domingo, março 21, 2010

Aventais do Minho

Os aventais sempre fizeram parte da indumentária feminina, não só do povo, mas também das mulheres da nobreza e burguesia.
Os aventais que vos apresento pertencem ao trajo da lavradeira do Minho (Ribeira Lima), que no seu corte característico apresentam duas partes distintas.
A primeira, junto à cintura, designada por funéu ou emenda (conforme a localidade), consiste numa tira pregueada de tecido menos espesso (linho) do que o tecido do avental (linho e lã). Sobre esta tira surge normalmente uma decoração bordada a ponto de cruz, composta por monogramas, ou motivos da simbologia amorosa, o escudo real, ou ainda as palavras “Viana” e “Amor”.
O tecido em que os aventais eram confeccionados é semelhante ao que era utilizado nas saias (a serguilha) sendo aqui sujeito a redobrado cuidado. Aparecem na parte inferior do avental um conjunto de elementos decorativos geométricos e estilizados (pássaros, flores, silvas) que enriquecem a peça, anulando por vezes o próprio tecido de base. Estes motivos são conseguidos quer pelo emprego de fios de lã de cores variadas, quer pelo modo como os fios de trama são trabalhados, em relevo formando pequenas argolinhas, “topes” ou “moscas” como vulgarmente são chamados.

Descrição dos aventais das imagens:

Avental de serguilha Avental de serguilha preta, verde, cor-de-rosa, amarela e branca, de teia em linho branco, formando riscas decoradas com moscas, sugerindo motivos florais e geométricos. Funéu de tecido preto pregueado, bordado a ponto de cruz com fios policromados de algodão e iniciais “JPB”, enquadradas por corações e flores. Galão de algodão branco e fita de lã verde.
De forma rectangular, a peça foi talhada no sentido da teia, sendo a sua altura acrescentada pelo funéu. Aperta na cintura com fitas.


Avental de serguilha vermelha e preta e de teia em linho branco, formando risca decoradas com moscas que formam quadrados, motivos florais e geométricos policromados, executados com agulha “fada do lar”. Funéu (cós) de estopa de linho bordado a ponto cruz, com fio de algodão vermelho formando o escudo real. Galão de fita de lã cor-de-rosa e verde.
De forma rectangular, a peça foi talhada no sentido da teia sendo a altura acrescentada pelo funéu. Aperta na cintura com fitas.

Fonte: O Ponto de Cruz – a grande encruzilhada do imaginário – Museu de Arte Popular – 1998

1 comentário:

Anónimo disse...

Este blog é espectacular...um trabalho extraordinário que merece os parabéns! Sem dúvida um contributo impagavél! Obrigada!

R.Martins