Ao longo do sec. XIX e durante alguns
meses da pesca, grande parte das povoações marítimas do norte de Portugal (Ílhavo,
Murtosa, Ovar e Estarreja, que constituíam os varinos e os avieiros originários
da Vieira de Leiria) percorriam essa costa até ao estuário do Tejo, aqui
fixando-se por temporadas mais ou menos prolongadas.
Muitos subiram o rio vivendo nos
próprios barcos ou instalando-se em povoações junto à borda-d’água, naquilo que
seria terra de ninguém já que de vez enquanto era reclamada pelo rio.
Outros fixavam-se nas praias da
Costa da Caparica e desde a torre de Belém até Paço de Arcos, paragens onde se
podiam encontrar homens e mulheres destas tribos nómadas, que constituíam um
tipo individual no nosso país.
Família de
pescadores em Pedrouços - Marianne Baillie
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Mulher de pescador de Paço de Arcos - Marianne Baillie |
Marianne Baillie, uma jovem
inglesa que residiu em Portugal entre 1821 e 1823, no seu álbum Costumes in Portugal: 1821-1823, deixou dois
desenhos legendados retratando uma mulher e uma família de pescadores em Paço
de Arcos e Pedrouços.
Pescadores
de Ílhavo em Lisboa - Th. J. da Annunciação
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Justamente na praia de Paço de
Arcos, subjacente à velha igreja da Boa Viagem, Th. J. da Annunciação captou
esta imagem, reproduzida em gravura por Pedroso, retratando dois ílhavos, cuja
mulher destapa levemente a canastra onde dorme o seu pequeno rebento. (Archivo
pittoresco, Volume 3, 1860).
Pescadores
de Ílhavo – Coleção Palhares
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Através da comparação com o quadro
de Th. J. da Annunciação e a gravura de Pescadores de ílhavo da Coleção
Palhares, podemos aferir que figuras retratadas por Marianne Baillie possuem a
mesma origem, os varinos, primórdios da população de pescadores que se
desenvolveu em Paço de Arcos.
Outros artigos relacionados: Os Avieiros; O Povo daBorda-d'água;
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