sábado, janeiro 29, 2011

Traje do Rei D.Carlos I




São sobejamente conhecidas fotografias de D.Carlos I trajando à lavrador, sobretudo quando se deslocava ao Alentejo para as celebres temporadas em Vila Viçosa.

Este traje foi utilizado em Vendas Novas, vila em que os Duques de Bragança tinham terras e coutadas e que servia de local de pousada nas suas viagens entre a capital e o Alentejo.
Pela forma, este conjunto é similar ao traje de lavrador, no entanto encontra-se adaptado como indumentária de caça pelos vários bolsos e que fazem adivinhar a sua utilidade, actividade na qual D.Carlos era exímio.
Trata-se de um traje de Verão, pois é confeccionado em algodão. Por outro lado, a cor castanha-clara faz deste traje o camuflado ideal na paisagem alentejana.

Pertence à Fundação Casa de Bragança.

Fonte: Trajes Misticos da Cultura Regional Portuguesa - Museu Nacional do Traje



quinta-feira, janeiro 27, 2011

Cortejo Etnográfico e Folclórico de 1937

Sob o Estado Novo, António Ferro abraçou a carreira política, tendo dirigido o Secretariado da Propaganda Nacional (SPN) desde a sua criação por Salazar, em 1933, até 1949.
Como era um homem de cultura e de espírito, Ferro serviu-se do organismo criado para defender e divulgar alguns dos artistas mais arrojados do seu tempo. Travou lutas com os conservadores do regime em defesa da arte moderna.
A primeira fase do seu programa (1933 – 1949), caracteriza-se por ser marcadamente nacionalista, fazendo eco da imagem do povo como principal e única real fonte de arte verdadeira.
Através da etnografia que procurava tecer o carácter de uma nação quanto destacava as suas suaves diferenças e a estruturante transcendência do povo português, é nesse contexto que surgem diversas iniciativas e a “criação” de muitos grupos “etnográficos”, influenciados pela imagem que o Estado Novo pretendia dar do povo.
Uma dessas actividades foi o cortejo Etnográfico e Folclórico realizado em 30 de Maio de 1937, em Lisboa, ao qual acorreram representantes de todas as regiões do país.
As imagens que público são pertença do Centro Português de Fotografia e retratam alguns momentos desse cortejo, sendo visíveis alguns dos trajes apresentados.

Fonte: A ALDEIA MAIS PORTUGUESA DE PORTUGAL - Trabalho de Etnomusicologia - Cláudio Nascimento









sábado, janeiro 15, 2011

Lavradores Ricos – Perre – Minho

Este traje é apresentado pelo Grupo de Danças e Cantares de Perre, pertencente ao Concelho de Viana do Castelo.
Francisco Sampaio esta povoação assim:
“Falar de Perre, é falar de terras de grandes lavradores, dos melhores bois da matança da Páscoa, que abasteciam os talhos de Viana (…), de colheitas de vinho tinto que ultrapassam as três mil pipas, de gente séria, trabalhadora.... Terra de morgados e “mordomias”, casas fartas, boas lavouras, de bons campos e ramadas baixas, a significar tulhas e adegas cheias...”

Homem
Usava calças de alçapão brancas, de linho ou estopa, sem abertura mas com bolsos. Terminavam com folho, um pouco abaixo dos joelhos. A camisa era branca de linho e o colete era de fazenda preta.
Calçava tamancos com polainas de saragoça, nas pernas. Na cabeça usava um chapéu de feltro preto e faz-se acompanhar por um guarda-sol de barbas de baleia.

Mulher
A mulher usava uma saia de riscas tecida no tear, casaca de fazenda preta, e algibeira simples em tons escuros. Ao pescoço lenço de seda, e num dos braços transportava um cesto – com toalha bordada em “rechellier” – e que usava quando pela Páscoa ou Natal ia levar as ofertas ao Padre ou Médico da aldeia.
Em Perre foi moda as mulheres usarem cabelos curtos, deixando de colocar o lenço na cabeço, passando-o para o pescoço.

Fonte: Grupo de Danças e Cantares de Perre

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Trajo de Festa Masculino – Alto Alentejo

Este trajo é apresentado pelo Grupo Folclórico e Cultural da Boavista e foi recolhido em Ribeira de Nisa, sendo utilizado pelos homens em dias Festa no início do sec.XX.
O trajo composto por:
Jaqueta: de surrobeco, com alamares de cordão preto e botões de metal no centro dos alamares.
Colete: de veludo vermelho de bandas redondas abotoadas com botões de metal.
Camisa: de linho branco com peitilho, com colareta alta, e também havia com peitilho e punhos de outra cor.
Calção: ou meia calça de veludo, até ao joelho, com uma abotoadura com três botões de metal que se abotoam de lado de fora e na cintura.
Ceroulas: de pano branco.
Cinta: de cor variada segundo a ocasião, mas geralmente era preta ou vermelha, para cerimónias.
Meias: brancas ou da cor do calção, arrendadas feitas à mão, que apareciam entre as polainas e os calções.
Polainas: de burel, até ao meio da perna, abotoadas de lado com pequenos guizos (em vez de botões), que deixavam ver a meia.
Chapéu: de aba larga, preto, com uma borla redonda de lã, segura ao chapéu na copa ou aba, caindo sobre a aba esquerda.
Botas: em calfe pretas.
Lenço: branco no bolso da jaqueta
Manta: para se cobrir nas noites frias.

Fonte: Grupo Folclórico e Cultural da Boavista



Outros artigos relacionados: Alto Alentejo, Alentejo, Cante Alentejano, Trajos de Festa de Castelo de Vide, Coisas de Mulher, O Alforge, Trajo de Gala de Pastor – Marvão, Pelico e Safões

domingo, janeiro 09, 2011

Trajes de Castelo de Vide – Alto Alentejo

O relevo do Alentejo caracteriza-se pela grande uniformidade de peneplanícies, de onde ressaltam, dispersas e afastadas, massas montanhosas de fraca altitude, com excepção das serras de São Mamede (1025 m) e Marvão (865 m).
Esta uniformidade da geográfica não tem necessariamente de se aplicar à tradição e cultura desta vasta região.
Muito embora existam características comuns, quem estuda a sua etnografia encontra uma tal diversidade, pontuada pelos pormenores que distinguem as diversas povoações, o jeito da aba do chapéu, a maior ou menor proliferação de bordados, a predominância do canto ou da dança, as diferenças da gastronomia, etc.
Se, aparentemente, a Serra da Ossa marca uma fronteira entre a predominância entre do canto (a Sul) da dança (a Norte), a Serra de São Mamede marca a fronteira para o trajo, mais garrido a Norte que a Sul.
A norte de S. Mamede ficam povoações como Nisa e Alpalhão, cujos trajos já foram descritos neste blog, mas também Castelo de Vide, onde os trajes domingueiros são ricamente elaborados e o bordado é amplamente utilizado como forma de enriquecimento das indumentárias destinadas aos domingos e dias de festa.

O Rancho Folclórico de N.ª Sr.ª da Alegria de Castelo de Vide apresenta alguns exemplares do labor e garbo das mulheres alentejanas, que não tendo dinheiro para a ostentação de riqueza como noutras regiões, procurava no seu melhor traje espelhar as suas habilidades de costureira, bordadeira e rendeira, portanto, boa mulher, mãe e dona de casa (a sagrada trilogia feminina).
De realçar que a utilização do bordado não se aplicava somente ao trajo feminino. A mulher gostava que o seu homem também reflectisse a sua arte e brio. Este, altivo e vaidoso, honrava apresentar-se aos seus pares com o melhor que podia.
As imagens que de seguida público são do Rancho Folclórico de N.ª Sr.ª da Alegria de Castelo de Vide e retratam trajos domingueiros daquela região.
Agradecimento a Virgínia Otten pela cedência de algumas das imagens.



sexta-feira, janeiro 07, 2011

Cantar aos Reis

Ontem foi dia de Reis, é época de Cantar aos Reis

segunda-feira, janeiro 03, 2011

Museu Etnográfico de Seia

Numa breve visita às serranias da Beira dei por mim em Seia, onde fui encontrar o Museu Etnográfico de Seia. Uma agradável surpresa já que este é um museu moderno, com boas instalações e pertence a um rancho folclórico.


Normalmente, estamos habituados a ver este tipo de equipamentos nas mãos de entidades públicas (Ministério da Cultura ou Autarquias Locais). Muito embora existam centenas de pequenas colecções pertença de ranchos folclóricos, estes raramente têm a possibilidade de as exibir com a qualidade ali apresentada.
Nota extremamente positiva para a visita guiada, proporcionada por um jovem profundamente conhecedor da colecção e da história da sua terra, de quem, infelizmente, não registei o nome, mas a quem felicito.
O Museu nasceu com a criação do Rancho Folclórico de Seia e inaugurado em Junho de 2008.
A preservação dos usos e costumes não se restringem apenas às danças e cantares, mas também à recolha de objectos e artefactos que contam a história de uma região. Esta recolha resulta muitas vezes de doações particulares e que, naturalmente, para possuírem alguma utilidade enquanto atributos da memória necessitam de ser estudados e expostos.
O Museu Etnográfico de Seia possui uma interessante exposição permanente dedicada Serra e suas gentes, aos ofícios, utensílios, trajes e ainda espaço para as exibições do rancho.


Vale a pena uma visita.
Possui um site, que ainda está em construção, mas que já permite um vislumbre do que é o Museu.
Ficam os contactos:
Marcação de visitas: 238 082 732 91 843 68 08
E-mail: info@museuetnoseia.com.pt
Morada: Rua da Caínha, 6270 - 514 SEIA
Horário: Terça a Domingo das 10h às 18h
Encerra:01 de Janeiro - Domingo de Páscoa - 25 de Dezembro

O Rancho Folclórico de Seia foi fundado em 1980 com o fim de servir e valorizar a cultura tradicional da Serra da Estrela, onde está inserido, não se tendo poupado a esforços, quer no domínio do Folclore quer da investigação das raízes etnográficas do povo que representa.
É membro da Federação do Folclore Português, sócio do Inatel e por mérito próprio foi-lhe concedido o Estatuto de Utilidade Pública.

domingo, janeiro 02, 2011