adornados com picou (fig.39) ou rendas (fig.40). Atam na cintura com atilho, nastro (fig.41) ou fitas (fig.42) e podem também abotoar com um botão. Junto ao joelho são apertados com nastro ou fita, esta pode ser aplicada num passa fita (fig.43). Hoje usados por muitos Ranchos/Grupos Folclóricos.
Fig. 37

Fig. 38

 
 
Fig. 40
Fig. 39
 



 
 
Fig. 42
Fig 41
Fig 43

Fonte: Marques, José Joaquim Ferreira in "Roupa de Baixo/Conservação" Out.2009 

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