Um dos erros que cometemos no terreno é o da antecipação. Às vezes, não
vale a pena perguntar o nome das coisas ou sugerir termos quando nenhum nos é
dito. Basta esperar que, de uma forma natural, as pessoas refiram as palavras certas.
No tempo certo.
Pano - corresponde ao forro da croça, isto é, aos juncos que estão voltados
para o interior da croça
Mechas - conjuntos de juncos que vão sendo incorporados, ponto por ponto, na croça
Medas - conjuntos de juncos acabados de serem colhidos no juncal (e atados com os baraços)
Madas - conjuntos mais pequenos de juncos que são delubados e massados
Tranças - correspondem às cordas de segurança
Tranças horizontais - correspondem às cordas que vão atando as mechas de
juncos
Na construção da segunda carreira, a croça aumenta 14 pontos e ganha
amplitude. A segunda carreira é construída a oito-nove centímetros de distância
da primeira carreira. A técnica é a mesma que é utilizada na construção da
primeira carreira: o croceiro usa simultaneamente duas mechas e duas tranças
horizontais.
Como mostrei anteriormente, na primeira carreira, de três em três pontos
faz-se uma trança. Isto significa que entre duas tranças existem dois pontos.
Nesta segunda carreira é
preciso aumentar um ponto por cada dois. Deste modo, entre duas tranças, passam
a existir três pontos. Na Imagem 13 pode ver-se, claramente, como na primeira
carreira os dois pontos passam a três na segunda carreira.
Imagem 13 |
Para fazer a segunda carreira é necessário, em cada ponto, separar os
juncos que formam o pano da croça daqueles que constituem a sua camada exterior
(Imagem 14). Apenas aqueles que formam o pano da croça serão entrançados nas
tranças horizontais.
Imagem 14 |
Vamos considerar uma sequência de uma trança e dois pontos (da primeira
carreira). Começa por se separar, num ponto, a trança dos juncos que ficarão
voltados para o exterior da croça (Imagem 15).
Imagem 15 |
De seguida, à corda junta-se uma mecha de juncos, ficando os pés dos juncos
voltados para cima e as flores dos juncos para baixo (Imagem16).
Imagem 16 |
Depois, há que torcer as duas tranças horizontais fazendo-as passar
(primeiro a da esquerda e depois a da direita sobre a esquerda) por cima do
conjunto de juncos formado pela trança e pela mecha de juncos que se juntou à
trança. A Imagem 17 mostra esta operação embora não seja executada no ponto da
trança.
Imagem 17 |
A operação seguinte consiste em passar a mecha do ponto anterior torcendo-a
sobre si mesma e por trás da mecha do ponto que se está a trabalhar, fazendo-a
descer (Imagem 18 e 19).
Imagem 18 |
Imagem 19 |
Nos dois pontos seguintes da primeira carreira, separar os juncos que
constituem o pano daqueles que formam o exterior da croça. Dos juncos que
formam o pano da croça, separar em três conjuntos de forma a obter os três
pontos da segunda carreira (Imagem 20).
Imagem 20 |
No primeiro conjunto, juntar uma mecha de juncos (como se fez com o ponto
da trança) e repetir as operações, isto é, torcer as duas tranças horizontais
fazendo-as passar (primeiro a da esquerda e depois a da direita sobre a
esquerda) por cima do conjunto formado pelos juncos correspondentes ao ponto da
primeira carreira e à mecha de juncos que se juntou a esse ponto. Depois,
passar a mecha do ponto anterior torcendo-a sobre si mesma e por trás da mecha
do ponto que se está a trabalhar, fazendo-a descer. Repetir a operação para os
dois conjuntos seguintes (Imagens 21 a 24). Assim se transformam dois pontos em
três pontos.
Imagem 21 |
Imagem 22 |
Imagem 23 |
Imagem 24 |
Fonte: Uma Ovelha no Quintal
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