quarta-feira, abril 16, 2014

A CROÇA IV

Um dos erros que cometemos no terreno é o da antecipação. Às vezes, não vale a pena perguntar o nome das coisas ou sugerir termos quando nenhum nos é dito. Basta esperar que, de uma forma natural, as pessoas refiram as palavras certas. No tempo certo.

Pano - corresponde ao forro da croça, isto é, aos juncos que estão voltados para o interior da croça

Mechas - conjuntos de juncos que vão sendo incorporados, ponto por ponto, na croça

Medas - conjuntos de juncos acabados de serem colhidos no juncal (e atados com os baraços)

Madas - conjuntos mais pequenos de juncos que são delubados e massados

Tranças - correspondem às cordas de segurança

Tranças horizontais - correspondem às cordas que vão atando as mechas de juncos

 
Na construção da segunda carreira, a croça aumenta 14 pontos e ganha amplitude. A segunda carreira é construída a oito-nove centímetros de distância da primeira carreira. A técnica é a mesma que é utilizada na construção da primeira carreira: o croceiro usa simultaneamente duas mechas e duas tranças horizontais.

Como mostrei anteriormente, na primeira carreira, de três em três pontos faz-se uma trança. Isto significa que entre duas tranças existem dois pontos.

Nesta segunda carreira é preciso aumentar um ponto por cada dois. Deste modo, entre duas tranças, passam a existir três pontos. Na Imagem 13 pode ver-se, claramente, como na primeira carreira os dois pontos passam a três na segunda carreira.

Imagem 13
Para fazer a segunda carreira é necessário, em cada ponto, separar os juncos que formam o pano da croça daqueles que constituem a sua camada exterior (Imagem 14). Apenas aqueles que formam o pano da croça serão entrançados nas tranças horizontais.

Imagem 14
Vamos considerar uma sequência de uma trança e dois pontos (da primeira carreira). Começa por se separar, num ponto, a trança dos juncos que ficarão voltados para o exterior da croça (Imagem 15).

Imagem 15
De seguida, à corda junta-se uma mecha de juncos, ficando os pés dos juncos voltados para cima e as flores dos juncos para baixo (Imagem16).

Imagem 16
Depois, há que torcer as duas tranças horizontais fazendo-as passar (primeiro a da esquerda e depois a da direita sobre a esquerda) por cima do conjunto de juncos formado pela trança e pela mecha de juncos que se juntou à trança. A Imagem 17 mostra esta operação embora não seja executada no ponto da trança.

Imagem 17
A operação seguinte consiste em passar a mecha do ponto anterior torcendo-a sobre si mesma e por trás da mecha do ponto que se está a trabalhar, fazendo-a descer (Imagem 18 e 19).

Imagem 18
Imagem 19
Nos dois pontos seguintes da primeira carreira, separar os juncos que constituem o pano daqueles que formam o exterior da croça. Dos juncos que formam o pano da croça, separar em três conjuntos de forma a obter os três pontos da segunda carreira (Imagem 20).

Imagem 20
No primeiro conjunto, juntar uma mecha de juncos (como se fez com o ponto da trança) e repetir as operações, isto é, torcer as duas tranças horizontais fazendo-as passar (primeiro a da esquerda e depois a da direita sobre a esquerda) por cima do conjunto formado pelos juncos correspondentes ao ponto da primeira carreira e à mecha de juncos que se juntou a esse ponto. Depois, passar a mecha do ponto anterior torcendo-a sobre si mesma e por trás da mecha do ponto que se está a trabalhar, fazendo-a descer. Repetir a operação para os dois conjuntos seguintes (Imagens 21 a 24). Assim se transformam dois pontos em três pontos.

Imagem 21
Imagem 22
Imagem 23
Imagem 24
Artigos relacionados: "A Croça I- Montalegre", "A Croça II", "A Croça III"

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