Pois estes provêem de uma pequena freguesia do Concelho da Guarda – Maçaínhas - e hoje, como ontem, continuam a ser fabricados de forma artesanal.
A produção do cobertor de papa, remonta ao reinado de D. Sancho II. No reinado de D. José (1758), com o Marquês de Pombal, esta indústria desenvolveu-se na zona da Covilhã e da Guarda: criaram-se novas fábricas e contrataram-se artífices no estrangeiro. Este progresso veio mais tarde beneficiar esta região nomeadamente Maçaínhas. Consta que um tecelão da Covilhã terá fixado residência por estas paragens e terá transmitido os seus conhecimentos aos habitantes.
Há cerca de 100 anos. Havia 9 teares para o fabrico de cobertores de papa em Maçaínhas que eram depois vendidos em feiras.
Os teares e a produção de cobertores foi aumentando de ano para ano, alargando-se depois a outras famílias.
Em 1930-1932 houve uma grande crise e foram poucos os fabricantes que resistiram.
Em 1938, começou a recuperação e, em 1942-1943, quase todas as famílias tinham um tear para fabricar cobertores chegando a existirem 35 teares.
Actualmente existem apenas dois teares em funcionamento, pertencentes aos senhores José Pires Freire e José de Almeida Tavares.
O cobertor de papa também é conhecido por cobertor de pêlo, manta lobeira, amarela e espanhola, podendo ser produzido numa só cor (branco, verde, vermelho, etc.), com a cor “barrenta” (branco e castanho), bordado a azul, verde e vermelho (destinado ao Minho e ao Norte do País) ou fabricado com tiras coloridas de castanho, amarelo, verde e vermelho (típico da zona do Ribatejo).
A diferença entre este cobertor e os restantes é que o de papa é fabricado, exclusivamente, com lã churra de ovelha, uma lã macia das ovelhas de Idanha-a-Nova, Monsanto e Medelim, que também estão em extinção.
Com o aparecimento de outros artigos no mercado, o cobertor de papa deixou de ter a procura de outros tempos.
O cobertor de papa pesa, em média, três quilogramas e mede 1,70cm de largura e 2,40cm de comprimento e distingue-se dos outros cobertores pelo seu “design” e pelo facto de ter o pêlo mais comprido, porque a lã de que é feito é mais comprida.
A produção do cobertor é mais praticável nos meses quentes, porque no Inverno a água está muito fria e os cobertores têm que ser levados ao pisão e no Verão é melhor, nomeadamente, para os secar porque ficam mais direitinhos.
O fabrico do cobertor tem diversas fases. A lã é comprada e enviada para a fiação entrando na fábrica transformada
Os cobertores de papa parecem condenados a desaparecer e com eles um pouco das nossas memórias.
Fonte Bibliográfica:
Colecção: O Fio da Memória, número 12
Titulo: Notas sobre o Cobertor de Papa de Maçainhas
Autor: Maria do Céu Baía Oliveira Reis
Edição: Câmara Municipal da Guarda - Setembro de 2003
5 comentários:
Ainda temos muitos na quinta, em Paços da Serra, ja do tempo dos meus avós e, talvez bisavós. Os cobertores de papa continuam a aquecer-nos nas noite geladas de Inverno, da Serra da Estrela. Não ha edredon que os substituam............são maximo!!!!!!!!!
Queira Deus que continuem a ser fabricados.........
Adorei este post sobre os cobertores de papa, dos quais tenho um ou dois, herdados, da minha avó e mãe, que não uso actualmente mas que em pequena faziam parte do aquecimento da minha cama. Tenho boas memórias desses cobertores. Também vi apagaram alguns incêndios domésticos com cobertores de papa. Não sei se era correcto ou não mas a verdade é que se apagavam as chamas, malhando com os cobertores nas labaredas.
Obrigado pelo post! Será que me podia dar a direccão desta fábrica de mantas? Ficaria muito grata. Cumprimensto Isabel Lopes
Um enorme bem haja à Mº do Céu pelo seu trabalho de pesquisa e empenho da família em divulgar as tradições da aldeia de Maçainhas da Guarda.
A Gomes
Estes cobertores ainda são fabricados em Maçaínhas. Eu lí esta pesquisa e resolvi ir lá ver se ainda se ainda existia a fábrica, onde comprei 4 destes. São mesmo bons e não há nada como isto. Só é pena o tear não dar mais largura.
Enviar um comentário