Remontando ao 3º milénio a.C., no Médio Oriente, a utilização da filigrana foi difundida periódicamente: na época romana mais recente; na Idade Média, na Sicília e em Veneza; na época Barroca; e em finais de 800 e princípios de 900.
Consiste numa sucessão de grãos, obtidos a partir de um fio ou de uma lâmina de ouro ou prata (com um utensílio apropriado, que pode ser uma matriz com um punção adaptado à forma pretendida), com fins decorativos. Consegue-se o mesmo efeito óptico com uma trança de dois ou mais fios do mesmo diâmetro. Á sucessão de cada grão (granito), soldados em fila segundo a técnica aperfeiçoada ao máximo pelos Etruscos, pode dar-se o nome de “Granulado”.
Como indica a palavra “fili” e “grana”, o trabalho consiste na utilização de uma trança de dois fios metálicos torcidos e achatados, de forma que se limite, pelos dois lados, a forma primitiva dos dois fios, moldando-os em forma de parafuso.
Uma vez confeccionado, o fio é empregue no enchimento de uma armação, que constitui o desenho do objecto. Em Génova, cidade de marinheiros, esta estrutura recebeu o nome de “casco”, pela analogia com o casco de um navio que se recheia depois do lançamento; daí também o nome de “armação”.
A Filigrana, arte de trabalhar metais, é fundamentalmente uma técnica de ourivesaria, e insere-se no tipo de ourivesaria popular. Embora não sendo especifica da nossa tradição cultural, encontramo-la noutros países e culturas, constitui uma das formas mais características das artes portuguesas. Lembremos Joaquim de Vasconcelos, o estudioso e erudito revelador da nossa arte popular, que situa a filigrana e o filigraneiro no quadro da arte : «o oleiro, o ourives na filigrana, o feitor de jugos principalmente para citar só três, revelam-se os mais seguros e fieis adeptos da arte nacional. Eles nos conservam o alfabeto de formas decorativas mais rico, mais variado, mais puro, mais genuíno que uma nação pode apresentar» (Joaquim de Vasconcelos, Artes Decorativas, in “Notas sobre Portugal”, 1908).
Duas correntes têm acompanhado a filigrana ao longo do tempo, em relação à sua produção e uso.
Num primeiro momento, aparece como artefacto secundário da jóia, como técnica de primor e de «sentimento artístico», aplicada a adereços de luxo, de uso profano e sagrado, com apurado gosto no desenho, cujo imaginário e configuração artística a integravam num tipo de ourivesaria própria das classes mais elevadas da escala social. A filigrana foi aplicada em importantes peças de ourivesaria litúrgica, de que se são apurados exemplos o cálice de prata dourada do Mosteiro de Alcobaça, a Cruz de D. Sancho, exposta no Museu de Arte Antiga, as quais exemplificam o uso da filigrana, como ornato único. A filigrana vive então das jóias, nada valendo sem elas. Conotada como - técnica da aplicação – permanece com esta função até ao século XIX.
Num segundo momento, no segundo quartel do século XIX, já como - técnica de integração - , a filigrana mais complexa e perfeita, mais segura, liberta-se da chapa de laminar que decorava, ganhando lugar de peça individualizada; sobre um esqueleto, estrutura ou armação, o filigraneiro teceu, ergueu, armou com fios delicados toda a «arquitectura» da sua obra.
O gosto pelas jóias de ouro filigranadas também se manifestou entre as classes superiores da época, assumindo-se como objectos de prestigio social para quem os usava. Porém classificada como arte popular, porque é produzida nos interregnos das tarefas campestres em certos locais, principalmente nos arredores do Porto. Surgem assim, os típicos corações de filigrana, alguns com grandes dimensões, os crucifixos, as cruzes de Malta, as arrecadas, os colares de conta, os brincos de fuso ou à rainha. Todo esse ouro filigranado é, não só um ornamento, como uma capitalização certa e segura de economia caseira, essencialmente rural.
A filigrana passa a encarnar o lamento de quem ocupou durante séculos o pedestal de gloria, para depois, numa idade mais avançada, se ver destronada, desprezada. Acusam-na de uma arte menor.
A tecnologia própria à filigrana abrange uma memória e um espaço sociais, isto porque cada técnica vai fixar-se num centro geográfico, numa época que permite tirar o máximo partido das riquezas dos processos e, em simultâneo, realizar uma difusão progressiva dos produtos.
Toda a filigrana portuguesa e consequentemente, a de Gondomar, se desenvolve de uma forma tradicionalista. Por isso, a forma, o modelo, a decoração, pouco tem variado desde há séculos relativamente à sua técnica.
Consiste numa sucessão de grãos, obtidos a partir de um fio ou de uma lâmina de ouro ou prata (com um utensílio apropriado, que pode ser uma matriz com um punção adaptado à forma pretendida), com fins decorativos. Consegue-se o mesmo efeito óptico com uma trança de dois ou mais fios do mesmo diâmetro. Á sucessão de cada grão (granito), soldados em fila segundo a técnica aperfeiçoada ao máximo pelos Etruscos, pode dar-se o nome de “Granulado”.
Como indica a palavra “fili” e “grana”, o trabalho consiste na utilização de uma trança de dois fios metálicos torcidos e achatados, de forma que se limite, pelos dois lados, a forma primitiva dos dois fios, moldando-os em forma de parafuso.
Uma vez confeccionado, o fio é empregue no enchimento de uma armação, que constitui o desenho do objecto. Em Génova, cidade de marinheiros, esta estrutura recebeu o nome de “casco”, pela analogia com o casco de um navio que se recheia depois do lançamento; daí também o nome de “armação”.
A Filigrana, arte de trabalhar metais, é fundamentalmente uma técnica de ourivesaria, e insere-se no tipo de ourivesaria popular. Embora não sendo especifica da nossa tradição cultural, encontramo-la noutros países e culturas, constitui uma das formas mais características das artes portuguesas. Lembremos Joaquim de Vasconcelos, o estudioso e erudito revelador da nossa arte popular, que situa a filigrana e o filigraneiro no quadro da arte : «o oleiro, o ourives na filigrana, o feitor de jugos principalmente para citar só três, revelam-se os mais seguros e fieis adeptos da arte nacional. Eles nos conservam o alfabeto de formas decorativas mais rico, mais variado, mais puro, mais genuíno que uma nação pode apresentar» (Joaquim de Vasconcelos, Artes Decorativas, in “Notas sobre Portugal”, 1908).
Duas correntes têm acompanhado a filigrana ao longo do tempo, em relação à sua produção e uso.
Num primeiro momento, aparece como artefacto secundário da jóia, como técnica de primor e de «sentimento artístico», aplicada a adereços de luxo, de uso profano e sagrado, com apurado gosto no desenho, cujo imaginário e configuração artística a integravam num tipo de ourivesaria própria das classes mais elevadas da escala social. A filigrana foi aplicada em importantes peças de ourivesaria litúrgica, de que se são apurados exemplos o cálice de prata dourada do Mosteiro de Alcobaça, a Cruz de D. Sancho, exposta no Museu de Arte Antiga, as quais exemplificam o uso da filigrana, como ornato único. A filigrana vive então das jóias, nada valendo sem elas. Conotada como - técnica da aplicação – permanece com esta função até ao século XIX.
Num segundo momento, no segundo quartel do século XIX, já como - técnica de integração - , a filigrana mais complexa e perfeita, mais segura, liberta-se da chapa de laminar que decorava, ganhando lugar de peça individualizada; sobre um esqueleto, estrutura ou armação, o filigraneiro teceu, ergueu, armou com fios delicados toda a «arquitectura» da sua obra.
O gosto pelas jóias de ouro filigranadas também se manifestou entre as classes superiores da época, assumindo-se como objectos de prestigio social para quem os usava. Porém classificada como arte popular, porque é produzida nos interregnos das tarefas campestres em certos locais, principalmente nos arredores do Porto. Surgem assim, os típicos corações de filigrana, alguns com grandes dimensões, os crucifixos, as cruzes de Malta, as arrecadas, os colares de conta, os brincos de fuso ou à rainha. Todo esse ouro filigranado é, não só um ornamento, como uma capitalização certa e segura de economia caseira, essencialmente rural.
A filigrana passa a encarnar o lamento de quem ocupou durante séculos o pedestal de gloria, para depois, numa idade mais avançada, se ver destronada, desprezada. Acusam-na de uma arte menor.
A tecnologia própria à filigrana abrange uma memória e um espaço sociais, isto porque cada técnica vai fixar-se num centro geográfico, numa época que permite tirar o máximo partido das riquezas dos processos e, em simultâneo, realizar uma difusão progressiva dos produtos.
Toda a filigrana portuguesa e consequentemente, a de Gondomar, se desenvolve de uma forma tradicionalista. Por isso, a forma, o modelo, a decoração, pouco tem variado desde há séculos relativamente à sua técnica.
1 comentário:
Filigrana foi utilizada pelo povo Etrusco
Enviar um comentário