segunda-feira, outubro 13, 2014

AS ALGIBEIRAS NO TRAJE POPULAR III – ESTREMADURA, BAIXO VOUGA, ALENTEJO E ALGARVE

Este artigo é a continuação da abordagem a este tema iniciado em AS ALGIBEIRAS NO TRAJE POPULAR I – MINHO e AS ALGIBEIRAS NO TRAJE POPULAR II – DOURO LITORAL E TRÁS-OS-MONTES, passando a apresentar exemplares provenientes das coleções do Museu Dr. Joaquim Manso e do Museu Nacional de Etnologia.

MUSEU DR. JOAQUIM MANSO

Autor: Celeste Lúcio dos Santos
Datação: XX d.C.
Matéria: Tecido de algodão e várias outras fibras
Dimensões (cm): altura: 32; largura: 20;12;
Descrição: Bolsa de retalhos de diferentes cores e qualidades. De corte arredondado, com duas entradas na parte da frente. Na parte superior e de cada lado, leva um fitilho de algodão para cingir a cintura. A metade inferior é subcircular e tem a aparência de um vaso cintado de boca larga. É debruada a toda a volta por uma tira de tecido florido
Proveniência: Nazaré.
Origem: Este objeto, que fazia parte da indumentária da Nazarena e ainda em uso sobretudo nas mulheres de mais idade, tem vindo a ser substituído pelos vulgares porta-moedas. A algibeira não constituía um elemento decorativo, ao contrário do que acontecia no norte do país, mas antes utilitário. Para uma maior segurança era resguardada sob a "saia de cima", junto à abertura da mesma, sempre do lado direito e fixada à "saia de baixo" por um alfinete de dama. Este objeto, de grande importância para a mulher Nazarena transportar o dinheiro que necessitava no seu quotidiano ou até as suas economias ou "papéis de valor", continha, muitas vezes, um amuleto (conhecido por "Breve") como forma de proteção e ou superstição religiosa.



 
 Datação: XX d.C.
Matéria: Tecido de algodão e fibras sintéticas (terylene)
Dimensões (cm): altura: 36; largura: 21,5;
Descrição: Bolsa para guardar dinheiro feita de tecido de cor preta por se tratar de viúva. De corte arredondado, tem duas entradas na frente e uma atrás, sendo esta de cor castanha. Na parte superior e de cada lado leva um fitilho de algodão para cingir à cintura. É debruada a toda a volta por uma tira de tecido também de cor preta.
Incorporação: Doação - D. Deolinda Xalabardo Meca
Proveniência: Nazaré.

  
Datação: 2008 d.C.
Matéria: Tecido de lã (escocês) e algodão
Dimensões (cm): altura: 34,5; largura: 20,5;
Descrição: Bolsa para guardar o dinheiro feita de retalhos de diferentes cores, sendo as predominantes vermelho e castanho. De corte arredondado, tem duas entradas à frente e uma atrás. Na parte superior e de cada lado, leva uma fita de lã fina para cingir a cintura. É debruada a toda a volta por um fitilho de algodão azul-escuro.
Incorporação: Compra - Adquirido a Casa Crispim - Nazaré

 
 
 
MUSEU NACIONAL DE ETNOLOGIA

Datação: XIX d.C. - XX d.C.
Matéria: Tecido (lã); Tecido; Escocês (algodão?)
Dimensões (cm): altura: 28,5; largura: 17,5;
Descrição: Algibeira periforme, de tafetá de lã de cor rosa à frente e tecido de padrões geométricos atrás. É debruada, a toda a volta, por uma fita de escocês de algodão (?). A decoração frontal consiste numa cercadura em ziguezague, a qual segue, aproximadamente, os limites da algibeira. O ziguezague é executado a linha de cor vermelha. É ornado nos seus vértices exteriores por pequenos pontos de lã de cor amarela e, nos seus vértices interiores, por pequenos pontos de lã de cor azul escura. No centro da cercadura, em baixo, a meio, apresenta espécie de cálice de cor azul escura, de duas asas e de base triangular de cor amarela. A ladeá-lo, dois "X" executados a lã de cor vermelha. Do cálice brota uma flor, orientada no sentido longitudinal, cujo caule é executado a lã de cor vermelha e as pétalas, a lã de cor verde. Deste caule central brotam, diagonalmente, quatro outras flores (duas de cada lado): as inferiores, de caule executado a lã de cor verde a pétalas a lã de cor amarela; as duas superiores de caule executado a lã de cor amarela e pétalas a lã de cor azul escura. As pétalas da flor central são ladeadas por iniciais, uma de cada lado: do lado esquerdo, um "C"; do lado direito, espécie de "B". A ladear a abertura da algibeira, em sentido longitudinal, dentro da cercadura, acima das iniciais, uma linha em ziguezague, executada a lã de cor verde. O tecido que forra o interior da abertura da algibeira apresenta uma espécie de reticulado de cor rosa sobre o qual se dispõem barras delgadas transversais de cor rosa, acompanhadas a todo o comprimento por pequenos quadrados de cor vermelha, alternadas com barras delgadas formadas por três linhas intermitentes: verdes as exteriores e vermelha a interior. O tecido de trás da algibeira é do mesmo tipo do forro da abertura.
Proveniência: Alcobaça / Turquel

 
Datação: XIX d.C. - XX d.C.
Matéria: Riscado (algodão?); Tecido
Dimensões (cm): altura: 29; largura: 17,5;
Descrição: Algibeira periforme, de riscado de algodão (?) de cor preta na frente e tecido de cor cinzenta atrás. É debruada a toda a volta por uma fita de algodão de cor preta, que, na aresta superior, se prolonga para ambos os lados. A meio da altura apresenta, espaçados entre si, dois bolsos, de forro de tecido de cor cinzenta, debruados, em cima e em baixo do corte da abertura, por fita de algodão de cor preta. Ao centro, apresenta motivo hastiforme de tecido de cor azul debruado a fita de algodão de cor preta. Tal motivo é constituído por duas partes: é cortado a meio pelo bolso inferior e corta a meio, por sua vez, o bolso superior, sobrepondo-se-lhe, de baixo para cima, como uma pataleta. A parte inferior do motivo, a correspondente à pala do bolso inferior, tem, como elemento decorativo, uma costura executada a linha de cor preta, a qual segue, interiormente, os contornos da forma onde está inscrita. Na parte de trás, a algibeira apresenta um bolso ligeiramente deslocado do centro para cima.
Proveniência: Aveiro / Murtosa


Datação: XIX d.C. - XX d.C.
Matéria: Tecido (lã); Veludo (seda?); Flanela (lã); Lã
Dimensões (cm): altura: 31; largura: 18,5;
Descrição: Algibeira de formato periforme, com a parte da frente em tecido de lã de cor preta, e parte de trás em flanela industrial de três tipos: o de cima, de fundo vermelho, é estampado com motivos fitográficos estilizados de cor preta; o do meio apresenta um fundo de cor castanha estampado com motivos geométricos de cor laranja dispostos segundo um reticulado diagonal; no inferior, semelhante ao anterior, os motivos geométricos são de cor rosa. Entre a flanela superior e a do meio, abre-se um bolso transversal, da largura da algibeira. Todas as orlas da algibeira são debruadas por uma fita de cor preta. Na extremidade superior, tal fita estende-se para além dos limites laterais da algibeira, caindo livremente. No restante perímetro, a fita é adornada com uma linha de ponto espiga executado a fio de lã de cor amarela. A meio da altura, a algibeira apresenta uma abertura transversal. Acima e abaixo dela estão aplicados, simetricamente, dois retalhos triangulares, em veludo de seda (?) de cor castanha. As orlas dos retalhos são também adornadas com ponto espiga. No vértice superior e inferior, respetivamente, apresentam ainda uma espécie de flor / estrela bordada a fio de lã de cor amarela. Na parte inferior da algibeira, com o mesmo fio, estão bordadas as iniciais "B. R."
Proveniência: Évora / Estremoz

 
 
Datação: XIX d.C. - XX d.C.
Matéria: Tecido (algodão); Chita (algodão); Veludo (seda?); Renda (algodão); Lã
Dimensões (cm): altura: 24; largura: 17;
Descrição: Algibeira cordiforme com a parte da frente em tecido de algodão (?) de cor branca, e parte de trás em chita do mesmo material, de cor vermelha, estampada com motivos fitográficos de cor branca. À frente, na metade superior, surge a boca de um bolso, em forma de raia. Tanto as orlas da boca, como as da algibeira são debruadas por uma fita em veludo de seda (?) de tom esverdeado. Nos vértices superiores, tal fita prolonga-se, caindo livremente. Sobre o tecido de algodão (?) que constitui a frente da algibeira, surge um forro em renda de croché de cor castanha, formando um reticulado ortogonal. Nele estão bordados motivos ilegíveis, executados a fio de lã de cor branca, rosa, amarela e verde. Um desses motivos, abaixo da boca do bolso, aparente ser um coração de cor rosa e branca, contornado por ramificações nas cores atrás referidas.
Proveniência: Évora / Estremoz


Datação: XIX d.C. - XX d.C.
Matéria: Tecido (lã); Chita (algodão); Sarja (algodão); Lã
Dimensões (cm): altura: 27; largura: 16;
Descrição: Algibeira com o formato de um retângulo de vértices inferiores arredondados. A parte da frente é em tecido de lã de cor preta. A parte de trás é forrada no mesmo tecido e, na extremidade inferior, a sarja de algodão da mesma cor. Todas as orlas da algibeira são debruadas por uma fita de lã de cor azul. Nos vértices superiores está aplicada uma fita semelhante, que se estende caindo livremente. Ao centro, surge a boca arqueada de um bolso interior. A sua orla é também debruada com uma fita de lã de cor azul. Interiormente, o bolso é forrado a chita de algodão de tom amarelado, estampada com motivos florais de cor roxa, branca e rosa. À frente, a algibeira apresenta bordados executados a fio de lã de cor verde, vermelha, azul, amarela, branca, rosa, laranja e roxo. Acima da boca do bolso, os bordados formam a inicial "D"; abaixo, formam um grande motivo foral.
Proveniência: Évora / Borba

 
 Datação: XIX d.C. - XX d.C.
Matéria: Flanela (lã); Tecido (lã); Tecido (lã, algodão?)
Dimensões (cm): altura: 27; largura: 20;
Descrição: Algibeira de formato trapezoidal, forrada, atrás e à frente, a flanela de lã de cor preta. As suas orlas são debruadas por uma fita de lã de cor azul. À frente, apresenta uma abertura triangular de arestas arqueadas. Na aresta inferior, está aplicado um retalho em tecido de lã de cor verde, listado, de espaço a espaço com três linhas longitudinais de "levantados" de cor preta. Este retalho apresenta uma forma simétrica à da abertura. Interiormente, a algibeira é forrada a tecido de lã e algodão (?) de cor branca e castanha, lavrado com listas transversais tracejadas nas mesmas cores, e bandas compostas por listas de cor branca, castanha e vermelha.
Proveniência: Loulé / Alte

 
Fonte:
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