sexta-feira, janeiro 17, 2014

Traje Domingueiro de Lavradeira de Grijó

A imagem, um cliche de Emilio Biel, apresenta uma mulher de Grijó (Concelho de Vila Nova de Gaia), uma lavradeira, com seu traje de dia de festa.

Saia de pano bem rodada, corpo de veludo com bandas e canhões enfeitados a tufos de seda que forma também cinto. Canhões e gola guarnecidos de renda. Sobre o colo assentam lhe os corações e estrelas de filigrana de ouro que lhe pendem de grossos cordões do mesmo metal precioso, pendendo lhe também das orelhas compridos brincos de ouro, como cachos, que vem confundir se no aurífero colo reluzente que nem mostrador de ourivesaria. Algumas destas mulheres trazem acima de si um quilo de ouro, que é todo seu luxo e muitas vezes todos os seus haveres, pois nele convertem as usas economias feitas a custa de muitas privações. E um capital morto que ali tem e que só lhe aproveita quando absolutamente lhe faltem todos os recursos, não lhes servindo para acrescentarem seus bens, empregando essas economias em coisas que lhes renda. Assim esta parado de séculos o espírito de iniciativa daquela boa gente. Mas continuando a descrever o belo tipo da mulher de Grijó, este se completa no seu traje com o elegante chapelinho ou gorro todo enfeitado de flores e frutos, que lhe coroa a fronte, assentando sobre o lenço de seda de cores vistosas que lhe envolve as tranças de cabelo que se espadanam pelas costas.

O traje é sobre tudo assaz pitoresco e quando ela se assenta numa mulher formosa como o tipo que a nossa gravura reproduz, mais sobressai ainda porque a beleza natural é o melhor complemento da toilette feminina.

Extracto do jornal O Occidente outubro 1912

2 comentários:

joao disse...

Sr. Diretor au ver esta imagem traje Domingueira lavradeira de Grijò 20de Outobro 1912?
Com a Pena de ver esta imagem que não tem nada a ver com (1920),Lavradeira,Riqueza ou Pobreza, nada vejo de real, mas sim uma imagem e uma apresentação trabalhada irrealista, joias em quantidade demasiadamente. Se fosse uma Borguesa, precisava de muitos guarda de segurança. Espero que verifique e refleta sobre. Desculpe me Obrigado trabalhem pelo bom FOLCLORE

Carlos Cardoso disse...

Caro João

Não sou o autor do texto e a imagem em questão foi publicada em 1912 a ilustrar o texto.
Todos nós sabemos que muitas vezes os cliches eram exagerados, nomeadamente, no uso de ouro, quer pelo fotografo, quer pela própria pessoa (que queria mostrar toda a riqueza que possuia), mas não é por isso que estas imagens podem ser ignoradas.
Agradeço o seu reparo.
Abraço