sexta-feira, julho 03, 2015

LENÇO DE SEDA – REGIÃO SALOIA


O lenço de seda lavrada que descrevo hoje encontra-se na minha coleção há largos anos.
A sua recolha é uma história engraçada e exemplificativa do valor que por vezes se dá aos objetos.
No tempo em que não havia centros de ocupação de tempos livres, ficava ao cuidado de uma proveta vizinha, a Manecas, que possuía uma casa de pasto. O tempo avançou, tomei outros rumos, mas continuei a frequentar essa casa. Certo dia olhei para uma janela e vi um trapo com uma cor interessante a calafetar as frestas. Puxei por uma ponta e descobri com um lenço lindíssimo, de uma cor verde dourada. Descaradamente pedi-o. Pedido negado, a Manecas achava que era um trapo velho e precisava dele para tapar as frestas da janela por causa do frio. Sem demoras fui ao mercado, comprei um chouriço de pano e quando a Manecas deu por isso já o lenço estava em boas mãos e a janela guarnecida. Claro que ganhei o lenço, era difícil negar a oferta.
Posteriormente soube a história desta peça. Foi adquirido no final dos anos 20 do sec.XX e usado em dias de festa, como com o tempo o lenço caiu em desuso o seu destino teria sido provavelmente outro, não fosse a janela precisar de ser calafetada.
Data: Início do sec.XX
Material: Seda lavrada, cor verde/dourado, roxo e branco
Dimensões: 70x80 cm
Origem: Desconhecido
Recolha: Vila Fria – Oeiras (região saloia)



 

1 comentário:

isabel tiago disse...

Bom dia

Gostei muito da história deste lenço porque gosto de coisas com história mas também porque a minha mãe era saloia, nascida no sítio do Picão, Gradil.Foi registada como natural do Gradil mas na época seria Vila Franca do Rosário (é o que consta na certidão de nascimento). A minha mãe nasceu em 1925 e tanto quanto sei não trajou vestes saloias pois a mãe dela era natural de Coimbra e talvez tivesse outros hábitos. O meu avô nasceu também no Gradil, construiu uma casa no sítio da Pedra que Luz, Picão, Gradil só que teve uma vida profissional ao longo do país. Nasceram onze filhos grande parte deles noutras terras portuguesas.
Ainda bem que há quem goste de preservar e conhecer as nossas coisas.
Bom fim de semana.

Isabel Tiago