O Rancho Folclórico de Benfica do Ribatejo desenvolve pesquisa no âmbito da cultura popular da população local. Situado numa zona rural iminentemente agrícola e piscatórias do Tejo com paisagens tradicionalmente ribatejanas de lezíria e charneca. Além da bela vista de um ambiente levemente tocado pela mão do Homem, é uma zona conhecida pela sua gastronomia e pelas suas gentes. Foi fundado por Celestino Graça nos anos 50, atravessou um período de pausa até 1979, a partir do qual se recuperou o trabalho efectuado.
Celestino Graça, na condição de feitor da Quinta do Casalinho (localizada na margem do Tejo na aldeia de Benfica do Ribatejo), teve um contacto estreito com os pescadores que viviam nas suas barracas à borda do Tejo nas Faias e nos Cucos, permitindo-lhe formar um rancho folclórico de pescadores do Tejo, também conhecidos por avieiros.
Com as suas raízes na Praia da Vieira, concelho de Marinha Grande, os Avieiros, tinham chegado ao Rio em busca da sobrevivência das suas famílias. Com a agressividade do mar e a ausência de outro modo de subsistência, os pescadores partiram para as águas calmas do Tejo e do Sado na esperança de encontrar na sua generosidade o pão que lhes faltava para alimentar os seus.
Foi em conjunto com esta comunidade de gente pobre mas trabalhadora e empreendedora que Celestino Graça criou o seu primeiro Grupo de Folclore. Conhecidas entre as comunidades vizinhas - quer dos próprios residentes de Benfica do Ribatejo, quer dos vizinhos da outra margem - como um grupo de famílias fechado e pouco receptivo, os pescadores foram deixando o feitor da quinta entrar na sua comunidade por razões de interesse em arranjar trabalho remunerado. Na altura, o regente integrava uma sociedade agrícola ribatejana que produzia cânhamo para produzir tecidos. No entanto, antes de seguir para a fábrica de fiação e tecidos de Torres Novas, o cânhamo tinha que ser demolhado no Tejo. Tal tarefa só era possível com a participação dos pescadores, únicos com os barcos e os conhecimentos necessários para o efeito. Com o passar do tempo e a rotina das tarefas, a proximidade acabou por resultar na formação de laços de amizade entre Celestino Graça e os pescadores. A comprovar a inserção e aceitação do regente agrícola no seio da sua comunidade está o facto de ter chegado a ser convidado para as suas festas e casamentos.
Enquanto estabelecia estes contactos e se familiarizava com as vivências e costumes dos pescadores, Celestino Graça descobriu as danças, os cantares e a genuinidade dos seus trajes e percebeu que tinha ali a possibilidade de criar um grupo capaz de elevar o Ribatejo e de valorizar o povo da Borda-d'água. Seguiram-se os ensaios com os pescadores na Adega da Quinta, e ainda antes da primeira edição da Feira do Ribatejo já o Grupo dançava.
Inteiramente composto por pescadores e pescadoras do Tejo, o Rancho dos Pescadores era um retrato aproximado da comunidade e das suas vivências sobretudo nos Cucos, mas também nas Faias, ambos assentamentos piscatórios situados em Benfica do Ribatejo.
Os trajes dos pescadores são tão modestos quanto a capacidade financeira de cada família. Gente pobre e com muitas necessidades, o traje de trabalho está adaptado à agressividade das águas e à dureza do tempo.
A mulher tem na cabeça um chapéu de felpo e lenço liso. Usa um avental e saia de riscado com risca larga. Os saiotes são de várias cores. Usa canos de lã brancos para a protecção das pernas. No pé calça tamancos de pau O Homem usa barrete preto e uma cinta preta de lã à cintura, que une a camisa e as ceroulas, ambas de quadrados. Os tamancos de pau cobrem-lhes os pés. [Os homens e as mulheres só passaram a usar tamancos quando uma lei do Estado Novo proibiu os cidadãos de andar descalços nas localidades].
Dadas as muitas dificuldades económicas das famílias, o traje para dias festivos e casamentos não apresentava grandes diferenças. Na pescadora, adornos em ouro davam mais beleza à mulher com o seu chapéu de felpo e lenço de caixiné, a blusa com corpete, o avental de sarja bordado e saia de lã da praia aos quadrados. Por baixo, o saiote e os colotes brancos, assim como os canos de lã. Nos pés, os mesmos tamancos de pau. Já o pescador mantinha a sua indumentária de todos os dias, exceptuando apenas a calça de cotim ou preta que substituía a ceroula. Nalguns casos usava as ceroulas por debaixo das calças.
Fonte: Rancho Folclórico de Benfica do Ribatejo
Artigos Relacionados: Os Avieiros – Salvaterra de Magos – Ribatejo
Celestino Graça, na condição de feitor da Quinta do Casalinho (localizada na margem do Tejo na aldeia de Benfica do Ribatejo), teve um contacto estreito com os pescadores que viviam nas suas barracas à borda do Tejo nas Faias e nos Cucos, permitindo-lhe formar um rancho folclórico de pescadores do Tejo, também conhecidos por avieiros.
Com as suas raízes na Praia da Vieira, concelho de Marinha Grande, os Avieiros, tinham chegado ao Rio em busca da sobrevivência das suas famílias. Com a agressividade do mar e a ausência de outro modo de subsistência, os pescadores partiram para as águas calmas do Tejo e do Sado na esperança de encontrar na sua generosidade o pão que lhes faltava para alimentar os seus.
Foi em conjunto com esta comunidade de gente pobre mas trabalhadora e empreendedora que Celestino Graça criou o seu primeiro Grupo de Folclore. Conhecidas entre as comunidades vizinhas - quer dos próprios residentes de Benfica do Ribatejo, quer dos vizinhos da outra margem - como um grupo de famílias fechado e pouco receptivo, os pescadores foram deixando o feitor da quinta entrar na sua comunidade por razões de interesse em arranjar trabalho remunerado. Na altura, o regente integrava uma sociedade agrícola ribatejana que produzia cânhamo para produzir tecidos. No entanto, antes de seguir para a fábrica de fiação e tecidos de Torres Novas, o cânhamo tinha que ser demolhado no Tejo. Tal tarefa só era possível com a participação dos pescadores, únicos com os barcos e os conhecimentos necessários para o efeito. Com o passar do tempo e a rotina das tarefas, a proximidade acabou por resultar na formação de laços de amizade entre Celestino Graça e os pescadores. A comprovar a inserção e aceitação do regente agrícola no seio da sua comunidade está o facto de ter chegado a ser convidado para as suas festas e casamentos.
Enquanto estabelecia estes contactos e se familiarizava com as vivências e costumes dos pescadores, Celestino Graça descobriu as danças, os cantares e a genuinidade dos seus trajes e percebeu que tinha ali a possibilidade de criar um grupo capaz de elevar o Ribatejo e de valorizar o povo da Borda-d'água. Seguiram-se os ensaios com os pescadores na Adega da Quinta, e ainda antes da primeira edição da Feira do Ribatejo já o Grupo dançava.
Inteiramente composto por pescadores e pescadoras do Tejo, o Rancho dos Pescadores era um retrato aproximado da comunidade e das suas vivências sobretudo nos Cucos, mas também nas Faias, ambos assentamentos piscatórios situados em Benfica do Ribatejo.
Os trajes dos pescadores são tão modestos quanto a capacidade financeira de cada família. Gente pobre e com muitas necessidades, o traje de trabalho está adaptado à agressividade das águas e à dureza do tempo.
A mulher tem na cabeça um chapéu de felpo e lenço liso. Usa um avental e saia de riscado com risca larga. Os saiotes são de várias cores. Usa canos de lã brancos para a protecção das pernas. No pé calça tamancos de pau O Homem usa barrete preto e uma cinta preta de lã à cintura, que une a camisa e as ceroulas, ambas de quadrados. Os tamancos de pau cobrem-lhes os pés. [Os homens e as mulheres só passaram a usar tamancos quando uma lei do Estado Novo proibiu os cidadãos de andar descalços nas localidades].
Dadas as muitas dificuldades económicas das famílias, o traje para dias festivos e casamentos não apresentava grandes diferenças. Na pescadora, adornos em ouro davam mais beleza à mulher com o seu chapéu de felpo e lenço de caixiné, a blusa com corpete, o avental de sarja bordado e saia de lã da praia aos quadrados. Por baixo, o saiote e os colotes brancos, assim como os canos de lã. Nos pés, os mesmos tamancos de pau. Já o pescador mantinha a sua indumentária de todos os dias, exceptuando apenas a calça de cotim ou preta que substituía a ceroula. Nalguns casos usava as ceroulas por debaixo das calças.
Fonte: Rancho Folclórico de Benfica do Ribatejo
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